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MOSSORÓ
Por Josemário Alves
12/03/2016 06:05
Atualizado
12/12/2018 23:47

Mesmo com repercussão nacional, artesã mossoroense enfrenta dificuldades

Francisca Fernandes ganhou destaque em programas como Globo Repórter e Mais Você. Porém, a visibilidade não tem refletido em vendas, que caíram mais de 96%.
Josemário Alves / MH

Passados três anos da primeira aparição em rede nacional, a artesã mossoroense Francisca Fernandes vivencia um dos momentos mais difíceis na comercialização dos seus produtos fabricados em biscuit. Em apenas dois anos, as vendas caíram mais de 96%.

Dona Francisca tem 61 anos, mas começou a produzir suas peças com 52 anos, para sustentar a família. Ela conta que certo dia, vendo os filhos com fome, pediu R$ 1 ao esposo para comprar pão. O pedido foi negado. Na ocasião, ele ainda mostrou uma nota de R$ 50 e disse que ia gastar a quantia em bares.

A partir de então, a artesã utilizou as dificuldades para impulsioná-la ao sucesso e ao renome nacional, investindo em biscuit. Sua determinação foi tema de reportagens dos programas Globo Repórter e Mais Você, ambos da TV Globo, e ainda das emissoras locais.

Empreendedora nata e com o apoio do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), a artesã chegou a vender 3 mil peças por mês, faturando até R$ 50 mil no período. Entretanto, a realidade atual é diferente,

“Hoje em dia, eu vendo umas 100 peças por mês. Meu faturamento mensal caiu para mil, mil e quinhentos reais”, destaca ela.

Os dias difíceis começaram durante a Copa do Mundo. Francisca investiu R$ 5 mil em matéria-prima para produzir o Fuleco, mascote da competição. Mas, a FIFA, detentora dos direitos comerciais do boneco, a impediu de comercializar o produto. A artesã ainda tentou alterar o visual das peças e mudar seu nome para “Peba do Nordeste”, mas o produto não caiu no gosto dos turistas.

Desde então, os clientes fiéis da artesã diminuíram, drasticamente. “Antes, cada um dos meus clientes fazia duas compras grandes por mês. Eu vendia até para outros estados. Mas, hoje, eu só tenho dois clientes, que são de Natal, e eles fazem duas encomendas por ano. Olhe só como reduziu”, enfatiza.

Apesar das dificuldades, as vendas da arte em biscuit sustentam três famílias. “Graças a Deus mudou muita coisa em nossas vidas. Eu não enriquei, mas nunca imaginei ter as coisas que tenho hoje”, conclui dona Francisca citando alguns cômodos da casa, como banheiro, que só foram construídos devido ao artesanato com biscuit.

(Foto: Josemário Alves / MH)

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