20 SET 2024 | ATUALIZADO 15:38
MOSSORÓ
Da redação
30/03/2016 11:35
Atualizado
13/12/2018 02:26

Estudante da UERN denuncia professor por preconceito contra LGBT's

Segundo Francisco Júnior, o professor João de Araújo incitou o ódio à comunidade LGBT durante uma aula de Arqueologia, na noite desta terça-feira, 29. Universidade vai apurar o caso
Valéria Lima

O estudante de História da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN), Francisco Júnior, denunciou em sua conta no Facebook atos de intolerância à comunidade LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais e Transexuais) por parte do professor João de Araújo Pereira Neto e alguns colegas de sala.

Francisco relata que o caso aconteceu durante a aula de Arqueologia na noite desta terça-feira (29). O professor teria incitado à violência contra os LGBT’s, com expressões como “Tem mesmo de matar a comunidade LGBT” e que “Aquilo é uma doença”.

Em seu perfil, o estudante declara que ficou surpreso com as declarações e por presenciar incitação ao ódio dentro da academia, que, segundo ele, deveria ser um local de inclusão e acolhimento.

“Naquele momento, no meio de tantos risos, eu me senti completamente humilhado, diminuído, oprimido... que eu só queria sair dali, e sai”, afirma o estudante em seu perfil, sendo apoiado por dezenas de colegas.

Francisco Júnior afirma que após o fato ele procurou o Departamento do curso e fez a denúncia.

A discente Lucíola Torres estava na sala de aula no momento do ocorrido. Segundo ela, o professor João de Araújo fazia apontamentos sobre a atual conjuntura política nacional, quando teria iniciado o discurso de intolerância à comunidade LGBT.

"O professor é conhecido por ser muito "irônico", mas em um ambiente acadêmico é preciso ter cuidado com as expressões utilizadas. Ele entrou no assunto LGBT, dizendo que todos deveriam morrer, na mesmo hora alguns alunos se levantaram, o próprio Francisco Júnior ainda tentou falar alguma coisa, mas ficou muito abalado", detalhou.

Lucíola ainda conta que muitos alunos saíram da sala, em protesto contra o discurso do professor. "Mas a aula continou, porque muitos não se posicionam. Sala de aula deve ser um ambiente de discussões saudáveis, não de incitação ao ódio", comenta, acrescentando que está agendado para às 19h desta quarta (31), um ato contra a intolerância, no Centro de Convivência da Uern em Mossoró.

Ao MOSSORÓ HOJE, o chefe do Departamento de História, o professor Lindercy Francisco de Souza, explicou que uma sindicância será aberta para investigar o caso.

“Nós repudiamos este tipo de atitude. Vamos formalizar a denúncia e o caso será apurado. Vamos conversar com o professor e com o aluno novamente e em seguida tomar as medidas para retratação, se for o caso”, destaca.

Lindercy informa também que o professor deve comparecer na tarde desta quarta-feira (30) à Universidade para atividades e a chefia do curso conversará com o mesmo.

O chefe do Departamento recebeu informações que os estudantes preparam uma manifestação na tarde/noite desta quarta-feira, 30, na universidade.

O ato está previsto para acontecer a partir das 19h nos corredores do Bloco de História, campus Central da UERN.

Procurado pela reportagem do MOSSORÓ HOJE, o reitor da UERN, Pedro Fernandes Ribeiro comentou que, como cidadão, repudia qualquer tipo de preconceito e que a postura da universidade não é diferente.

“Repudio qualquer tipo de preconceito. Não aceito, não concordo e combato. Essa é uma postura enquanto pessoa. Institucionalmente esse fato tem que ser registrado para que as providências sejam tomadas", conclui.

A equipe do MOSSORÓ HOJE, ao entrar em contato com o Departamento de História, solicitou o contato do professor João de Araújo, mas foi informada que ele não possui nem celular, nem email. Nesse momento, o docente participa de uma reunião no Conselho Acadêmico-Administrativo (CONSAD) da Uern. O espaço no portal está aberto para que o professor apresente seu posicionamento sobre a denúncia apresentada pelos estudantes.

DCE emite nota de repúdio

O Diretório Central das/os Estudantes da UERN, através da Coordenação de Combate a LGBTfobia, emitiu nota de repúdio às declarações do professor João Araújo, que segundo, eles, são de ódio e aversão à comunidade LGBT.

De acordo com a nota, as afirmações do professor ditas em sala de aula agrediram a comunidade LGBT de forma direta. Segundo eles, as medidas legais e necessárias estão sendo tomadas e o estudante esta sendo acompanhado pelo DCE.

Segue nota na íntegra:

O Diretório Central das/os Estudantes da UERN, através da Coordenação de Combate a LGBTfobia, vem por meio desta nota manifestar seu repúdio às práticas discriminatórias (violência simbólica) cometidas pelo professor JOÃO DE ARAÚJO PEREIRA NETO vinculado ao Departamento de História do Campus Central - UERN.

Na noite dessa terça-feira, dia 29/03/2016, os direitos das/os estudantes Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Transgêneros (LGBT) da UERN foram feridos gravemente pelo professor JOÃO DE ARAÚJO PEREIRA NETO, quando ele em sua aula de Arqueologia no 2º período do curso de História difundiu falas de aversão e ódio que agride a comunidade LGBT de forma direta e exalam as mais diversas formas de preconceito, quando o mesmo “alega que toda comunidade LGBT deveria ser exterminada, pois trata- se de uma doença e um “mal” na sociedade”. Na ocasião um estudante LGBT rebateu suas “afirmações” e o mesmo sofreu agressões morais de repressão, chegando a se retirar da sala, abalado psicologicamente.

O DCE-UERN manifesta veementemente seu repúdio a este tipo de pratica/discurso dentro da Universidade e repudia especificamente a violência simbólica cometida pelo docente João de Araújo. As medidas legais e necessárias estão sendo tomadas e o estudante esta sendo acompanhado pelo DCE.

Reafirmamos nosso compromisso pela defesa e representação estudantil das/os estudantes LGBTs da UERN e convidamos a todas/os para somarem na luta pelas pautas LGBT junto ao DCE. Estaremos reunidos/as hoje, dia 30/03/2016, para pensarmos ações estratégias a serem realizadas.

Hans Ronieli Cardoso Ferreira De Willegaignon.
Coordenador de combate a LGBTFOBIA.
DCE-UERN







 

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