Nesta quarta-feira, 20, a sociedade Mossoroense vai julgar o caso do gari que não suportou as ameaças do assassino do filho, seu vizinho, e o matou num forró.
A história do réu que será julgado pela sociedade mossoroense nesta quarta-feira foi destaque no Jornal de Record e também em reportagem da BBC de Londres.
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BBC de Londres mostrou o caso Luis Justino
Jornal da Record: Mossoró registra um assassinato por dia
Luis Justino da Silva, de 38 anos, casado, 3 filhos, sempre trabalhou. Já foi até piloto de máquinas pesadas e atualmente diz que é gari com muito orgulho nas ruas de Mossoró.
A história trágica do trabalhador começou no natal de 2009, quando Caio Cesar Ferreira da Silva matou o estudante Victor Leonardo Rodrigues Mendes, de 14 anos, filho de Luis Justino.
Caio Cesar matou o adolescente, quando este estava numa rede, porque acreditava que teria sido ele teria pintado o seu rosto quando estava dormindo, bêbado na rua.
O assassino foi levado a julgamento em 2011 e restou condenado a 7 anos de prisão, inicialmente em regime semi-aberto, conforme previsto em lei.
A sentença de Caico César foi branda porque não havia provas no processo. Todos na rua na favela do Pirrichil o temiam e não prestaram depoimento a Polícia e a Justiça.
De 2011 a 2015, a família de Luis Justino na região do Pirrichil, no Grande Alto São Manoel, passou a viver aterrorizados. Justino narra que temia ser morto a qualquer momento.
“Ele fazia sugesta, como se tivesse armado, fazia gestos mãos em forma de arma, ele dizia para povo que ia me matar. Eu saía para trabalhar sem saber se voltava”, narra Luis Justino.
No dia 13 de dezembro de 2015, depois de um dia pesado de trabalho, Luis Justino narra que foi a um forró e lá chegando encontrou o assassino do filho se divertindo.
Num primeiro momento, ele disse que Caio Cesar lhe deu um esbarrão, e ele interpretou como mais uma ameaça. Ele disse que foi em casa, pegou uma arma e voltou lá e deu 3 tiros.
Após o crime, Luis Justiça não fugiu. Foi detido por um vigilante de rua e entregue a Polícia Militar. Foi atuado em flagrante por homicídio e enviado a Cadeia Pública.
Na Cadeia, Luis Justino disse que sofreu muito, até que o advogado Diego Tobias analisou o caso dele e se sentiu na obrigação de ajudá-lo. “Precisava que se fosse feito justiça”, diz Diego.
Fora da prisão, Luis Justino disse que sofreu para conseguir emprego, mas como tinha boas amizades por onde já tinha trabalhado, conseguiu assumir o posto de garí.
“É um serviço que faço com muito gosto”, diz Luis Justino, mostrando as mãos calejadas.
Sobre o júri desta quarta-feira, Justino diz que espera que a Justiça veja com carinho a história dele.
“Sou homem e assumo que errei. Não suportei a situação e terminei cometendo um erro quando estava bêbado. Estou pronto para pagar. Seja o que Deus quiser”, diz.
O julgamento está previsto de começar às 8h30 desta quarta-feira, 20, sob a presidência da juíza Welma Menezes. O promotor de Justiça escalado para o caso é Hermínio Perez.
O advogado de defesa no Tribunal do Júri Popular é Diego Tobias. A previsão de conclusão do julgamento é meio dia, com o anúncio da decisão do Conselho de Sentença.