“Sem bolsa, não há vida”. A declaração da assistente social aposentada Inês Medeiros resume a angústia dos cerca de 130 pacientes ostomizados atendidos atualmente em Mossoró e região. Desse total, há quatro crianças, que, segundo o Grupo de Assistência à Família Ostomizada, não receberão nesse mês de novembro as bolsas coletoras de fezes e urina.
“Não vão receber porque o Governo não comprou. Sem bolsa, não há vida. São duas crianças de apenas um ano e outras duas de 8 e 9. Precisamos chamar atenção da sociedade para esse problema”, relata Inês Medeiros, que é uma das fundadoras do Grupo de Assistência.
“As crianças precisam de uma bolsa por dia, quando elas são maiores são cerca de 15/20 por mês. Em outubro, só veio metade da quantidade necessária e esse mês não deve chegar nada, pelo que nos foi informado”, lamenta Inês Medeiros, acrescentando que o material, distribuído no Hospital da Polícia Militar, deve ser encaminhado para Mossoró nesta quinta, 10.
Ainda segundo a assistente social, os pacientes adultos também enfrentam dificuldades, não quanto ao envio das bolsas, mas ao tipo de coletor específico para cada ostomizado. “A lei determina que o paciente tem direito a receber um tipo específico de bolsa para cada estômago, dependendo da posição, mas há um ano o Governo não faz licitação e manda sempre um só modelo, com isso a maioria dos ostomizados recebem a sua bolsa errada, digamos assim”, explicou Inês.
Cada paciente deve receber, além de uma média de 10 bolsas/mês, material para higiene e cuidados com a pele, chamados adjuvantes. No entanto, esses itens também não estão sendo repassados pelo Governo do Estado há um ano, segundo informa o Grupo de Assistência. “Nos casos mais graves, a gente conta com o apoio de amigos”, comenta Inês Medeiros.
O portal MOSSORÓ HOJE entrou em contato, via e-mail, com a Secretaria de Estado da Saúde Pública (SESAP), questionando a posição do órgão sobre as denúncias apresentadas nesta reportagem. No entanto, até o momento, não obteve resposta.
Ostomia
A ostomia é uma intervenção cirúrgica que permite criar uma comunicação entre o órgão e o exterior, com a finalidade de construir um novo trajeto para saída das fezes e da urina ou para entrada de alimentos e medicações.