A imprensa mossoroense inicia 2016 sem ter motivos para comemorar: em virtude da crise financeira, dois, dos três jornais impressos existentes na cidade, anunciaram o fim da circulação dos seus periódicos.
No último dia 31 de dezembro, o jornal O Mossoroense, que era o terceiro mais antigo da América Latina em circulação, comunicou o fim da sua edição impressa, permanecendo em atividade apenas na internet.
Nesta segunda-feira (4) foi a vez do Gazeta do Oeste anunciar o encerramento de sua publicação, tanto na versão impressa quanto no jornalismo online.
“O Jornal Gazeta do Oeste comunica aos seus leitores que encerra suas atividades neste dia 4 de janeiro de 2016, após 38 anos de serviço prestado ao jornalismo potiguar. Agradecemos pela parceria daqueles que acompanharam a nossa história escrita em cada página deste diário”, informa o periódico em nota publicada no seu site.
Funcionários e ex funcionários escreveram em suas redes sociais o que pensam sobre o fim das atividades do Jornal Gazeta do Oeste.
Manoel Galdino, diagramador
Uma página foi virada hoje com o fechamento do jornal Gazeta do Oeste. A sociedade como um todo perde, porque perde um meio de expressão da voz daqueles que precisam de um canal de comunicação, e dessa forma de fazer ser ouvidos aqueles que não têm voz. Lamentável! A cidade ficou mais pobre e mais frágil, pois perdeu uma de suas colunas. Aos funcionários resta agora trilhar novos caminhos.
Cezar Alves, jornalista e fotojornalista
É com profunda tristeza que recebo esta notícia. Um soco no estômago. Sem palavras para se desenhar este cenário negro no jornalismo em Mossoró. Minha solidariedade primeira aos funcionários da Gazeta do Oeste e segundo a Maria Emília e Canindé Queiroz, que por décadas brigaram bravamente pela notícia.
Trabalhei na Gazeta do Oeste de 1995 a 2002.
Tenho uma observação: ou os jornais impressos se enquadram ao advento da internet ou não terão como sobreviver. Tenho dito isto desde 2009, concordando com o jornalista William Robson Cordeiro. E não basta simplemente abrir um portal. Não é o suficiente. É preciso funcionar em cadeia, portal, radio, tv e impresso, contando histórias.
Emmanoel Linhares, diagramador
Muito triste o fechamento do Jornal Gazeta do Oeste, onde durante anos foi a minha casa, onde fui muito feliz como funcionário, cresci e aprendi bastante. A todos os meus amigos com quem trabalhei, minha solidariedade e que todos possam encontrar uma nova luz nesta caminhada. Agradeço a Dona Maria Emília Lopes Pereira por ter me dado a honra de ter feito parte deste jornal histórico para a nossa cidade.
Cristiano Rojas, jornalista
Estou sem palavras diante de tantas notícias tristes... O Mossoroense, Gazeta do Oeste... Deus do céu!
Izaira Thalita, jornalista
Tristeza enorme em saber de forma repentina do fechamento da Gazeta do Oeste. Parte da minha vida profissional, foi onde comecei no jornalismo, onde fiz excelentes reportagens, onde fiz amigos e cresci como pessoa. Ano passado me fizeram a pergunta, durante uma palestra que fizemos para a equipe: o impresso vai acabar? Nossa resposta foi a de que o jornalismo não acaba, temos de nos reformular como profissionais e como empresas de comunicação, buscar entender as mudanças que há anos se colocam e as muitas dificuldades. Digo aos colegas jornalistas que não desanimem. Infelizmente, nunca tivemos força de categoria para nos reunirmos, para analisarmos os contextos difíceis, para lutar por espaços em que os jornalistas por formação possam ter suas garantias de trabalho, temos um sindicato pouco atuante em nossa cidade, mas é preciso ver com olhos abertos, o que outros profissionais estão fazendo em momentos semelhantes como esse. O que aconteceu com os jornalistas de outros centros e trazer as boas experiências pra cá. Com tantos profissionais bons, precisamos pensar na recolocação. Para dona Maria Emília Lopes Pereira deixo meus agradecimentos e também todo o reconhecimento do trabalho de continuar com a Gazeta do Oeste. Dona Maria é uma apaixonada pelo jornalismo e lutou mesmo, o quanto pode, para mantê-lo e com dignidade, preocupando-se com os funcionários. Espero que a Gazeta não encerre a sua história em definitivo assim, mas que possa ter um novo capítulo.
Esdras Marchezan, jornalista e professor da UERN
No meio de toda esta turbulência, um reconhecimento a dona Maria Emília Lopes Pereira, que lutou bravamente para manter vivo o jornal Gazeta do Oeste. Sempre prestativa com seus funcionários e estagiários, soube construir uma rede de afetos e amizade, que só aumentava.
Carlos Santos, jornalista e ex editor
Jornal "Gazeta do Oeste" chega ao final de sua história -
Ciro Nunes, colaborador
Lamentável. Um Jornal sério. Lembro da primeira edição... parabéns a família Canindé Queiroz. Principalmente não nome da Sra. D. EMÍLIA Que lutou muito para elevar o nome de Mossoró, a quem devemos muito a essa família. Não deve ter sido fácil tomar essa decisão.
Stenio Urbano, jornalista
É triste a notícia do fechamento dos principais jornais de Mossoró, o centenário "O Mossoroense e Gazeta do Oeste" (além da recém aberta-fechada filiada da Rede Globo, a TV Costa Branca) que encerram suas atividades na cidade.
A verdade, entretanto, é que há muito os veículos agonizavam e viviam com pires nas mãos em busca de migalhas da classe política. Os que não atendiam as bajulações, tiveram suas verbas escassas.
