09 MAR 2025 | ATUALIZADO 14:35
POLÍCIA
Da redação
25/01/2018 07:50
Atualizado
14/12/2018 06:53

Preso do CDP de Apodi lê 24 livros e consegue fazer 539,84 pontos na prova do ENEM

Eider Filho, de 32 anos, que está cumprindo pena de 5 anos e 3 meses por tráfico de drogas desde 2016, quer ingressar no curso de Educação Física e se não der certo, como segunda opção, em Turismo
O natalense Eider Luiz de Medeiros Filho, de 31 anos, preso na Operação Telegrama em 2016 (vendia ecstasy e entreva pelos Correios), está entre os milhares de brasileiros qeu conseguiram média na prova Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) e nesta quinta-feira, 25, vai fazer sua inscrição no SISU.

Eider Filho, que é condenado a 5 anos e 3 meses (tráfico), obteve conseguiu 2.699,2, que dividido por 5 ficou com nota final de 539,84, o que é suficiente para ingressar em alguns cursos do ensino superior pelo País. Para que isto aconteça, no entanto, vai precisar de autorização judicial, o qual seu advogado já deve está providenciando.

A informação foi confirmada pelo diretor Márcio Morais, do Centro de Detenção Provisório, de Apodi, onde ele se encontra preso buscando, com estudos e trabalho, a reintegração social. "Eider Luiz é considerado um preso de ótimo comportamento e determinado em reconquistar a confiança da sociedade", diz Márcio Morais.

"É com grande satisfação para todos nós aqui, do Centro de Detenção Provisória de Apodi, que recebemos a informação que um dos nossos detentos obteve uma boa nota no Enem, hoje ele vai fazer a inscrição no SiSu e buscar autorização do Judiciário para ingressar no ensino superior", informa acrescenta Mário Morais.
 
"O interno Eider Filho está preso há quase 2 anos. Isso prova que os nossos projetos de ressocialização e as oportunidades que oferecemos aos internos em nossos projetos sociais têm obtido resultados positivos", diz o diretor Márcio Morais, que quer que o caso sirva de exemplo para outros detentos seguirem.

Eider Filho quer ingressar em Educação Física e, como segunda opção, vai optar por Turismo. Quer cursar na Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN). "Eu me identifico com o curso de Educação Fisica e gosto muito de Turismo. Vou tentar o primeiro, não dando certo, tento no segundo", diz Eider Filho.

No CDP em Apodi, Eider Filho faz parte de outros dois projetos de reintegração social: O primeiro é Valendo a liberdade, através do qual ler livros, faz resumo para a Juíza da Vara de Execuções Penais avaliar e, no caso de está de acordo, reduz 4 dias na pena. Neste projeto, Eider Filho já leu 24 livros.

O MOSSORO HOJE conversou com preso: "São historias de incentivo pessoal. Alguns falam sobre a sociedade, textos educativos e que nos remete para uma reflexão do que somos e o que queremos ser. Alguns são romances, que nos ajuda a sonhar. No geral, são livros que ajudam a aumentar a auto estima", diz. 

"A Última Pedra, do bisco Formigone, que foi viciado em drogas e superou esta questão, em especial nos inspirou. Como já é sabido por todos, eu fui viciado em drogas. Foi o vicio que me levou para a prisão. Eu nunca assaltei ou matei e estou deterinado a pagar minha pena e sair limpo", diz o preso. 

O outro projeto é trabalha na limpeza do pavilhão, neste caso, Eider Filho trabalha 3 dias e ganha um de redução da pena. "Quando o preso está disposto, ele é colocado para trabalhar na limpeza de escola, do hospital e outras unidades públicas, em troca da redução da pena", diz Márcio.

O natalense Eider Filho é uma ilha num universo gigantesco no Brasil, onde existe mais de 700 mil presos, sendo que a grande maioria não tem se quer o ensino médio. Muitos são analfabetos e outros tantos mergulhados no mundo do crime, marcados pelas facções criminosas, sem a menor chances de acontecer reitegração social.

Em contato com MOSSORO HOJE, Márcio Morais reconhece que o sistema prisional no RN e no Brasil enfrenta sérios problemas estruturais. Explica que não é o caso de Apodi, pois existe um esforço conjunto do Estado, Ministério Público Estadual e Poder Judiciário para funcionar bem.

Na prática, delegados, advogados, juizes e promotores ouvidos pelo MOSSORO HOJE, apontam o CDP de Apodi como uma ilha no sistema prisional no Rio Grande do Norte no que se refere a reintegração social. 

"Buscamos dá oportunidade ao interno nos trabalhos de limpeza dos prédios prúblicos, como escolas, hospitais e o próprio CDP. Quando o interno sabe ler, incluimos ele no projeto de leitura, o "Valendo a liberdade, Pregando a Paz", e também existe a oportunidade de ingressar na Escolas de Jovens e Adultos e a fábrica de vassouras".

Parceria importante
Em Apodi, existe uma forte parceria entre Ministério Público Estadual, Justiça Estadual e a direção do CDP, no sentido de manter a estrutura funcionando conforme exige a Legislação Brasleira, garantindo assim ao interno estrutura mínima para cumprir a pena. O próprio CDP foi erguido através desta parceria, tornando-se CDP modelo em todo Rio Grande do Norte.

Notas

Publicidades

Outras Notícias

Deixe seu comentário