A partir do segundo semestre de 2020, o Governo de Bolsonaro perdeu forças nas votações na Câmara dos Deputados e também no Senado Federal. A CPI da covid19 fez acelerar este processo em 2021. Esta é a conclusão do levantamento feito pelo Observatório do Legislativo Brasileiro (OLB), do Instituto de Estudos Sociais e Políticos da Universidade do Rio de Janeiro.
A matéria está em O Globo, deste domingo.
O levantamento mostra que o distanciamento das orientações do governo no Senado, numa escala de 0 a 10, é 4,75, ou seja, maior do que na Câmara, que é de 6.77. A pesquisa leva em consideração a atuação parlamentar, o que torna natural o crescimento da reprovação do Governo Federal no Senado após a instalação da CPI covid19.
No Senado, o senador Jean Paul Prates, do PT-RN, se destaca entre aqueles que tem a menor taxa de orientação governista. Aparece com 0,2 numa escala de 0 a 10. O primeiro lugar fica com o senador Randolfo Rodrigues, da REDE-AP, que está com 0. Ou seja, os dois, não só evitam seguir as orientações do Governo Bolsonaro, como atuam contra.
Na outra ponta, seguindo cegamente as orientações do Governo Bolsonaro, estão os senadores Márcio Bittar (MDB-AC), com 10, e Flávio Bolsonaro (Patriota-RJ), com 9,5. O primeiro é do Centrão e o outro é filho do presidente Bolsonaro.
“Mantenho minha coerência política ao contrapropor teses e projetos na linha oposta ao que o atual governo prega ou defende. Por exemplo, acredito na força transformadora do Estado como realizador de Justiça Social e defensor da Soberania Nacional”, diz Jean Paul Prates.
“Não posso compactuar com um governo que mandou as pessoas para a rua na pandemia, falhou e tentou ganhar com a vacinação, dificultou o auxílio emergencial, distorce as políticas sociais e, ainda por cima, vende o controle das nossas empresas estratégicas nos deixando ao sabor das variações internacionais no combustível, na energia e até no direito à água. Trabalho dia e noite para explicar e lutar contra esses absurdos”, escreveu o senador Jean.
“Esse é o tipo de ranking que eu faço questão de aparecer. Não se trata apenas de ser do PT. A nossa atuação (Randolfe e eu) nas lideranças da oposição e da minoria, respectivamente, têm sido muito mais ativas (e efetivas) do que os dois anos precedentes”, explica o senador Potiguar, que estava no final de semana passado na região de Mossoró, acompanhando a governadora Fátima Bezerra entregando obras e anunciando investimentos.
“Isso é o resultado de uma oposição consistente (não apenas panfletária, ou de protesto) mas pragmática e agregadora das vozes discordantes - mesmo aquelas eventuais ou especificamente divergentes em seus partidos mais conservadores”, pontua o senador Jean.
O senador disse que “a gente ampliou a minoria e a oposição e passou a representar muito mais vozes dissidentes” do governo Bolsonaro, que navega numa maré perigosa, em função, principalmente, de seus atos durante o combate a pandemia do novo coronavirus.
Os efeitos desta batalha no Senado já podem ser vistos e comemorado. É o caso da votação da MP da Eletrobras, que estava com mais de “30 jabutis”, ou seja, trechos que ao ser colocada em prática a privatização da Eletrobrás, como quer o governo, iria encarecer a conta de energia do consumidor final. Neste caso, as atuações dos líderes de oposição conseguiram convencer PSD a apoiar a retirada dos “Jabutis” da MP, contrariando os interesses do Palácio do Planalto para a privatização da Eletrobras, uma das principais estatais do País.
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