07 SET 2024 | ATUALIZADO 13:58
VARIEDADES
Amanda Nunes
10/07/2016 14:01
Atualizado
14/12/2018 08:32

Comportamento: as consequências de um mal chamado ciúme

Psicóloga alerta para riscos do ciúme excessivo: sentimento causa sofrimento e problemas significativos nas relações interpessoais
Ilustração/Internet

Há quem diga que sentir ciúme seja uma prova de amor. É bem comum nos relacionamentos discussões pelo excesso ou pela falta de ciúme, mas identificar o limite do sentimento é o maior desafio entre homens e mulheres e este fator pode ser muitas vezes o maior obstáculo enfrentado pelo casal.

A psicóloga Keli Pedrosa afirma que existe sim ciúme saudável, mas há também o patológico. É preciso identificar o momento em que este sentimento causa sofrimento e problemas significativos nas relações interpessoais. Segundo ela, quando isso ocorre já é sinal de que o ciúme é doentio.

“O ciúme patológico são vários sentimentos perturbadores e absurdos, os quais determinam comportamentos inaceitáveis ou bizarros. Esses sentimentos envolvem medos desproporcionais de perder o parceiro. Ele se caracteriza no seu aspecto absurdo, na irracionalidade, não em seu caráter excessivo”, explica.

Embora não exista pesquisa que comprove se há maior incidência do ciúme entre homens e mulheres, Keli acredita não haver distinção. “A questão é que culturalmente o homem tem dificuldade em aceitar esse sentimento, visto que para ele é um fracasso. Então sempre tenta mascarar com o mecanismo de defesa, projetando para o outro e assim pode ter diversas reações, podendo ser agressivas ou não”, afirma a especialista.

Já em relação às mulheres, a psicóloga explica que o ciúme se manifesta, muitas vezes, nos chamados comportamentos de verificação. “Elas abrem correspondências, ouvem telefonemas, examinam bolsos, carteiras, roupas íntimas, seguem o companheiro, contratam detetives. Todas essas tentativas são para aliviar sentimentos, além de reconhecidamente ridículas pelo próprio ciumento, o que não ameniza o mal-estar da dúvida”, conclui.

A funcionária pública Maria Silva* tem 32 anos e está casada há 10 anos. Segundo ela, até engravidar não sofria com os transtornos causados pelo ciúme, que só começaram durante a gestação da filha que hoje está com seis anos. Crises de choro, problemas de insônia, falta de ar e momentos de tristeza profunda fazem parte da sua rotina.

“Meu marido teve um caso extraconjugal quando engravidei, e esse caso durou três anos. Desde então, eu me sinto insegura. Se eu achar que existe alguma mudança na rotina, se ele chegar mais tarde do trabalho do que o habitual, se não atender o celular, se estiver muito tempo online sem ser falando comigo, eu já começo a imaginar mil coisas”, diz ela.

Questionada sobre o que faz para conter suas crises, Maria diz que conversa com as amigas, pede conselhos, e busca também ajuda de um profissional para tratar de outro problema: ansiedade. “Faço terapia porque sou muito ansiosa, tomo medicações, mas tenho receio em contar ao médico as crises excessivas de ciúme”.

Por medo de acabar a relação, ela diz que esconde o que sente do marido, pois quando ele percebe o ciúme excessivo fica chateado. “Eu não conto nada a ele, só que não consigo fingir muito. Todo mundo percebe. Sei que isso não me faz bem e por isso tenho tentado melhorar”, afirma. 

Os problemas causados pelo ciúme podem acarretar grandes traumas ao casal. Recentemente veio à tona o caso da modelo Luíza Brunet, que foi agredida pelo seu parceiro e teve quatro costelas quebradas. A psicóloga Keli Pedrosa explica que o grande perigo é que o doente não avalia a maneira em que vai colocar pra fora o sentimento de desconfiança excessiva.

O ideal é que ao identificar os transtornos e abusos o auxílio do profissional da área seja procurado. “A partir do instante que está causando sofrimentos significativos ao ciumento e as pessoas da sua convivência estão sendo afetadas, é hora de fazer uma avaliação”, finaliza a psicóloga.

 

*Nome fictício, a pedido da entrevistada.

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