O esquema de corrupção no DETRAN, combatido esta semana pela Polícia Civil, não é coisa nova. Já tem, pelo menos, dez anos que é de conhecimento do Ministério Público do Rio Grande do Norte e da sociedade em geral. É o que afirma o senador Styvenson Valentin, que denunciou a corrupção, apontando nomes e setores, no ano de 2016.
“Viveiro de vagabundos”, diz o senador Styvenson Valentin, que mostrou neste sábado, dia 5, em detalhes, como acontecia a corrupção dentro do DETRAN e como a “casa caiu”.
Styvenson havia denunciado esquema de corrupção no DETRAN há quase 10 anos
A época, Styvenson Valentin comandava a Operação Lei Seca, com grande destaque na região da Grande Natal, pelo número absurdamente alto de pessoas flagradas dirigindo sob efeito de álcool. Estas pessoas eram presas e autuadas na Polícia Civil, mas, simplesmente, estas multas e registros de atuação não apareciam no sistema do DETRAN.
O então capitão linha dura da Lei Seca no RN, Styvenson Valentin disse que o seu trabalho era tudo registrado, documentado e feito uma planilha detalhada, inclusive com cópias dos autos de prisão em flagrante enviados para serem inseridos no sistema de multas do DETRAN. O então capitão denunciou o esquema no Ministério Público no G1”, lembra Styvenson Valentin.
Styvenson mostrou em 2016, que, num período de 12 meses, pelo menos 300 pessoas se beneficiaram do esquema de corrupção, dando um prejuízo aos cofres públicos na casa dos R$ 400 mil. Os autuados, que ele mostra lista de nomes em planilha organizada, pagavam cerca de mil reais cada para que o nome dele não fosse inserido no sistema de multas do DETRAN e sua CNH devolvida. “Isto eu denunciei, mas, lamentavelmente, continuou”, diz Styvenson.
Neste sábado, 5, o senador Styvenson Valentin mostrou o vídeo gravado em setembro de 2023, mostrando a documentação das denúncias que fez, reforçando a existência do esquema de corrupção dentro do DETRAN. Na operação da Policia Civil desta semana, um policial militar e um despachante do Detran, que não tiveram seus nomes revelados, foram afastados de suas funções. Não se descarta a possibilidade de, no decorrer das investigações, outros serem afastados e até presos.