19 ABR 2024 | ATUALIZADO 15:38
Retratos do Oeste
15/04/2016 05:54
Atualizado
14/12/2018 06:56

Os ricos querem o Brasil de volta

Luta de classe pelo governo brasileiro

Na campanha de 2014, o então candidato a presidente Aécio Neves, do PSDB, incentivou a intolerância e o ódio. Perdeu a eleição para o executivo, mas se tornaram muitos no Congresso Nacional, tanto na Câmara como no Senado Federal.

Veio a crise econômica mundial, que o Brasil estava resistindo a duras penas desde 2009, finalmente começou a arrochar, principalmente porque o Governo Federal manteve os gastos em 2015 e não havia previsão de arrecadação para cobri-los.

O preço do barril de petróleo levou o valor de mercado da Petrobras a um patamar absurdamente baixo. O barril era acima de 100 dólares na Bolsa da Nova Iorque e ficou na casa dos 30 dólares, 18 dólares a menos do que o custo de extração do pre sal no Brasil.

A Lava Jato ganhou contornos e direcionamentos. Os membros do partido do governo passaram a condição de alvos do juiz Sério Moro e dos promotores que atuam na Lava Jato. Os outros partidos, por mais corruptos que fosse, como é o caso do PMDB, ficaram de lado.

A imprensa, que ainda não havia digerido a derrota dos conservadores para o executivo em 2014, mas que estava eufórica com a vitória no Congresso, passou a dá 10 páginas para mostrar os membros do governo enrolado na Lava Jato e uma ou duas aos demais da ala conservadora.

Os membros do PMDB assumiram o controle do Congresso. Renan Calheiros no Senado e Eduardo Cunha na Câmara dos Deputados, apesar de os dois serem alvos de sérias acusações em processos movidos pelo Procurador Geral Rodrigo Janot no Supremo Tribunal Federal.

As delações na Lava Jato levaram o líder do governo no Congresso, senador Delcídio Amaral, a prisão. Que também fez delação. Grandes empresários, como Marcelo Odebrecht, também fizeram. Enfim, chegaram ao ex-presidente Lula, através de um tríplex no Guarujá e um sítio em Atibaia.

Obviamente que os telefones foram grampeados. Lula foi conduzido coercitivamente, por determinação do juiz Sério federal Sérgio Moro (causando revolta dos seus eleitores), para prestar depoimento sobre o seu interesse de comprar o Triplex e suas visitas constantes ao sítio da Atibaia.

Depois Lula foi gravado conversando com Dilma e com outros ministros sobre a Lava Jato e inércia do STF. O juiz Sérgio Moro, ao invés de enviar o processo com os audios ao STF para que providências fossem tomadas na instância certa, chamou a imprensa e vazou os áudios.

Criou-se aí o cenário ideal para fechar a questão: ou seja, derrubar o governo Dilma, mesmo não havendo uma denúncia formal ou até mesmo uma simples investigação contra ela. Isto porque nas conversas, Lula lançou duras críticas ao Judiciário devido aos vazamentos.

O juiz Sérgio Moro conduz a Lava Jato fazendo um espetáculo, que os especialistas em mídia entendem como uma forma de condenar publicamente o investigado para quando chegar ao dia do julgamento não ter como ser diferente. Até agora, está dando certo. As sentenças estão saindo.

Os pedidos de impeachment na Câmara dos Deputados começaram a chegar, um atrás do outro. Até o ator pornô Alexandre Frota ingressou um. E estava lá exatamente Eduardo Cunha para recebe-los, mesmo a fundamentação sendo fraca. Depois de muitas manobras, Eduardo Cunha montou a comissão para analisar os pedidos.

Foi onde se percebeu outro detalhe até então apenas cogitado. O grande interesse em derrubar Dilma Rousseff do governo era exatamente dos deputados e senadores denunciados por corrupção, inclusive aqueles citados na Lava Jato por terem recebido propina. Congressistas na iminência de terminar na prisão.

O deputado Jean Wyllys, em video, explica melhor.

Para o PMDB, estava montado o cenário perfeito para derrubar o governo Dilma e assumir o poder. Eduardo Cunha levou a diante o Impeachment e Michel Temer, vice-presidente, tratava nos bastidores para conseguir os votos suficientes a favor do impeachment. Está dando certo.

A certeza do PMDB que vai ficar no comando do governo federal está na linha sucessória. Temer, seguido de Eduardo Cunha e Renan Calheiros. Todos do PMDB, que tratou de enfraquecer o governo deixando-o. Apesar de ter alto índice de rejeição, acreditam que vão superar a crise financeira e política no País.

A atual situação é o Governo, através do ministro José Eduardo Cardoso, da Advocacia Geral da União, se contornando para evitar o impeachment da presidente Dilma Rousseff. Não deu certo no Comissão da Câmara e nem no STF, apesar das explicações claras de que o pedido não deve prosperar por falta de provas.

Esta defesa no plenário já foi nesta sexta, 15.

Eduardo Cunha coloca o pedido de impeachment domingo, dia 17, em votação na Câmara para que seja televisionado. Nas ruas, o povo está dividido entre quem apoia o impeachment e quem é contra. Existem manifestações nos dois sentidos. Internamente, o clima é de guerra.

A possibilidade de Dilma Rousseff ser deposta do governo revelou um quadro um tanto preocupante entre os brasileiros: do lado que quer a derrubada do governo estão os neoliberalistas (ricos) e do outro lado estão os progressistas (pobres). Uma briga de classe. Eles e nós dividiu o Brasil.

A briga de classe, que, ao que tudo indica, a ala rica não digeriu a derrota nas urnas em 2014, vê a possibilidade de perder de novo em 2018 para Lula, e reagiram apoiando o impeachment e o fazem com apoio total da mídia celetista. Contam ainda com os evangélicos puxados pelo discurso raivoso do pastor Silas Malafaia.

Do outro lado, está a classe trabalhadora, mesmo que alguns sejam bem financeiramente, que quer e defende a continuidade do governo pelos programas sociais e o formato de gestão, onde as políticas públicas são em benefícios dos pequenos produtores e não só dos grandes empresários. Também se destaca o fortalecimento das universidades federais e também os institutos técnicos no País.

Os ricos querem o Brasil de volta e como acreditam que democraticamente não vão consegui, partiram para o golpe.

Notas

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