21 SET 2024 | ATUALIZADO 18:26
MOSSORÓ
Por: Ismael Sousa
14/05/2016 07:15
Atualizado
13/12/2018 11:26

Condutores da Tocha: conheça o estilo Antônio Francisco de ser

?Vou carregar a tocha com uma mão e no coração eu carrego toda a minha cidade?, afirma cordelista mossoroense que participará do revezamento da tocha no dia 6 de junho.
Fotos: Ismael Sousa / MH

“Vou carregar a tocha com uma mão e no coração eu carrego toda a minha cidade Mossoró, pois foi aqui onde nasci e criei meus filhos. Nunca imaginaria que com 67 anos poderia participar de evento tão importante que são os jogos olímpicos”, afirmou com entusiasmo o poeta, cordelista, escritor, contador de histórias e ciclista mossoroense Antônio Francisco, um dos escolhidos para o revezamento da Tocha Olímpica em Mossoró.

Pela primeira vez, a chama olímpica vai passar pelas ruas de Mossoró. A passagem será no dia 6 de junho. Serão 12 km de percurso. Os cinco indicados pelo município para carregar a tocha são os lutadores Leandro Higo e Claudinha Gadelha; a ciclista Alice Melo; a carateca Aline de Paula e o poeta Antônio Francisco.

O Jornal Mossoró Hoje está destacando o perfil de cada um deles, na série de reportagem “Condutores da Tocha”.

Antônio Francisco recebeu a equipe do Mossoró Hoje em sua residência, no bairro Lagoa do Mato, onde falou sobre sua trajetória de vida, trabalho, conquistas, reconhecimentos e as aventuras a bordo de sua bicicleta, além, claro, da paixão pela poesia e literatura de cordel, o que lhe concedeu vários trabalhos e prêmios.

Graduado em História pela Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN), Antônio Francisco vive pacatamente ao lado da esposa, Josemira Maria Maia, a Nira, com quem é casado há 45 anos. Mas antes de se tornar escritor e poeta, já tinha feito de tudo e mais um pouco: ciclista, soldador, pintor, garçom, xilógrafo, vendedor de jornal e até plaqueiro de automóveis.


Poeta exibe com orgulho os prêmios que recebeu em vários eventos que participou pelo país

“Tudo que eu via na rua eu queria fazer, pois era pela necessidade de ganhar um trocado. Eu nasci em uma cidade grande como Mossoró, e foi ela que me deu a oportunidade de fazer tudo isso. Muitas pessoas procuravam o meu serviço, pois era um dos poucos a fazer placa de carro na cidade”, relembrou o poeta.

Uma das maiores paixões do poeta é viajar de bicicleta. O espírito aventureiro de Antônio Francisco serviu de inspiração para várias obras literárias.

Poesia de Cordel

Antônio Francisco conta que começou sua carreira na literatura de cordel tardiamente aos 45 anos, influenciado por cantoria de viola e pelas experiências vividas em longas viagens de bicicleta conhecendo os mais diversos lugares do Nordeste. Seu trabalho é reconhecido publicamente pela musicalidade de seus poemas, passando a ser alvo de estudo de vários compositores brasileiros.

"A minha aproximação com a poesia foi com os cantadores de viola. Em toda a minha vida, o que eu via na rua eu tinha vontade de fazer. E vendo aqueles artistas escrevendo e cantando rimas me influenciou bastante. Tive muita influência também com poetas como Luís Campos e Crispiniano Neto, e vejo a minha escrita voltada para a defesa social. A poesia me levou muito longe", afirma ele.

Em 15 de maio de 2006, Antônio Francisco foi eleito para a Academia Brasileira de Literatura de Cordel (ABLC), ocupando a cadeira de número 15, cujo patrono é o poeta cearense Antônio Gonçalves da Silva, mais conhecido como Patativa do Assaré.

Sua produção poética cordelista foi reunida em dois livros: Dez Cordéis num Cordel Só, onde retrata inúmeras situações e imagens da vida cotidiana do homem nordestino; e Por Motivos de Versos, com histórias que remetem à terra natal.

Vida pacata, curiosidades e futuro

Antônio Francisco divide tempo com produções literárias, leituras, passeios de bicicleta e alguns passatempos curiosos. Um deles é a fabricação de sandálias e borná, um tipo de bolsa para carregar objetos. “Todos os meus poemas escrevi de calça curta e chinelo. Eu ando assim durante toda a minha vida”, diz.

Na sala de sua casa, há uma pequena biblioteca onde ele vende os seus livros e suas camisetas. Ele também expõe com orgulho os troféus e medalhas que ganhou durante toda sua vida no mundo das artes e da literatura. O ambiente ganha vida com pinturas e fotografias dos principais eventos em que participou pelo Brasil.


Antônio Francisco reuniu alguns de seus trabalhos em um único livro: Dez Cordeís num Cordel Só

 No quintal, que é um dos locais onde costuma passar a maior parte do tempo, o poeta costuma colher cajaranas e pescar com vara e anzol em um pequeno tanque onde cria peixes e dois cágados. Outro costume curioso do poeta é deixar as portas da casa abertas para que os moradores possam atravessar de uma rua para outra. Ele conta que o vai e vem é comum o dia todo, tanto para atravessar a rua ou para pegar algum livro emprestado.

Para incentivar a leitura na comunidade, Antônio Francisco construiu uma caixinha do lado de fora da casa, batizando de “Casa das Palavras”, onde os moradores podem levar um livro emprestado ou deixar algumas obras para que outros moradores possam ler. Ele relata que tem o projeto de construir, em frente a sua residência, um pequeno bosque com bancos e espaço para espalhar a literatura de cordel no bairro.

“Se Deus assim permitir, construirei um espaço para a literatura e a pintura em um ambiente bastante verde e agradável para que todo tipo de pessoa do bairro, de menino a idoso, possa desfrutar do prazer da boa leitura”, concluiu.

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