A biomédica brasileira Jaqueline Góes de Jesus foi uma das cinco cientistas escolhidas pela empresa de brinquedos Mattel para receber uma versão da boneca Barbie como homenagem por seu trabalho na pesquisa sobre o coronavírus.
Ela coordenou a equipe que sequenciou o genoma do SARS-CoV-2 apenas 48 horas após a confirmação do primeiro caso de Covid-19 no Brasil.
O sequenciamento permitiu diferenciar o coronavírus que infectou o primeiro paciente brasileiro do genoma identificado em Wuhan, na China, onde a pandemia começou.
O trabalho ajudou a compreender a dispersão do vírus e identificar alterações genéticas que influenciam na sua evolução.
Com apenas 31 anos, a cientista já possui um histórico de peso na pesquisa biomédica. Antes de fazer parte do trabalho sobre o novo coronavírus, ela também participou da equipe que sequenciou o genoma do vírus da zika.
Natural de Salvador, filha de uma enfermeira e de um engenheiro civil, ela é atualmente pesquisadora bolsista da Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo), em nível de pós-doutorado, no Instituto de Medicina Tropical de São Paulo — Universidade de São Paulo (IMT-USP). Também desenvolve pesquisas na área de arboviroses emergentes.
"Enquanto cientista, mulher e negra, ser homenageada pela Barbie e me tornar um modelo para novas gerações é provar que através das oportunidades, o talento e inteligência podem alcançar e até gerar frutos positivos para uma nação", comenta Jaqueline.
"Crianças imaginam que podem ser o que quiserem, mas ver o que podem se tornar, ouvindo as trajetórias de outras pessoas e reconhecendo-se nelas faz toda a diferença", diz.
Além da biomédica, outras cinco cientistas também foram homenageadas com a boneca, entre elas a britânica Sarah Gilbert, que liderou a criação da vacina de Oxford/AstraZeneca.
“Espero que isso torne mais normal para as meninas pensarem em carreiras na ciência”, disse Gilbert em uma entrevista para a Mattel.
A enfermeira Amy O'Sullivan, que tratou o primeiro paciente com Covid-19 no Brooklyn, em Nova York, também recebeu a homenagem. Assim como a médica americana Audrey Cruz e a psiquiatra canadense Chika Stacy Oriuwa, que lutaram contra a discriminação e o preconceito na área da saúde. E também a médica australiana Kirby White, que co-criou um avental cirúrgico reutilizável para trabalhadores da linha de frente usarem durante a pandemia.
A boneca faz parte da linha "Mulheres Inspiradoras" e conta com apenas uma versão, entregue às homenageadas.