O ex-secretário de Cultura dw Mossoró, Jerônimo Gustavo de Góis Rosado, recebeu a imprensa no final da tarde desta terça-feira (22) para esclarecer à sociedade de Mossoró as acusações do Ministério Público Estadual de que ele teria chefiado uma "organização criminosa" que desviou mais de R$ 2 milhões na realização do Mossoró Cidade Junina nos anos de 2013 e 2014.
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Gustavo Rosado estava acompanhado do advogado Olavo Hamilton, que ajudou no esclarecimento das informações no ponto jurídico. Hamilton já havia acrescentado que não existe no processo de investigação nenhuma prova que Gustavo Rosado praticou qualquer crime na realização do Mossoró Cidade Junina, quanto mais desvios de R$ 2 milhões.
“É natural que o Ministério Público queira apurar. Está cumprido com seu papel, como eu tenho que cumprir o meu como cidadão, de gestor de recursos públicos que fui em apresentar à sociedade os meus esclarecimentos sobre estas colocações do Ministério Público Estadual”.
Ao final do encontro com os jornalistas, Gustavo Rosado destacou que concedeu esta entrevista apenas para esclarecer os fatos à sociedade e que de agora em diante vai sentar com o seu advogado para elaborar a peça de defesa. Destacou que o Ministério Público Estadual faz um papel importante em apurar os fatos e esclarecê--los.
Disse que não vai responder de agora em diante as colocações do Ministério Público Estadual e que no final da investigação vai está convocando a imprensa para mostrar que não houve desvios de recursos públicos nenhum na realização do Mossoró Cidade Junina.
Segue os principais pontos da entrevista
Começa a entrevista explicando
“Como vocês sabem todo gestor público está sujeito a este tipo de situação. É uma situação desagradável, mas ao assumir o cargo público o cidadão deve estar ciente que está assumindo que esta possibilidade possa e acontecer e comigo aconteceu”. Disse que assumiu a Secretaria de Cultura por 1 ano e 7 meses, no caso um ano na gestão de Cládia Regina e finalizando com Francisco José Junior, no final de 2013 e durante 2014. Disse que toda a operação Anarriê teve como base denúncias e depoimentos feitos ao Ministério Público para que fosse investigado. No entanto, destaca que tem todo o direito de apresentar os fatos à população e que acredita que na manhã de quinta-feira, dia 17, na Operação Anarriê prestou depoimentos aos promotores e esclareceu todos os pontos apresentados pelo Ministério Público. Disse que está à disposição para qualquer informação que o Ministério Público precisar. Diz que os recursos da Cultura de Mossoró são limitados e que é preciso que estes recursos sejam bem aplicados. O Mossoró Cidade Junina, do ponto de vista cultural, é o mais rico do Brasil. Diz que os outros eventos só fazem grandes shows e em Mossoró existe pelo menos outros 30 eventos em locais distintos. Diz que contribuiu com este evento com muito carinho mesmo antes de ocupar os cargos de chefe de gabinete ou secretário de cultura.
Sobre os aditivos aos contratos em 2013 e 2014 no valor de aproximadamente R$ 2 milhões.
Disse que contratou banda de renome nacional (Paula Fernandes) que não estava prevista inicialmente na programação do evento. O objetivo era garantir a cobertura da Globo Nordeste ao Mossoró Cidade Junina e assim aconteceu. "Na apresentação de Krystal, houve a ligação e eu falava que deixasse que eu iria falar com ela. E o cachê dela bem acima do normal, como ela havia participado do The Voice e eu tinha interesse que ela participasse do Mossoró Cidade Junina. Essa banda estava fazendo muito sucesso. Neste caso de Krystal, o que ocorreu foi que consegui baixar o preço. O que chamou atenção dos promotores foi que eu falei na ligação grampeada: "deixe que este aí eu resolvo". E o que eu consegui foi baixar o preço”.
Sobre a interferência nas investigações que resultou nas prisões temporárias
Gustavo Rosado e o advogado Olavo Hamilton explicaram que as pessoas que tiveram condução coercitiva e prisões temporárias, quando estas pessoas receberam intimação dos promotores para prestarem depoimento ao MP, ligaram perguntando e procurando se informar. “Todos nós fomos ouvidos lá e ficou tudo explicado”, diz Gustavo Rosado. Neste aspecto, o advogado Olavo Hamilton disse que quando se recebe uma peça do Ministério Público lá se trata de uma convocação, muitas das vezes não dizem qual é o objeto desta convocação. Neste sentido é natural que as pessoas procurem um advogado para se orientar o que fazer. Nestes autos, constam apenas os resumos. Na ligação completa, consta as pessoas preocupadas e procurando informação do que se tratava. Neste aspecto o próprio MP não afirma ou observa que alguém procure falar ou não falar o que não deveria falar. Enfim, não acredita que houve interferência nas investigações.
Valores das bandas
Gustavo Rosado disse que é natural que no período junino existam valores diferenciados, sendo menores para uma reunião e maiores para outra. Tudo vai depender de onde a banda está e como pode ser seu deslocamento para o referido show. Pode ocorrer que a mesma banda se apresente em Mossoró no dia 10 por um valor e no dia 15 a mesma banda só poder se apresentar na mesma cidade por um valor muito maior. Explica que tem casos que é preciso até contratar um avião de uma cidade para outra para deslocar os artistas e se ter o show no dia desejado, especialmente no período de grandes eventos de Carnaval ou São João.
