A Operação Cardume deflagrada pela Polícia Federal prendeu 26 pessoas na manhã desta terça-feira (29) no Ceará e Rio Grande do Norte, acusadas de tráfico internacional de drogas e assossiação criminosa.
Segundo a PF, cada um dos braços da organização, como o núcleo responsável pela lavagem de dinheiro e pelo transporte, movimentava cerca de R$1 milhão por mês.
Seis integrantes da organização chegaram a ser presos e compraram alvarás de soltura de desembargadores em Fortaleza. A droga era transportada do Ceará para Portugal dentro de garrafas de cachaça.
Pelo esquema, a pasta de cocaína era transportada da Bolívia ou Paraguai para o Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, em aeronaves. Depois, seguia em caminhões para o Ceará e Rio Grande Norte.
A partir do RN, a droga ia para Paraíba, Pernambuco e outros estados do Nordeste. Do Ceará, era transportada para Portugal, em garrafas, e Itália, segundo informações da Polícia Federal. “Era uma organização criminosa poderosa que adquiria armas. Cada núcleo movimentava cerca de R$ 1 milhão por mês"", disse o delegado Jandelyer Gomes.
Três laboratórios foram estourados ao longo das investigações, dois no Ceará e outro em uma casa de praia na cidade de Setúbal, em Portugal, onde foram encontradas 660 garrafas com rótulo de cachaça e um total de 50 kg de cocaína.
Operação e investigações
A Operação Cardume cumpriu 14 mandados de prisão preventiva (de um total de 15), 12 temporárias (do total de 13), 18 conduções coercitivas e bloqueou 118 contas de pessoas físicas e jurídicas em oitos estados.
Quinze veículos de luxo foram bloqueados. Foram realizados ainda quatro flagrantes por porte de arma de fogo e posse de produtos químicos para fabricação de cocaína e apreendida cerca de uma tonelada de fenacetina (produto usado para dar volume à cocaína). Cinco pessoas foram presas no Rio Grande do Norte e 21 no Ceará.
A investigação, iniciada em outubro de 2013, resultou, até o momento, na apreensão de mais de uma tonelada de cocaína, 21 quilos de maconha, 300 quilos de substâncias químicas utilizadas no processo de refino de cocaína, interdição de dois laboratórios e apreensão de R$ 500 mil.
Venda de sentenças
“Hoje a operação prendeu quem tinha dinheiro para pagar os desembargadores", disse o delegado Jandelyer Gomes. Três desembargadores do Tribunal de Justiça do Ceará são investigados pela venda de solturas. Um deles foi afastado. Seis traficantes da organização desmontada na operação Cardume pagaram R$ 150 mil, cada, para serem liberados durante plantões judiciários no Tribunal. Os desembargadores conheciam o esquema, segundo Gomes.