Rico em óleo, com forte concentração de ômega 6, entre outras propriedades nutricionais, tanto para o ser humano como para animais, o Cártamo está chegando no Rio Grande do Norte.
O desembarque acontece por Mossoró, através da Universidade Federal Rural do Semiárido (UFERSA), que desenvolve estudo para fazer mudanças genéticas, para desenvolver uma variedade sem espinhos, com alta produtividade e melhores condições de cultivo, inclusive em regime de sequeiro.
Um dos professores que desenvolve a pesquisa é o engenheiro-agrônomo Glauber Nunes, que explica o andamento da pesquisa em parceria com a Universidade Federal do Rio Grande do Norte com recursos federais, no Fazenda Experimental Rafael Fernandes, da UFERSA.
“Iniciamos os trabalhos com o Cártamo, uma cultura com muito potencial em vários campos com, por exemplo, nas áreas de cosméticos, farmacêutica e biocombustíveis, na Ufersa nós estamos trabalhando dois ensaios com a UFRN e com financiamento do governo federal, testando alguns herbicidas para ver aquele mais indicado para o Cártamo e testando o biochá, uma espécie de carvão, que tem sido usado em algumas culturas com muito sucesso”, explica o agrônomo.
A pesquisa da Ufersa vai desenvolver um programa de melhoramento genético para criar uma espécie de cártamo sem espinhos, que tenha uma alta produtividade de sementes, de óleo e que produza um óleo de alta qualidade. "Tudo isso é possível via melhoramento de planta, é isso que vamos fazer na Ufersa a partir de maio", disse o professor.
Glauber disse ainda que o Cártamo é uma cultura extremamente rústica, que não exige muita água, e que se adapta facilmente a região semiárida, podendo ser uma boa fonte alternativa à produção de biocombustíveis, na área farmacêutica e na área de alimentação animal.
“O cártamo tem esse potencial muito grande para as nossas condições do semiárido, a ideia é que nós tenhamos o cártamo como uma alternativa de produção de biocombustíveis, assim como é atualmente a cana-de-açúcar e o girassol”, frisou.
Além do potencial para a produção de biocombustíveis, o cártamo também se destaca em diversas áreas que são beneficiais inclusive à saúde.
Um estudo do The American Journal of Clinical Nutrition, publicado em uma matéria do site UOl, mostrou que consumir 8 g de óleo de cártamo diariamente melhora os níveis de açúcar no sangue em algumas pessoas com diabetes tipo 2.
Segundo o mesmo estudo, os níveis de colesterol no sangue melhoraram após quatro meses de uso do óleo de cártamo. O óleo de cártamo também ajuda na diminuição do risco de doenças cardíacas.
O experimento está acontecendo na Fazenda da Ufersa, em Alagoinha. Mesmo estando em seu início, os pesquisadores já se sentem seguros para dizer que o cultivo do Cártamo, seja para o setor de alimentos e/ou para produzir biodiesel para misturar com combustível fósseis, se mostra altamente viável, podendo trazer muitos benefícios econômicos, sociais - considerando o contexto da agricultura familiar- e também empresarial pensando na produção do biocombustível.