O Mossoró hoje entrevistou na tarde dessa terça-feira, 14, o presidente interino do PTB no estado, Carlos Paiva, sobre a possível fusão do partido com os Democratas (DEM) e apoio ao prefeito Francisco José Júnior.
Mesmo não sendo uma unanimidade em nenhum dos partidos, para Paiva, a fusão seria muito ruim para o PTB. "O PTB tem uma história ligada ao Getulismo e ao trabalho, enquanto o DEM tem o perfil de direita. O ideal, seria manter o partido como está e fortalecê-lo para as eleições de 2016", afirma Carlos.
Confira a entrevista completa:
Mossoró Hoje (MH) – A fusão entre os partidos é uma iniciativa do DEM ou do próprio PTB?
Carlos Paiva (CP) – Essa proposta é fruto de uma articulação a nível nacional e a princípio nós somos contra essa fusão. Isso por que o PTB vem de uma história ligada a Getúlio Vargas e ao trabalhismo, tendo como base o sindicato dos trabalhadores desde a sua fundação, enquanto o DEM vem em um processo de um desgaste muito grande, perdendo deputados e essa fusão, há quem defenda dentro do partido, alegando que iria aumentar a bancada do partido dentro da câmara e nós entendemos que melhor e maior do que aumentar a bancada de qualquer partido é manter a sua história, por que o partido não é feito só de parlamentares, ele é feito principalmente pela sua história, embora nós iremos respeitar qualquer decisão que a executiva nacional tomar. Evidentemente que aqui no estado, havendo essa fusão, o senador José Agripino deverá assumir a presidência do partido até pela sua condição de senador, de ter toda uma bancada sob seu controle, seu filho é deputado federal, tem alguns deputados estaduais e vários vereadores ligados ao parlamentar e nós entendemos e vamos aceitar essa condição, esperando que seja respeitado os compromissos que já assumimos dentro do partido até hoje, por que nós estamos em plena articulação política para as eleições de 2016. A exemplo do que existe aqui em Mossoró, o partido está na base do prefeito Francisco José Júnior, temos dois vereadores na câmara municipal (Ricardo de Dodoca, que é o presidente municipal do partido e Lucélio). No entanto, até agora não recebemos nenhum comunicado da executiva nacional, o que sabemos é através da imprensa. O que recebemos de determinação é que toquemos o partido e continuemos com as articulações.
MH – Esse posicionamento contrário à possível fusão com o DEM é uma questão da executiva nacional?
CP – Existe uma divisão nacional, tanto dentro do DEM quanto no próprio PTB. O nosso partido, ele é meio governo e meio oposição, nós temos 26 deputados dos quais 13 são contrários ao governo e 13 são a favor, temos um ministro e 3 senadores favoráveis ao governo federal. No entanto, esse posicionamento contrário à fusão, é uma decisão da executiva estadual. É uma questão do Rio Grande do Norte. Embora sabemos que nosso peso é muito pequeno diante da executiva nacional até por que nós não temos mandato, não temos parlamentar e nosso volume de voto nas eleições passada foi muito pequeno.
MH – A possível ligação do senador José Agripino com casos recentes de corrupção, como a operação Sinal Fechado, estaria influenciando negativamente o PTB estadual nessa decisão contrária a essa fusão?
CP – Eu acredito que não. Até por que essa articulação está sendo conduzida em nível nacional. Mas, considerando a capacidade e inteligência dos membros da executiva nacional, acredito que todos os fatores estão sendo levados em consideração. Embora, eu acredito que o senador José Agripino, até que se prove o contrário, e pela postura desempenhada dentro do senado federal, é o homem íntegro e tem honrado seu mandato. Prova maior que tem renovado seu mandato e certamente será candidato natural à reeleição.
MH – Em nível municipal, tanto o PTB quanto o DEM, possuem 2 vereadores cada. Qual o posicionamento desses políticos no que se refere a fusão entre os partidos?
CP – Quanto aos 2 vereadores do DEM, não podemos falar por eles. Já os nossos parlamentares, acreditamos que eles estão de acordo com a orientação da executiva estadual, que é manter o partido como está. Até por que o PTB é um partido grande, apesar de não termos tido uma boa votação nas últimas eleições. Podemos assegurar esse posicionamento de nossos vereadores baseado no que vivenciamos hoje. Somos um partido que compõe a base do governo municipal. O vereador Ricardo de Dodoca tem sido fiel ao prefeito Silveira Júnior e temos mantido conversas para que o vereador Lucélio possa também compor a bancada da situação, junto ao projeto de reeleição de nosso prefeito Francisco José Júnior.
MH – Como as articulações políticas visando às próximas eleições já começaram, qual o caminho do PTB para 2016 em nível municipal?
CP – Enquanto nós estivermos à frente do partido, o PTB caminha com o prefeito Silveira Júnior rumo a sua reeleição. Até por que nós participamos com ele na expressiva vitória na eleição suplementar e participamos do governo. Nós defendemos aquilo que acreditamos e o PTB acredita que o prefeito Silveira Júnior tem um projeto inovador, é um rapaz novo ousado e que gosta de fazer diferente e buscar o novo. Tem feito a diferença e mesmo com muita dificuldade, pois as prefeituras brasileiras tem pago um preço muito alto, o prefeito não tem poupado esforços nas realizações e tem um grande aliado que é o governador Robinson Faria e isso tem feito a diferença em sua administração. Áreas como segurança, por exemplo e que é minha área, ele assumiu essa responsabilidade, instituiu a secretaria de segurança, reformulou a guarda civil e junto com os comandantes dos dois batalhões da polícia militar e a polícia civil, tem feito um grande trabalho.
MH – Uma das recentes bandeiras levantadas pelo prefeito Francisco José Júnior, enquanto presidente da FEMURN, é a reforma política. Tratando de questões como a unificação das eleições e mandatos e o fim da reeleição. Qual o posicionamento do PTB estadual diante dessa realidade?
CP – Somos totalmente de acordo. Acho que já passamos da hora de fazermos as grandes reformas no Brasil e precisamos partir da reforma política. O Brasil precisa ter um sistema político organizado e essa estrutura possa favorecer a própria democracia. Defendemos o financiamento público das campanhas, pois só assim as pessoas mais humildes poderão disputar em condição de igualmente com os mais ricos e poder representar o povo.
MH – Qual a real possibilidade de acontecer essa fusão entre os partidos? A fusão está mais próximo de se tornar realidade ou tudo não passará de articulações políticas?
CP – Apesar da fusão entre os partidos ter sido anunciada pela imprensa para acontecer hoje, tem momentos que vemos a coisa se concretizar e há momentos que parece que nunca acontecerá. Hoje vimos uma declaração do deputado federal Ronaldo Caiado (DEM-) se colocando contrário à fusão por que ele acha que desaparece a oposição, já que o PTB é dividido. Então estamos aguardando a decisão da executiva nacional para tomarmos todas as medidas necessárias e entregarmos o partido ao senador José Agripino e caso não haja a fusão, vamos procurar fortalecer cada vez mais o PTB. Estamos articulando com grandes lideranças locais. Inclusive já mantivemos contato com o ex-vereador e atual presidente da PREVI, Renato Fernandes, e todo seu grupo político. De forma que queremos fortalecer o partido e disputar as eleições de 2016 fazendo um bom número de vereadores.
MH – O que é a fusão para o PTB?
CP – A fusão é muito ruim para o PTB