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POLÍCIA
Cezar Alves, da Redação
19/07/2016 13:01
Atualizado
14/12/2018 02:58

Pedreiro acusado de matar com tiro de doze o menino Leo Jackson pega 32 anos

Cláudio Clemente, que está preso em Natal, também matou na mesma ocasião o adolescente Marcelo Augusto e tentou contra a vida do também adolescente Daniel Faustino, que era o alvo da vingança
Cezar Alves

A sociedade mossoroense condenou o pedreiro Cláudio Clemente Araújo de Medeiros (48), a 32 anos de prisão, por ter matado, com tiro de doze, Leo Jackson Fernandes da Silva, de 2 anos (foto à esquerda), no dia 9 de novembro de 2013, no bairro Planalto 13 de Maio, em Mossoró/RN.

Com o mesmo tiro que matou Leo Jackson, Cláudio Clemente também matou o adolescente Marcelo Augusto Nascimento Silva, de 16 anos, e tentou matar o também adolescente Daniel Moura Faustino, de 17 anos, que seria o alvo de sua vingança.

O julgamento aconteceu no Fórum Municipal Desembargador Silveira Martins neste dia 19 de julho de 2016. Os trabalhos foram presididos pelo juiz Vagnos Kelly Figueiredo de Medeiros. O promotor Armando Lúcio Ribeiro fez acusação do réu no plenário.

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Para o promotor, a atitude do réu foi "insana, irresponsável e criminosa"

Já o advogado José Niécio Roldão atuou na defesa. O Conselho de Sentença foi formado por 5 homens e duas mulheres (nomes preservados). O réu não compareceu ao plenário. Os familiares das vítimas ocuparam as cadeiras do plenário. Já da família do réu Claudio Clemente, que está preso em Natal, esteve presente apenas um tio.

O novo delegado-geral da Policia Civil do Rio Grande do Norte, José Cleiton Pinho de Sousa, que investigou o caso em 2013, 2014 até prender o suspeito em 2015, acompanhou o júri. “Precisava acompanhar de perto o desfecho final deste caso, que me chocou muito e deixou a sociedade revoltada”, explica Cleiton Pinho de Sousa, acrescentando que a descrição do pai da criança Leo Jackson pedindo para não deixar o filho morrer, não lhe sai da cabeça.  

O motivo do duplo homicídio e da tentativa de homicídio, segundo o próprio réu Claudio Clemente, que aguarda julgamento preso na zona sul de Natal, confessado ao então delegado da Homicídios de Mossoró, Cleiton Pinho, foi o fato de que Daniel Faustino teria “carregado” a filha do réu, de 11 anos e passado a noite com ela.

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Acusado de matar menino de 2 anos com tiro de doze não compareceu ao júri

Revoltado com o fato, Cláudio Clemente pediu o Fiesta preto emprestado ao irmão Cleiton Medeiros, em Campo Grande, dizendo que ia se mudar do bairro Planalto 13 de Maio, onde morava. De fato, no dia do crime, ele tirou a família de Mossoró e foi deixar em Assú.

Entretanto, em seguida Clemente retornou a Mossoró, e já armado de doze, na companhia de outras duas pessoas, passou a procurar Daniel Faustino para matá-lo. Teve várias testemunhas relatando este fato. O encontrou numa festa de aniversário e fez o disparo com a doze.

“A descarga de balins feita por Cláudio Clemente com uma espingarda doze se espalhou, acertando três pessoas próximas. Marcelo Augusto e Leo Jackson foram atingidos na cabeça e, apesar dos esforços dos médicos, não resistiram aos ferimentos.

Já o alvo do disparo, no caso Daniel Faustino (atualmente se encontra preso por ter matado uma pessoa com tiro de doze há poucas semanas, no bairro Malvinas), saiu baleado e sobreviveu. Conseguiu fugir do local do crime e depois pedir socorro no hospital.

Isto foi o que foi destacado pelo promotor de Justiça Armando Lúcio Ribeiro, que classificou a atitude de Cláudio Clemente como “insana, irresponsável e criminosa”. Para o promotor de Justiça, ao efetuar o disparo, Cláudio Clemente assumiu o risco de matar várias pessoas.

