Marcado para 18 de Dezembro o lançamento do Documentário Messiânicos, de direção do jornalista Tárcio Araújo, da FM 95/TCM/Mossoró. A obra audiovisual narra evento religioso ocorrido na serra de João do Vale-RN no ano de 1899.
O acontecimento místico reuniu milhares de fiéis sertanejos em torno da pregação do beato Joaquim Ramalho, líder carismático e religioso que habitou a região em finais do século XIX, que quase transformou a região na divisa do RN com a Paraíba numa Canudos descrita em Os Sertões, por Euclides da Cunha.
O documentário tem duração de 23 minutos e sua narrativa traz depoimentos dos próprios moradores da localidade, através de memórias orais dos seus antepassados que vivenciaram o acontecimento. Escritores e estudiosos do assunto também participaram das gravações que ocorreram entre Maio e Agosto de 2020 na própria comunidade.
O documentário será lançado na própria serra de João Vale com a presença dos moradores e participantes do filme. Para 2022 a obra será exibida em festivais de cinema e vídeo, dentro e fora do Rio Grande do Norte.
O jornalista Tárcio Araujo conta que a intenção é difundir um episódio que segundo ele ainda é desconhecido pela historiografia potiguar ‘Guardada as devidas proporções, o evento liderado pelo Beato Joaquim Ramalho se assemelha no seu contexto histórico e social ao que ocorreu em Canudos e outras localidades durante o século XIX, quando o chamado messianismo dos sertanejos era uma das saídas para as mazelas do povo. É importante que as pessoas saibam que no Rio Grande do Norte houve messianismo sim. Isso não pode passar ao largo da nossa história’, Comenta.
O documentário terminou por revelar um tipo de messianismo híbrido, praticado pelo beato Joaquim Ramalho. A palavra messianismo geralmente é associado a uma pessoa especial, dotada de poderes de cura e que encaminha seus seguidores a um ambiente de paz e prosperidade.
Existe registro desde o início da era cristã que se pratica o messianismo, que é dividido pelos historiadores como Judaíco, Cristão, Português (Sebastianismo) entre outros. No caso de Joaquim Ramalho, a professora, mestre em história dos sertões, Vikelane Oliveira, da UFRN, mesclava conceitos do catolicismo e espiritismo.
A Serra de João do Vale ocupa uma área de 277 km2 entre os estados do Rio Grande do Norte e da Paraíba.
Trata-se de um maciço serrano localizado entre os municípios de Triunfo Potiguar, Jucurutu, Campo Grande e Belém do Brejo do Cruz na Paraíba.
Com altitude de 730 metros do nível do mar, a região tem clima ameno, mesmo em períodos de estiagem. Na região, moram aproximadamente 2 mil moradores.
O acesso a Serra de João do Vale pode ser por Jucurutu (19km) ou Triunfo Potiguar (17km) ainda em estradas de barro. Fica distante 275 km de Natal e 130 km de Mossoró.
O nome João do Vale vem de um de seus proprietários, o Capitão-mor João do Vale Bezerra, que comprou a propriedade num leilão em 1761.
A economia local ao longo deste tempo se desenvolveu na agricultura de sequeiro, consorciado com a produção de castanha de caju no segundo período do ano.
Mais recentemente começou o ecoturismo, atraído pelo clima frio (mesma altitude de Martins-RN) e também estudos para a produção de energia eólica.
FICHA TÉCNICA
Direção e roteiro - Tarcio Araújo
Imagens Adriano Pinheiro
Imagens e edição - Francinildo Silva
Finalização Deon Júnior
Apoio técnico Everton Maia