Desde o dia 24 de junho, cerca de 400 famílias estão acampadas em um terreno às margens da RN – 015, estrada que liga Mossoró a Baraúna. Elas cobram a construção de casas populares, através do programa Minha Casa Minha Vida 3, que teve as atividades suspensas em maio deste ano pelo presidente Michel Temer.
Ao todo, são quase 2 mil pessoas ligadas ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), que moravam de aluguel e, por causa da crise e do desemprego, não podem mais pagar pela moradia. Agora eles dividem barracos, água, comida e até uma fogueira à noite para se aquecer.
(Foto: Josemário Alves / MH)
A dona de casa Sandra é uma das integrantes do acampamento, denominado de "Comuna Dandara dos Palmares". Ela trabalha como faxineira e seu esposo como pedreiro, mas os dois estão desempregados.
Ela conta ao MOSSORÓ HOJE que aceitou o desafio de lutar junto aos outros ocupantes, devido às condições financeiras e o sonho de ter sua casa própria.
“Estamos batalhando. Se Deus quiser tudo vai dá certo”, declarou ela com esperança no olhar. Seu barraco de dois cômodos é dividido com seis filhos, dois netos, genros e noras, totalizando 15 pessoas.
“A gente se ajeita. Coloca papelões no chão para dormir e vamos levando”, acrescenta.
(Foto: Josemário Alves / MH)
Ao ser questionada sobre quais as principais dificuldades enfrentadas pela família, ela responde imediatamente. “A fome. Desde que chegamos aqui, vivemos de doações. Já passamos fome e sede. Hoje a gente tem dois quilos de arroz, mas tem dia que não temos nada”, disse ela visivelmente emocionada.
Um dos representantes da Comuna, o agricultor Maicon, revela que já receberam ameaças porque ocuparam o terreno.
(Foto: Josemário Alves / MH)
“Já vieram uns homens aqui e disse que se a gente não saísse, eles iam chamar a polícia e tocar fogo nas barracas com a gente dentro. Mas, nós não queremos fazer mal a ninguém. Só queremos moradias”, conta.
Apesar de estarem no terreno há quase 20 dias, os moradores alegam que não receberam nenhuma resposta do poder público ou do proprietário. Eles disseram que a área ocupada pertence ao senador José Agripino Maia, mas o MOSSORÓ HOJE não conseguiu confirmar a informação.
(Foto: Josemário Alves / MH)