Os poucos, ou o único que resta, fora os sites chapa-branca, e que recebem patrocínios da Prefeitura, não praticam o bom jornalismo, ou o fazem de maneira parcial.
Mais do que nunca é hora de repensar o mercado, se auto-reformular, buscar alternativas. Sim, é capaz!
Esdras Marchezan Sales está aí de prova, com seu "Repórter de Rua" angariando prêmios e mais prêmios pela qualidade do seu bom jornalismo Brasil afora (Na internet).
A crise é feia. Não existe soluções prontas, entretanto, é preciso buscá-las.
(Obs: sorte aos amigos e profissionais das redações).
Ana Claudia Barbalho
Dia cinza para a comunicação potiguar. O Jornal Gazeta Do Oeste encerra hoje seu ciclo de atividades. Foi na Gazeta onde tive a primeira oportunidade de estágio, breve, mas intenso. Crescimento sem fim.
Dona Maria Emília, guerreira, lutou até onde pode para mantê-lo vivo, mas não deu.
Dias sombrios para o jornalismo local. Um calvário.
Monalisa Cardoso, jornalista
As palavras vão ficar para depois, desculpem! — em Gazeta Do Oeste.
William Robson Cordeiro, jornalista e professor/doutorando
Ainda perplexo, ao tomar conhecimento através do amigo e companheiro de profissão de fé, Esdras Marchezan Sales, sobre o encerramento das atividades da Gazeta, local onde tive a oportunidade de desenvolver projetos, de atuar em várias editorias, fazer experiências com meus colegas (todos muito empenhados) e onde dedicamos parte de nossas vidas à pratica de um jornalismo que acreditávamos ser o melhor para a sociedade.
Com Canindé Queiroz e o seu grande coração com todos os que atuavam ali, e dona Maria Emília Lopes Pereira, sempre pronta a nos apoiar nas ideias mais ousadas (muitas vezes, inviáveis sob o ponto de vista comercial, mas engrandecedoras para o jornalismo e para a marca) fazíamos da Gazeta, um laboratório e um local de prazer e alegria (e isso resultava nas tiragens em crescimento no fim dos anos 90, na repercussão das reportagens produzidas).
Tive um grande momento em minha vida que foi editar a Gazeta por alguns anos e a sorte de ter uma equipe interessada e sempre pronta a se atualizar. A Gazeta nao media esforços para adquirir os equipamentos mais modernos, de incentivar seus jornalistas a trocarem experiências com jornais de referência seja onde fosse e apostar, antes de todos na cidade, na segmentação dos cadernos, nas notícias online, nos suplementos especiais, nas fotos digitais e nos infográficos.
O atual momento (triste, é verdade) também serve de reflexão, para mostrar que um novo jornalismo é preciso e é possível, uma reinvenção que passa por uma mudança de práticas e de narrativas. A universidade está atenta a esta mudança, sabendo que este mercado continua necessitando de jornalismo. O jornalismo segue necessário.
A contribuição da Gazeta e de O Mossoroense para o jornalismo impresso deve ser entendida como um percurso jornalístico bem sucedido que abriu portas para profissionais, para o campo e para os estudos da área. Novas demandas exigem que este jornalismo continue, não necessariamente ligado às empresas, mas exercido com o mesmo empenho que testemunhei enquanto estive na GAZETA (em caixa alta, como costumávamos escrever no padrão de estilo do jornal) por quase uma década.
Só posso agradecer à Gazeta e aos amigos que dividiram comigo este prazer e as coisas boas. É o que levarei para a minha vida inteira.
VIVEREMOS E VENCEREMOS
Aqui, em foto de Cézar Alves, na diagramação da GAZETA, em 2001.
Ruth Laeny
As palavras fogem foi uma familia por 10 anos da minha vida... e hoje a despedida.
Obrigada Gazeta Do Oeste.
Eu só sei que eu amei o meu trabalho até o ultimo dia.
Paulo César Rodrigues, diagramador
Datas para não esquecer
31 de dezembro de 2015
Fiz minha última capa do impresso de O Mossorense
Que por força da rapidez da informação com a internet teve que se integrar a essa agilidade e com sua credibilidade de 143 anos, certamente vai cumprir o seu papel de bem informar aos seus leitores, vamos que vamos agora com o portal
www.omossoroense.com.br.
E hoje 4 de janeiro de 2016
Receber a notícia do encerramento das atividades da Gazeta do Oeste (onde comecei minha vida profissional) após 38 anos informando a população, este por completo, é realmente lamentável. Mas a vida segue
Iuska Freire, jornalista
Eu nem sabia que a primeira selfie com Canindé seria também a última tirada na Redação. As manhãs jamais serão as mesmas. Não responderei mais as perguntas feitas por esse senhor único... Não iremos mais tirar sarro dos colegas. Ah, Canindé, como sentirei saudades desse convívio.
Trabalhei mais de 12 anos na GAZETA. Fiz amigos para a vida toda. Cobri visitas presidenciais, eleições, entrevistei pessoas incríveis, aprendi tanto... De repente, tudo acaba. O desapego é dolorido e a sensação é de luto.
Valéria Bulcão, jornalista
Arrasada com o fechamento dos jornais: O Mossoroense e a Gazeta do Oeste. Toda minha solidariedade aos colegas.
Neide Carlos, comercial
A notícia é dura a sensação é de perca para nossa cidade e estado, mas eu sei exatamente ou menos do que Dona Maria Emília Lopes Pereira, passa para manter esse impresso, pois a carga tributária é grande , o custo de fazer é altíssimo e agora com essa crise é uma conta que não bate . Sinto muito Dona Maria e se for para a senhora agora aproveitar sua vida junto com seus filhos, netos e seu esposo? A senhora para mim sai aplaudida.
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