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POLÍCIA
20/11/2019 17:29
Atualizado
20/11/2019 18:05

Juri absolve gari acusado de matar assassino do filho em Mossoró-RN

Ministério Público queria condenação por homicídio qualificado e a defesa mostrou que o réu não suportou o fato de a vítima ter matado seu filho, está em liberdade e ainda lhe ameaçando de morte
O advogado Diego Tobias de Castro Bezerra (em pé) e o colega Agacy Vieira de Melo Júnior trabalhando na defesa do réu Luis Justino, de camisa branca
Foto: Cezar Alves

O Tribunal do Júri Popular decidiu por absolver o gari Luis Justino da Silva, de 38 anos, do assassinato de Caio César Ferreira da Silva, crime este ocorrido num forró no dia 13 de dezembro de 2015, no Grande Alto São Manoel, em Mossoró-RN.

O Luis Justino foi sincero com os jurados. Ele é de fato um trabalhador, só vive de fazer o bem e cuidar da família e infelizmente neste caso foi movido pelo impulso. Não suportou as ameaças e insultos que partiam do assassino do filho", diz o advogado Diego Tobias, que atuou na instrução do processo e do julgamento no TJP.

O caso de Luis Justino foi mostrado em reportagem exibidas na Jornal da Redor e também publicada no site da BBC, de Londes. 

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Caso mostrado na BBC será julgado nesta quarta, em Mossoró

O julgamento, com a presidência da juíza Welma Maria Ferreira de Menezes, começou de 9 horas, com o sorteio dos sete membros do Conselho de Sentença, no Fórum Municipal Desembargador Silveira Martins, no bairro Costa e Silva.

Na defesa estava o advogado Diego Tobias de Castro Bezerra e o colega Agacy Vieira de Melo Júnior na acusação estava o promotor de justiça Hermínio Sousa Perez Junior, que já atuou em várias cidades da Região Oeste do Rio Grande do Norte.

Aberto os trabalhos, Simária Rodrigues, esposa do réu Luis Justino, prestou um depoimento emocionado. Lembrou que a vítima Caio César havia matado o filho dela, de apenas 14 anos, por motivo banal, no dia 24 de dezembro de 2009.

Simária Rodrigues destacou que Caio César, por este crime, pegou só 7 anos de prisão e ficou logo em regime semi aberto, voltando à rua, a levar o terror a sua família, com ameaças ao esposo dela, principalmente quando este saía para o trabalho.

Chorando muito, Simária Rodrigues disse que Caio César destruiu a vida da família dela no momento que atirou na cabeça do filho Victor e quando transformou em terror fazendo ameaças o marido dela.

Luis Justino sentou no banco dos réus, na frente da Juíza Welma Menezes e confessou o crime. Disse que não pensava em vingança, que comprou a arma no Vuco Vuco apenas porque a vítima lhe ameaçava quando saía para o trabalho.

Narrou que no dia do ocorrido, 13 de dezembro de 2015, exatamente 6 anos após o assassinato do filho Victor, ficou frente a frente com o assassino. Caio teria lhe dado um esbarrão e também feito sugesta com as mãos, como se fosse mata-lo.

Narrou que estava um pouco bêbado, foi em casa, pegou a arma e voltou no local e deu três tiros em Caio César. Um vigilante de rua o abordou e o prendeu.Ficou mais de dois meses na Cadeia Pública de Mossoró.

Nesta época, foi quando o advogado Diego Tobias entrou no caso. "Minha preocupação inicial era tira-lo de lá, um ambiente hostil, dominado por facções, que ia transformar um homem trabalhador no monstro perigoso", destaca o advogado.

 

Luis justino sentou no banco dos réus nesta quarta-feira, 20. O primeiro a falar foi o promotor de Justiça Hermínio Sousa Perez Junior. Ele sugeriu que o Conselho de Sentença votasse pela condenação por crime qualificado.

Explicou que Luis Justino agiu movido por desejo de vingança. Insistiu que a pena aplicada em Caio Cesar em 2011 teria sido a possível, diante do quadro que se encontrava o processo. Concluiu que os jurados deveria votar pela condenação.

O advogado Diego Tobias defendeu tese de que o réu deveria ser absolvido, considerando que o Estado havia falhado com quando não puniu adequadamente o assassino de Victor e quando não ofereceu ninguém ajuda psicobiológica a família.

Para Diego Tobias, o crime aconteceu no momento que o réu Luis Justino já não conseguiu suportar mais as ameaças que partiam do réu Caio César. "Justino via o sofrimento da mulher, do outro filho e não suportou", diz.

Tobias ressalta que se o Conselho de Sentença optar por punir Luis Justino com a prisão, estaria cometendo duas grandes injustiça, primeiro condenado um homem bom e segundo por está transformando um trabalhador em monstro na prisão.

"No mais, quando o assassino é um homem sem futuro, sem carater, um mal feitor, matar não é problema. Ele dorme tranquilamente. Mas matar para Luis Justino foi e é cruel. Ele não dorme direito, ele não vive direito, ele não sai de casa"

Concluído os debates no início da tarde, entre defesa e acusação, o Conselho de Sentença decidiu, em Sala Secreta, pela absolvição de Luis Justino do assassinato de Caio César. A sentença do TJP é soberana. 

Luis Justino saiu rápido do Fórum Municipal para não se atrasar no trabalho de gari. "O nosso escritório ficou feliz porque conseguiu que a justiça fosse feita, abrindo os olhos dos jurados para não mandar um homem bom para ser transformado em monstro na cadeia", finaliza.

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