Sobre os cheques da Gondim & Garcia nominais à Clézia e Riomar
“Ora, se estes cheques da Gondim & Garcia fossem para desviar, não seria nominal a dois funcionários da Prefeitura. Seria muito fácil constatar o desvio”, explica Gustavo Rosado. Diz que os valores entregues a Riomar e Clézia eram para pagar os atores do Chuva de Bala no País de Mossoró, assim como para prestadores de serviços durante o evento, como eletricistas, costureiras e aderecistas e outros profissionais que se envolvem no evento, inclusive servidores da Prefeitura. “Eles já passam o dia todo trabalhando a serviço da Prefeitura e à noite prestam um serviço de ornamentação e é justo que sejam remunerados pelo serviço extra”, complementa Gustavo Rosado.
Sobre os custos das bandas em 2015 inferior a 2014. Estes dados foram levantados por Carlinhos Ferdebez
Neste caso, Gustavo Rosado disse que tudo depende. Citou o caso de Carlos Andre, Ermelinda e João Mossoró. Ele disse que pagou cachê de R$ 5 mil e Carlos Ferdebez só queria pagar cachê de R$ 400,00. Esta conversa estava neste áudio. Assegura que em momento alguém agiu para encarecer a contratação das bandas.
Outra gravação é sobre os valores devidos depois do MCJ em 2014
"Nesta ligação eu estava preocupado em deixar o governo, conforme antes já acertados, todos com os valores pagos". Cita diretamente os valores devidos aos eletricistas. Segundo Gustavo, os pagamentos não haviam sido feitos até então e disse que ficou preocupado em sair no dia 14 de julho sem pagar estes valores aos aderecistas e eletricistas. "É natural quando o Ministério Público ouvir esta ligação possa ter outro entendimento, mas o caso é este e não outro". Afirma que tudo ficou esclarecido quando prestou depoimento ao MP.
Oitiva e a prisão em Apodi
Gustavo Rosado elogia a forma como os policiais e promotores atuaram em todo o processo. Reconhece que realmente havia necessidade da condução e que teve um tratamento respeitoso, dentro das condições que foi feito, desde o momento que saiu do apartamento, na oitiva na sede do Ministério Público Estadual, no exame de corpo delito no ITEP e no Centro de Detenção em Apodi. “Havia o isolamento que a operação exigia, mas tudo dentro da normalidade e legalidade”, destaca Gustavo Rosado.
Delação premiada de Riomar Mendes
Gustavo Rosado disse que não preocupa em nada. Disse que qualquer relato de Riomar Mendes, que considera um profissional sério, vai reforçar que ele fez um trabalho sério e responsável. “Certamente Riomar Mendes dirá aos promotores de minha preocupação com zelo e o meu cuidado com a coisa pública e principalmente com a forma de fazer”. Ele disse que o possível delator amplia o leque de provas na Justiça e que vai ser muito bom para esclarecer como de fato aconteceu e sem desvios.
Sobre o envolvimento dos prefeitos Fafá Rosado, Cláudia Regina e Francisco José Junior na contratação das bandas para o Mossoró Cidade Junina.
Gustavo Rosado disse que Fafá Rosado pouco influenciava. Cláudia Regina se envolveu na questão social. Fez questão de expandir a questão do artesanato e que o prefeito Francisco José Junior, por conhecer bandas e também já ter feito festas, sugeriu nomes na programação, dias das festas e ele acredita que isto foi de forma natural e espontânea, necessário, pois queria também fazer uma grande festa para o público e para o bem de Mossoró.
Em video, Gustavo Rosado explica os motivos dos aditivos aos gastos do MCJ de 2013 e 2014
Sobre a operação Anarriê do MP
Diante dos fatos explicados, Gustavo Rosado disse que nenhum cidadão de bem gostaria de sofrer uma condução coercitiva e ou de prisão temporária como ele sofreu. “Acho que não havia necessidade, pois eu já havia ido lá e iria quantas vezes fossem necessárias”, diz. Também afirma que o MP tem suas metodologias de trabalho, tem suas estratégias, checando informações e eles entenderam que a melhor forma de trabalhar é esta, “então a mim cabe, cumprir, colaborar e ficar à disposição para prestar as informações necessárias”, diz. Gustavo Rosado insiste em afirmar que o MP agiu da forma que entendeu ser a mais eficiente para chegar ao objetivo final. “O MP é parte e assim como a defesa é absolutamente parcial”, completa o advogado Olavo Hamilton. Para o advogado, o Ministério Público vai carregar as tintas na acusação e os advogados de defesa fazer o mesmo no sentido contrário.
Sobre as entrevistas de Ferdebez em 2015
"O que me chamou a atenção é que nas primeiras entrevistas que Ferdebez concedeu, ao invés de divulgar a programação do evento, ele dedicou muito mais tempo para acusar a Gondim e Garcia. As primeiras entrevistas só falavam em desmascarar Tacio Garcia. Isto me chamou a atenção, mas eu não vou entrar neste mérito desta questão. Mas que me chamou atenção, chamou”, finaliza.