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EDUCAÇÃO
COM INFORMAÇÕES DO AGORA RN
23/12/2020 10:03
Atualizado
23/12/2020 10:04

Verba de R$ 1 milhão destinada à UFERSA é devolvida ao IFRN

O valor havia sido destinado pelo reitor Reitor Pro Tempore em Exercício, Ribeiro de Souza Filho, por meio de um Termo de Execução Descentralizada (TED), voltado a capacitação de servidores; O caso repercutiu negativamente, tanto pelo fato de o próprio IFRN possuir uma fundação própria que poderia realizar essa capacitação, quanto pelo documento ter sido assinado durante a madrugada e às véspera da nomeação do reitor eleito do instituto.
FOTO: REPRODUÇÃO

A Universidade Federal Rural do Semi-Árido (Ufersa) devolveu R$ 1 milhão ao Instituto Federal do Rio Grande do Norte, que haviam sido repassados pelo reitor temporário em exercício, Josué Moreira. A justificativa para o repasse foi que os recursos seriam aplicados no treinamento de pessoal.

O caso repercutiu negativamente, tanto pelo fato de o próprio IFRN possuir uma fundação própria que poderia realizar essa capacitação, quanto pelo documento ter sido assinado durante a madrugada e às véspera da nomeação do reitor eleito do instituto.

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A devolução aconteceu durante reunião realizada nesta terça-feira (22), com integrantes das duas unidades federais de ensino, de acordo com informação confirmada à reportagem do Agora RN pelo novo reitor do IFRN, José Arnóbio.

De acordo com ele, o dinheiro em questão é classificado como “recurso carimbado”, destinado à capacitação, e essa será a finalidade da verba recuperada.

Essa foi uma das primeiras atividades do professor, que deveria ter tomado posse como reitor de uma das maiores casas de educação do estado em 17 de abril.

A cerimônia, entretanto, aconteceu, de fato, na última segunda-feira (21), quatro dias após o presidente Jair Bolsonaro assinar o decreto que nomeia o candidato mais votado pela comunidade acadêmica e oito meses depois do previsto no calendário acadêmico de votação da instituição.

A transição de gestão, que não contou com a participação da equipe do “reitor interino”, professor Josué Moreira, que estava à frente da instituição desde abril, após nomeação do Ministério da Educação (MEC), trouxe à tona problemas administrativos que, segundo o reitor eleito, já eram de seu conhecimento.

Além do orçamento não aplicado nas demandas existentes no IFRN, informações com as atividades executadas e em desenvolvimento nas cinco pró-reitorias da instituição não foram repassadas para o novo reitor.

“Não tinha ninguém da gestão interventora quando tomamos posse. Vamos solicitar a cada uma das pró-reitorias as ações realizadas no período de oito meses, porque precisamos entender quais movimentos foram feitos. Até o momento, não tivemos acesso aos dados. A Pró-Reitoria de Ensino ficou durante um certo tempo bem negligenciada na instituição. Após levantamento de dados, viabilizado junto ao Pró-Reitor de Ensino, percebemos que vamos ter muitas dificuldades com esse ‘carro-chefe’ da instituição”, comenta.

Arnóbio relembra que mesmo Josué não sendo reconhecido no cargo por grande parcela da comunidade acadêmica, o reitor anterior, Wyllys Farkatt Tabosa, apresentou relatórios mostrando como estava a instituição, bem como as ações em andamento e o que era prioritário.

“A gente tem um plano de desenvolvimento institucional, que mostra as nossas ações a curto, médio e longo prazo, e nada disso foi respeitado”, revela.

Somado a este desafio, a realidade orçamentária do IFRN “gera preocupação”, especialmente neste fim de ano, época em que tradicionalmente a instituição presta contas à população dos investimentos realizados e dos resultados alçados, através de relatório anual encaminhado ao Tribunal de Contas da União (TCU).

“Todos os anos produzimos um relatório. Em 2020, ele vai ficar prejudicado, porque durante a gestão que ficou à frente da reitoria nesses oito meses não nos fornece as informações que precisamos. Esse é o grande problema. A gente vai ter muita dificuldade na elaboração do nosso relatório de gestão, que é um documento que serve como prestação de contas da instituição para sociedade. Esse cenário nos gera uma preocupação”, disse Arnóbio.

REVISÃO DO EDITAL

Após uma longa espera por parte de estudantes, docentes e sociedade em geral, foram divulgadas pela Pró-Reitoria de Ensino do Instituto Federal do Rio Grande do Norte (IFRN) três editais que somam 3.786 mil vagas em 31 cursos diferentes e ofertados por 20 dos campi do Instituto.

Os processos seletivos do IFRN para 2021 vêm em formato diferente dos últimos anos: o processo classificatório e eliminatório e o preenchimento das vagas serão realizados por meio de análise do Histórico Escolar de estudantes que se inscreverem, com as observâncias específicas de cada edital.

O reitor eleito destaca que a decisão por esse método de seleção não foi definida com a participação dos integrantes do IFRN, como é de praxe.

Ele esclarece que, apesar de ser uma medida compreensível diante do cenário pandêmico ainda vigente, o processo de analisar as notas dos alunos candidatos no 7° e 8° ano reforça as desigualdades existentes no sistema educacional brasileiro.

“Não há um sistema único de ensino com as ações hegemônicas nas instituições públicas e privadas. Não estou dizendo que em um período de pandemia, com tantos problemas, essa não poderia ser uma das soluções que teríamos tomado. Mas quero deixar claro que para isso acontecer, seria importante que houvesse mais diálogo, ao contrário do que foi feito. As pessoas não discutiram. É bem complicado implementar uma mudança brusca na instituição, sem ter dialogado com as pessoas que vivem o dia a dia institucional”, reflete.

Nesta quarta-feira (23), haverá uma reunião com as pró-reitorias para avaliar a validação da forma de ingresso para alunos na instituição. Segundo Arnóbio, uma das motivações para fazer essa revisão se deve às críticas recebidas por causa do formato.

SEM “PRO TEMPORE”

A primeira ação de Arnóbio como reitor foi nomear os diretores-gerais dos campi do Instituto, que estavam trabalhando com a de denominação de pro tempore durante a gestão de Josué.

Por meio dessa ação, o reitor eleito quer resgatar a estima institucional e fazer com que os integrantes da instituição se sintam motivados com o trabalho, pois “tirar a autonomia das universidades e dos institutos federais é muito nocivo”.

“O reitor sozinho não tem como administrar a instituição. As pessoas na ponta é que executam as ações sistêmicas propostas pela reitoria, professores, técnicos administrativos. Quando não se tem uma comunidade motivada, que teve seu direito ao voto negado, a gente tem um trabalhador e uma trabalhadora que vão trabalhar sem entusiasmo. Queremos restabelecer a democracia institucional e fazer com que as pessoas se sintam verdadeiramente responsáveis por todo processo”, encerra.


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