“Somos uma sociedade hipócrita, que queremos consertar as coisas de acordo com as nossas conveniências”, dispara o promotor Armando Lúcio, em VÍDEO (abaixo), ao comentar a atitude de Cláudio Clemente em se vingar de Daniel Faustino atirando em várias pessoas.

Defesa de Cláudio Clemente

Coube ao advogado José Niécio Roldão defender os interesses do réu Cláudio Clemente no plenário do Tribunal do Júri. O primeiro ato do advogado foi orientá-lo a não comparecer o julgamento, conforme previsto em lei. Segundo ele, isto por uma questão de segurança.

O segundo passo foi trabalhar no plenário para desconstruir a acusação do promotor Armando Lúcio Ribeiro. Destacou que o depoimento/confissão tomado na delegacia ano passado, em Natal, quando Cláudio Clemente foi preso, foi com ausência de um advogado e sob coação.

Acrescentou que no processo não havia provas que incriminasse o seu cliente. Destacou que se trata de um cidadão que trabalhou a vida toda e nunca se envolveu em nada errado e que não havia razão para matar Daniel Faustino.

Exibiu aos jurados o vídeo onde Cláudio Clemente, ao contrário do que falou na polícia em 2015, negou autoria do crime. Disse que não conhecia as vítimas, mas depois admitiu que sabia que Daniel Faustino havia carregado sua filha de 11 anos para o mato.

Decisão do Tribunal do Júri

Ao final dos debates, o Conselho de Sentença foi convocado à Sala Secreta, onde optou por condenar o réu nos quesitos propostos pelo promotor de Justiça Armando Lúcio Ribeiro.

Diante do que foi decidido, coube ao juiz Vagnos Kelly fazer a leitura da sentença. Veja VÍDEO.

O que diz o advogado de defesa, o promotor, o delegado, o juiz e a família

"Vamos recorrer", diz advogado


Diante do que foi decidido pelo Conselho de Sentença, o advogado de defesa José Niécio Roldão disse que vai recorrer da decisão ao Tribunal de Justiça. Segundo ele, a condenação foi injusta. Ele vai pedir a anulação e um possível outro julgamento, alegando ausência de provas que incrimine Claudio Clemente do duplo homicidio e da tentativa de homicídio. Segundo ele, motivo havia, mas não havia razão.

Sentença justa, diz o promotor

Já o promotor de Justiça Armando Lúcio Ribeiro disse que o resultado do júri atendeu ao seu pleito, ao pleito da família e da sociedade. Para ele, o Ministério Público Estadual conseguiu atingir o objetivo no processo com a condenação de 32 anos do réu.

“Aguarda os recursos”, afirma o juiz

Já o juiz Vagnos Kelly Figueiredo de Medeiros, que presidiu os trabalhos, falou que agora vai aguardar a chegada a peça do advogado de defesa Niécio Roldão recorrendo da decisão do Tribunal do Júri Popular e, caso assim seja necessário, remete o processo ao Tribunal de Justiça do Estado para que lá se confirme ou anule a decisão.

“Foi pouco”, diz a família das vítimas

Já as famílias de Leo Jackson e Marcelo Augusto afirmaram que a sentença de 32 anos de prisão para Claudio Clemente, diante do que ele fez, foi pouco. Entretanto, ressaltaram que se assim previu a Justiça não há o que se discutir.

“O trabalho coroado com êxito”, diz o delegado que investigou o caso

O novo delegado-geral da Policia Civil no Rio Grande do Norte acompanhou pessoalmente todo o julgamento de Cláudio Clemente no Fórum Municipal Desembargador Silveira Martins. Cleiton Pinho de Sousa era o delegado da Delegacia de Homicídios em 2013 e trabalhou na investigação até a prisão do suspeito em 2015, disse que a condenação do réu a 32 anos de prisão foi a coroação de um trabalho árduo da Policia Civil e do Ministério Público do RN.

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