É interessante que estamos a um ano de comemorarmos os 200 anos da Independência do Brasil, quando Dom Pedro I (e não Pedro Álvares Cabral) separou o Brasil de Portugal. Ainda temos um desconhecimento imensurável da nossa História e nossas (tentativas de) Independências.
Bem antes de 7 de setembro de 1822, já em Minas Gerais, Bahia e no nordeste, onde nosso Rio Grande do Norte teve nomes que hoje nomeiam ruas, bairros, logradouros e não temos a mínima noção que até, deram a vida por uma Independência e até separação do restante do Reino Unido a Portugal e Algarves. Quando na Revolução Pernambucana (apesar que o Brasil nunca teve uma real revolução aos moldes da Francesa ou Russa), Padre Miguelinho foi morto e um membro da Oligarquia do nosso estado se colocou contra Portugal, agindo bem diferente das oligarquias mais recentes do nosso RN. André de Albuquerque Maranhão Arcoverde, que hoje nomeia a Praça onde praticamente Natal surgiu acabou sendo morto de forma nefasta, com requintes de crueldade. Tudo isso antes de 1822, foi no movimento em 1817.
O tal Grito do Ipiranga é outra mentira contada que nós acabamos incorporando como verdade. Primeiro que o quadro mais conhecido com os Dragões da Independência é uma piada e a primeira pessoa a governar o Brasil independente foi a Dona Leopoldina, isso em 2 de setembro. Como o esposo estava em viagem, alteraram a data para 7 de Setembro, quando ele foi informado. Pois é, o homem foi quase o último a saber.
Mas acham que é só isso? Ainda tivemos a Confederação do Equador, Guerra dos Farrapos, Sabinada, Balaiada, Malês, Cabanagem, Cabanos, Chico Congo e tantas outras revoltas populares e elitistas.
O tal "Já podeis, da Pátria filhos, ver contente a mãe gentil" é outra piada. Quase dois séculos depois, que "Mãe" é essa que ainda olha seus filhos passando fome e ignora, que negros, gays, mulheres e outros grupos são perseguidos e mortos. Não tivemos uma real Independência do Brasil ainda, temos até um Estado, porém falta termos uma Nação, nação esta que devia incluir a todos, sem exceção. Da Teoria a Prática, muito falta para todos nós!
Caldeirão, Canudos, as Revoltas da Chibata e tantas outras, mortes como a da travesti Dandara, o Índio Galdino, o feminicídio constantes e o genocídio de negros e pobres, nunca conseguiram uma real Independência. Só que não podem ser esquecidos.
E neste 7 de setembro de 2021, temos muitos que vão as ruas, uns que defendem o retorno até da Ditadura, tipo de governo que contrapõe as Liberdades, por sua vez também a Independência. Outros vão para que a dignidade humana seja respeitada. Direitos básicos como a subsistência alimentar, defendem políticas públicas diversas, que o povo não seja só povo, seja tratado e respeitado como cidadão.
As vezes nos parece que nada mudou do dia anterior ao 7 de setembro de 1822, as elites política e econômica pouco mudaram. Porém a esperança deve prevalecer e que os filhos não fujam a luta, luta, lutar por todos, sem excluir ninguém.
Tales Augusto é Professor/Historiador e mestrando em Ciências Sociais e Humanas pela UERN.