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MOSSORÓ
Por Valéria Lima
09/05/2016 14:56
Atualizado
13/12/2018 10:41

Comunidade LGBT luta por garantia de mais direitos no ambiente acadêmico

Representação na universidade avançou, mas estudantes apontam que ainda há muito a ser discutido e conquistado
Valéria Lima

“O pessoal tem mais preconceito com banheiro do que com qualquer outra coisa”. A declaração bem-humorada é do estudante e coordenador de Diversidade Sexual do Diretório Central Estudantil (DCE) da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN), Hans Willegaignon.

O estudante de Filosofia se refere ao uso do banheiro feminino/masculino por parte de transexuais que estudam na instituição. Segundo ele, esse é apenas um dos pontos de debate frente aos direitos da comunidade Lésbicas, Gays, Bisexuais e Transexuais (LBGT) no ambiente acadêmico.

“Já vi alguns casos de transexuais sendo discriminados aqui na universidade. Aí eu penso, se o estudante não tem garantia de usar um banheiro, como ficam os outros direitos?”, questiona Hans.

Segundo o estudante, a representação acadêmica da comunidade LGBT avançou bastante no último ano com a criação da Coordenação de Diversidade Sexual. Mas, ainda há muito a ser discutido e conquistado. A inclusão de disciplinas que tratem a discussão de gênero é uma das mais importantes, relata.

O tema foi bastante discutido a partir do episódio em que o aluno do curso de História da UERN, Francisco Júnior, denunciou através do Facebook o professor João Araújo, acusado de incitar a violência e ódio contra o público LGBT durante uma aula em março deste ano.

“Não vejo resistência. Vejo respeito. O caso do professor foi um caso isolado. Na ocasião, vários cursos se mantiveram ao lado da comunidade, demonstraram apoio a causa”, relatou Hans que, inclusive, participou de protesto realizado contra a suposta atitude do professor.

(Foto: Estudante Hans Willegaignon durante protesto na Universidade do Estado do Rio Grande do Norte)

Na Universidade Federal Rural do Semi-Árido, as demandas da comunidade LGBT também são motivo de constantes debates. De acordo com a coordenadora de Diversidade Sexual do DCE da UFERSA, a estudante de Direito Ana Vitória Saraiva, muitos obstáculos ainda precisam ser superados.

“Ainda há transfobia, por exemplo, diariamente. O uso de banheiros é um dos casos também. Teve um tempo que fizeram uma campanha sobre o uso dos banheiros e colocados cartazes em vários locais, que foram arrancados”, afirma Ana Vitória, que é transexual desde o início de 2015.

A estudante explica que ainda há muitas lutas a serem vencidas pela comunidade, como, por exemplo, o direito ao Nome Social. Uma lei federal aprovada em 2010 garante aos transexuais e travestis usarem um nome social de sua preferência nas escolas. Para isso, o estudante deve manifestar o interesse na instituição de ensino.

Ana usa o Nome Social desde o início de 2015. “São tantas lutas diárias. Mas, acho que a principal é a de desconstruir o sentido de gênero e abrir nova discussão sobre o assunto”, comenta.

Para o professor de Comunicação Social, Jo Fagner, ainda há muito o que ser conquistado dentro da academia em relação ao respeito à comunidade LBGT. “Temos muitos alunos LGBT’s, mas ainda falta acolhimento a eles por parte de professores e colegas. Muitos não compreendem a condição dessas pessoas. É complicado dizer que o ambiente acadêmico é acolhedor, pois na prática percebe que não é”, diz.

Fagner defende políticas internas de combate à discriminação e principalmente de inclusão da comunidade tanto dentro da universidade quanto no mercado de trabalho.

“Não basta que o espaço seja ocupado. É preciso promover o aperfeiçoamento profissional dos próprios professores para entender o respeito ao próximo. Ainda é uma carência muito grande, é preciso aperfeiçoamento, e de fato, praticar respeito”, conclui o professor.

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