O Tribunal do Júri Popular volta a se reunir nesta terça-feira, 5, no Fórum Municipal Desembargador Silveira Martins, na zona leste de Mossoró-RN.
Será julgado Rafael Michael Oliveira de Freitas, o Branco, acusado de tentar matar um inimigo chamado Clebinho e como não conseguiu, matou o primo dele Isaú Soares Dantas.
O crime segundo o MP/RN
"No dia 03 de novembro de 2013, por volta de 17h30min, no "bar da goiaba", situado na Rua das Cajazeiras, Bairro Dom Jaime Câmara, nesta urbe, o ora denunciado Rafael Michael Oliveira de Freitas, conhecido por "Branco ou Galego", utilizando de arma de fogo, por motivo torpe, tentou matar a pessoa identificada nos autos apenas por "Clebinho", não assassinando a vítima por circunstancias alheias à sua vontade, já que a vítima conseguiu escapar dos projéteis disparados contra a mesma. Nas mesmas circunstancias de tempo e lugar acima informadas, também por motivo torpe, fazendo uso de sua arma de fogo, o denunciado Rafael Michael, matou a vítima Isaú Soares Dantas ".
A confissão do acusado
INTERROGATÓRIO RAFAEL MICHEL OLIVEIRA DE FREITAS
[JUIZ]: Foi o senhor quem matou o Isaú?
[ACUSADO]: Foi eu mesmo.
[JUIZ]: Por qual motivo?
[ACUSADO]: Legitima defesa, senhor. Esse "Clebinho" que tava aqui, tinha matado dois da minha família, aí vivia me ameaçando. Vivia dando carreira em mim, ele e o irmão dele quando estavam bêbados, aí eu soube que ele estava tomando uma num bar, aí disse que ia lá. Minha família tudo chorando que era um rapaz direito...
[JUIZ]: Seu primo?
[ACUSADO]: Sim, não tinha envolvimento com droga, pode puxar que tem lá a família dizendo tudo. Não tinha coragem de pegar eu e pegou da minha família, matou uma criança de quatorze anos e esse de quinze anos. Aí pronto, ficou com "rixa" nós. Aí eu fui pegar "Clebinho", matar ele. Aí ele correu, aí pegou o irmão dele saiu correndo atrás de mim, eu ia saindo já. Aí o irmão dele bebo já saiu correndo atrás de mim. Aí fiz assim com o revólver, dei um tiro para trás. Tava até negando o revólver.
[JUIZ]: Se o "Clebinho" correu ele te viu.
[ACUSADO]: Viu, é porque ele não quer dizer, né?
[JUIZ]: Você chegou a apontar o revólver ou atirar? Você disse que ele estava quebrando, batendo "catolé", é isso?
[ACUSADO]: O revólver não prestava não. Ele só prestou porque eu "escalei". Aí saí na multidão, não peguei o que eu queria, né? Aí o irmão dele correu atrás de mim com a mão na cintura, aí eu disse, ele vai matar eu, eu dei um tiro para trás.
[JUIZ]:Você chegou a tentar efetuar outros disparos nesse dia?
[ACUSADO]: Não, só um para trás. Legitima defesa mesmo. Aí no momento lá, ele pegou voltou, pegou o revólver do irmão dele que tava na cintura e saiu em busca de mim, na mesma moto do irmão dele.
[MP]: Aí você arrolou essas testemunhas para trazer aqui para a gente ver?
[ACUSADO]: As testemunhas eu posso arrumar, quem tava lá no local.
[MP]: Porque assim vai só adivinhando, né?
[ACUSADO]: Mas eu sei quem tava lá mais ele, quem não estava.
[MP]: E você estava com quem nesse dia lá?
[ACUSADO]: Eu estava sozinho.
[MP]: E esse "pau de fogo" você tinha a quanto tempo?
[ACUSADO]: Esse "pau de fogo"? Numa moto velha que troquei, já para me vingar.
[MP]: Quanto tempo que você tinha ele?
[ACUSADO]: Comprei no dia que ele matou meu primo. (...)
[JUIZ]: Essa inimizade é decorrente de quê?
[ACUSADO]: Meu primo falava com ele, fumava droga com ele, sei lá o que "diabo" era. Sei que tinha envolvimento mais eles, tomando cachaça. Eles chamaram para tomar uma cachaça e esse "Clebinho" era de maior e meu primo que ele matou era de menor, aí fizeram um roubo, sei lá, sei que estavam numa moto roubada e a polícia pegou eles. Aí você sabe, quem é de maior se lasca e quem é de menor a justiça libera, aí pegue cadeia nele.
[JUIZ]: Cadeia em quem?
[ACUSADO]: "Clebinho". Quando ele saiu agora no ano novo, pegou meu primo e deu altas "capacetada", quase matava meu primo, chega amassou a cabeça.
[JUIZ]: Aí o problema era porque seu primo não quis assumir a culpa.
[ACUSADO]: Assumiu, mas a justiça não liberou. (...)
O Julgamento Popular deve começar às 8h30, sob os cuidados do juiz Vagnos Kelly Figueiredo de Medeiros. O promotor de Justiça Carlos Henrique Happer Cox, de Assu, está inscrito para atuar na acusação do réu em plenário.
Já o defensor público Diego Melo da Fonseca está inscrito para fazer a defesa do réu. Luana Sobra e Fábio Vieira da Silva foram intimados como testemunha no processo. O réu, que está preso, deve comparecer ao júri.