A Câmara dos Deputados aprovou nesta terça-feira (7) projeto de lei que determina às empresas do setor o envio à Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) de dados componentes dos preços de seus produtos, como o custo médio de produção de petróleo e gás natural. A proposta será enviada ao Senado.
O texto aprovado é um substitutivo do relator, deputado Arnaldo Jardim (Cidadania-SP), para o Projeto de Lei 3677/21, de autoria do deputado Reginaldo Lopes (PT-MG) e da bancada do PT.
De acordo com o texto, o envio de informações alcançará ainda os produtores de biocombustíveis e etanol. Já a ANP informará, mensalmente, pela internet, a composição dos preços médios ao consumidor nas capitais dos estados de cinco combustíveis: gasolina automotiva; óleo diesel; gás liquefeito de petróleo; querosene de aviação; e etanol hidratado.
Para o autor do projeto, a medida dará transparência à composição dos preços e provará a prática de lucros excessivos.
“Nós vamos comprovar, com a transparência, que o Brasil produz um barril de petróleo a 40 dólares no máximo, 60% mais barato do que o preço internacional. O resto é roubalheira!”, disse Reginaldo Lopes.
“Estamos sendo roubados por uma política de preços altos que protege as empresas importadoras”, afirmou.
Lopes culpou a dolarização dos preços dos combustíveis pelas altas recentes. "A Petrobras tem lucros exorbitantes e, com a dolarização, coloca custos inexistentes no preço do combustível. Colocam até taxas portuárias que não existem", reclamou.
GÁS NATURAL
Segundo a proposta, a ANP terá de informar também, todo mês, a composição dos preços médios de venda de gás natural às distribuidoras de gás canalizado nas capitais de estados que possuam ponto de suprimento desse combustível.
O relator retirou do texto a proibição de a Petrobras exportar petróleo caso o mercado interno estivesse desabastecido. “Hoje, petróleo e derivados é o terceiro item de exportação do nosso País”, argumentou Arnaldo Jardim.
Ele considerou desnecessário criar medidas para garantir o abastecimento por meio de restrições à exportação, já que os contratos de exploração de petróleo contam com cláusulas específicas.
VALORES MÉDIOS
Segundo a proposta, as empresas deverão informar os valores médios de 11 parcelas integrantes dos preços ao consumidor dos combustíveis de sua responsabilidade:
– custo médio de produção do petróleo de origem nacional;
– custo médio de produção do gás natural de origem nacional;
– custo de compra do petróleo, quando couber;
– preço de faturamento na unidade produtora;
– preço de faturamento dos importadores;
– margem bruta de distribuição de combustíveis;
– margem bruta de revenda de combustíveis automotivos;
– tarifas dutoviárias até a base de distribuição, quando for o caso;
– frete da unidade produtora até a base de distribuição ou, no caso do etanol hidratado, até o posto revendedor;
– frete da base de distribuição até o posto revendedor; e
– tributos.
Penalidade
De acordo com o texto de Jardim, o grupo que deixar de informar esses valores estará sujeito a multa de R$ 5 mil a R$ 1 milhão.
Debate em Plenário
Durante o debate sobre o projeto em Plenário, o líder da Minoria, deputado Alencar Santana (PT-SP), disse que é um direito da população saber sobre o custo de cada item na cadeia do petróleo. “É um item importante, que tem consequência para outros produtos. Precisamos saber qual a margem de lucro e se tem um abuso. Se a empresa não tem nada a esconder, que seja transparente”, declarou.
A deputada Perpétua Almeida (PCdoB-AC) lembrou que o conselho da Petrobras é nomeado pelo presidente da República. “Se o Brasil refina e produz 80% do combustível, por que o preço tem de ser calculado em dólar?”, questionou. “É inaceitável que o brasileiro, que ganha em real, tenha de pagar em dólar.”
O deputado Henrique Fontana (PT-RS) acusou o governo de manter a política de preços com o objetivo de vender a Petrobras. “O Brasil pode recuperar a autosuficiência de petróleo”, ressaltou.
Já o deputado Danilo Forte (União-CE) reclamou que a Petrobras deveria ter uma preocupação social com o País. “É um absurdo ser uma das petroleiras que mais lucra no mundo, e o povo brasileiro passando dificuldade e necessidade.”