Após receber moradias dignas no novo residencial Jardim das Palmeiras, moradores da antiga favela do Tranquilim, em Mossoró, atearam fogo em alguns barracos durante a noite desta sexta-feira(08) e manhã deste sábado (09), comemorando o novo lar.
Entretanto, o ato comemorativo terminou por prejudicar os moradores que não conseguiram a casa ainda devido a problemas cadastradas, como é o caso da senhora Veraneide Paula de Sousa, de 36 anos, e seus três filhos, sendo um com 3 meses.
O marido desta senhora Veraneide Paula é o jovem Sameck Meleck Barbosa Ferreira, de 18 anos. Ele narrou que na noite de sexta-feira foi um verdadeiro terror no que restou de casas no Tranquilim. Segundo ele, alguns barracos foram roubados e outros incendiados. "A fumaça botou a gente para fora de casa", diz.
E fora de casa, o filho dele de 3 meses, com a senhora Veraneide Paula, sofreu muitas picadas de mosquitos. "Eu não fui contemplada porque meu nome está no Serasa. Aí cadastramos o nome do meu irmão Francisco Paulo Libânio e estamos esperando aprovação do cadastro", diz Veraneide.
O pedreiro Francisco de Assis da Silva, de 62 anos, que está providenciando os documentos pessoais para receber sua casa no Jardim das Palmeiras, contou que na noite desta sexta-feira, (08), ninguém dormiu. "Tive que tirar minhas coisas do barraco e colocar neste aqui emprestado", diz.
Já a dona de casa Ana Pereira da Silva, se mostrando revoltada com a atitude dos moradores que já conseguiram as casas tocarem fogo nos barracos, chamou o Corpo de Bombeiros. Em contato com o MOSSORÓ HOJE, o bombeiro Ivanaldo Carlos de Sousa fez recomendações.
Das mais de 400 famílias que moravam barracos na Favela do Tranquiliam, pelo menos oito famílias, segundo relatou o morador Manoel Anaro da Silva, de 57 anos, não conseguiram casas no Jardim das Palmeiras. Ele contou que alguns não tem documentos e outros estão com cadastrados negativados.
"São pessoas que cresceram aqui", diz Manoel Amaro, mostrando o servente Everton Gomes de Santos Pinheiro, de 24 nos, casado e dois filhos. "Eu não sei mais o que fazer para ganhar uma casa e estou tendo que sair do barraco às presas porque estão botando fogo", diz Everton Gomes.
Em contato com o MOSSORÓ HOJE, a assessoria da Prefeitura Municipal de Mossoró informou que está se cercando de cuidados para reduzir as chances de pessoas que não precisam ficarem com as casas. Confirmou que realmente está analisando cadastros de alguns moradores.