Ser preso uma vez, duas vezes e até três vezes por um mesmo crime já seria mais do que suficiente para uma pessoa mesmo sem instrução saber que tal atividade é crime.
Não é o caso de Jonas Pedro de Moura, de 60 anos, residente na Rua João Cordeiro, zona norte de Mossoró, que já foi preso 16 vezes por contrabando de cigarro do Paraguai.
Nesta segunda-feira, 22, numa blits de rotina, a Polícia Estadual de Trânsito prendeu Jonas Pedro dirigindo uma Meriva preta cheia de cigarros contrabandeados no bairro Santo Antônio.
Os policiais revistaram o veículo e encontraram um revólver calibre 38. Deram voz de prisão e receberam a proposta para liberta-lo mediante R$ 2 mil de suborno.
A equipe de policiais militares comandada por Paulo Sérgio dos Santos, sargento PM, aguardou Jonas Pedro pegar o dinheiro do suborno e novamente deu voz de prisão no suspeito.
Quando já estavam conduzindo-o para a Delegacia, o próprio Jonas Pedro e o assistente passaram a comentar que havia mais cigarros em casa. Os policiais foram lá revistar a casa.
Ao todo foram apreendidos mais de 100 caixas de cigarro na casa de João Pedro na rua João Cordeiro, sendo que mais de 70% contrabandeados e o restante da Souza Cruz.
“Só da Souza Cruz são R$ 46 mil. Este outro aí passa de R$ 100 mil”, diz Jonas Pedro. Quando perguntado sobre a prisão em flagrante, Jonas Pedro se queixou: “uma besteirinha desta”.
MOSSORO HOJE conversou com Jonas Pedro sobre a prisão na Delegacia da Polícia Federal. Ele admitiu a propriedade da arma, do cigarro, mas negou que a tentativa de suborno.
Antes de falar propriamente sobre o suborno aos policiais para não o prender, Jonas Pedro disse que vende cigarros contrabandeado em Mossoró e região há mais de 40 anos.
Contou que já foi assaltado pelo menos 40 vezes, sendo que numa destas sofreu um tiro que quase lhe tirou a vida. “Quase pega no meu coração”, diz Jonas Pedro.
Sobre as prisões, admite que há pelo menos 20 anos é preso por vender cigarro contrabandeado. Se diz injustiçado e que o sistema não favorece quem trabalha.
Relatou que vendendo cigarro da Sousa Cruz ganha no máximo 1% do que consegue vender e no caso do cigarro contrabandeado o lucro chega a 10% do valor.
Quando perguntado se vai parar de vender cigarro contrabandeado, Jonas Pedro preferiu dizer que é um trabalhador e que nunca a Polícia prendeu as pessoas que lhe assaltaram.
Quando informado que vender cigarro contrabandeado era crime, Jonas Pedro votou a afirmar que isto é “besteira”. Que o que importa é o esforço para ganhar o sustento da família.
Jonas Pedro contou que tem cinco filhos, sendo que três portadoras de necessidades especiais. A filha de 35 anos faleceu há duas semanas.
O delegado da Polícia Federal Breno Rodrigo de Morais confirmou a autuação em flagrante por corrupção, porte ilegal de arma e por contrabando em desfavor de Jonas Pedro.