Mais de 20 animais marinhos, muitos deles ameaçados de extinção, foram achados mortos no litoral do Rio Grande do Norte entre dezembro de 2023 e janeiro de 2024. Foram 16 tartarugas-marinhas e 8 golfinhos. Biólogos afirmam que a poluição e a interferência humana, são os principais motivos do encalhe e morte dos animais.
No litoral do Rio Grande do Norte, os encalhes são monitorados pelo Projeto Cetáceos da Costa Branca (PCCB), da Universidade Estadual do Rio Grande do Norte (Uern), que realiza acompanhamento, resgate e proteção de animais marinhos no RN e em parte do Ceará, em parceria com o Centro de Estudos e Monitoramento Ambiental (Cemam), há 25 anos.
De acordo com o coordenador do PCCB, o professor Flavio Lima a proximidade dos animais da costa para reprodução nesse período do ano influencia no aumento dos encalhes, mas a ação humana, tem sido o principal causa do fenômeno.
“Essa época do ano é o período reprodutivo dessas espécies, principalmente tartarugas marinhas, elas se aproximam mais da costa para reprodução. Outro fator, é o aumento da quantidade de pessoas durante o período de veraneio, com esse aumento nós temos também a elevação da quantidade de lixo que é deixado na praia e que chega até o mar, esses animais como tartarugas, golfinhos e peixe boi, que se alimentam de outros organismos marinhos que estão no fundo do mar, não distinguem se é o alimento ou se é um saco plástico, uma tampinha de garrafa pet, eles ingerem e acabam morrem devido à contaminação no seu trato gastrointestinal provocado pela ingestão desse lixo, então são esses dois fatores que juntos aumentam o número de encalhes”, explica o professor.
Segundo Flavio Lima, o encalhe de animais é considerado normal para essa época do ano, mas o que tem se observado é um aumento elevado no número de animais, o que representa uma alerta importante no trabalho de preservação dessas espécies.
“Nós tivemos um total de animais mortos bem maior do que o mesmo período dos anos 2022, 2023, então isso representa pra gente uma alerta muito provavelmente devido a uma maior quantidade de lixo sendo jogado ao mar, sendo esse um dos fatores que levam a morte desses animais”, frisa.
Para minimizar os efeitos da poluição, o projeto Cetáceos em parceria com o Centro de Estudos e Monitoramento Ambiental (Cemam), desenvolvem ações e projetos de educação ambiental nas comunidades em ações e sensibilização e educação, como por exemplo o projeto Parceiros do Mar, onde ao longo de ano são realizadas campanhas educativas por meio de palestras, mutirões, reuniões nas comunidades assim como também nas escolas durante o ano letivo e em grupos comunitários como Associações de pescadores, marisqueiras conscientizando a população sobre os riscos para os animais.
Para o professor Flavio Lima, trabalhar a conscientização da população local e de turistas é fundamental para evitar acidentes com os animais.
“Estamos constantemente realizando ações educativas, mostrando os riscos as ameaças para os animais, mostrando exemplos de animais que morreram após ingestão de lixo e o que nós devemos fazer enquanto população para evitar de usar produtos descartáveis, mas se tiver de usar, destina-los em um local correto para a reciclagem, essa é a principal aspecto das atividades que a Uern desenvolve através do projeto Cetáceos e do Cemam.