O prefeito Francisco José Júnior reuniu na tarde desta quinta-feira, 29, sua equipe de auxiliares do primeiro escalão e demais servidores da gestão municipal para prestar contas de seu mandato, que se encerra no próximo sábado, 31.
Em sua fala, Francisco José Júnior destacou os avanços alcançados em áreas prioritárias, como saúde, segurança e educação, relembrou os inúmeros desafios que enfrentou sem baixar a cabeça e agradeceu o apoio de todos que colaboraram com o trabalho iniciado há três anos.
“Entregaremos o governo com a preocupação de um gestor que deu o sangue por sua gestão”, ressaltou Francisco José Júnior em seu discurso, que você acompanha, na íntegra, logo abaixo:
“Caros amigos e amigas, permitam-me chamá-los assim, pois esse é o único tratamento que nos define neste momento. Amigos e amigas.
É preciso tratar assim a todos vocês que aceitaram e cumpriram esta que pode ser a maior missão de nossas vidas. Nós não somos os únicos no Brasil a enfrentar uma crise nessas proporções. Todos os municípios do Rio Grande do Norte enfrentam esse problema, inclusive Natal que vive uma situação muito parecida com a nossa. A diferença é que, além de ter mais dinheiro, a gestão tem do seu lado toda a mídia e o interesse dos grupos tradicionais.
Quem diria que estados como Rio de Janeiro, maior receptor de royalties e turistas do Brasil, vivesse tamanho caos. Minas Gerais, Rio Grande do Sul e até São Paulo que esconde o problema porque tem a Globo à sua disposição.
Vocês veem alguma diferença entre a situação do Estado e do município? Para a gestão estadual a crise começou muito antes de nós e só não se agravou mais porque seguramos a barra do governador enquanto pudemos. Não me arrependo disso porque não fiz por ele, mas pela população, principalmente pelas futuras mães que ficaram sem ter onde parir depois do fechamento da APAMIM e das sucessivas crises no Hospital da Mulher.
Como disse, nós não somos os únicos no Brasil a enfrentar esse caos vivido todos os dias por falta de recursos e apoio, mas estamos entre os poucos que não têm o apoio da mídia – rádio, televisão, jornais, blogs – que, em todos os lugares, pertencem aos grupos políticos tradicionais, os mesmos que não prepararam suas cidades e seus estados para essa crise grave que enfrentamos agora.
De 2014 para cá, quando estourou no Brasil uma grave crise política que acabou com o afastamento da presidente Dilma Rousseff, o País não é o mesmo. O Brasil vinha atravessando um período de calmaria desde o governo Itamar Franco, da criação do Real, da estabilidade econômica iniciada no governo Fernando Henrique Cardoso, no boom de crescimento econômico e social dos governos Lula e Dilma.
Sempre houve dificuldades, sempre faltou recursos e sobraram obrigações, mas os prefeitos que vieram antes de mim tiveram sempre a quem recorrer. Cada presidente que entrava tinha como objetivo melhorar o País para que a sua política econômica marcasse a sua passagem. O que vivemos agora é atípico e muito grave. As crises política e econômica – principalmente a crise internacional provocada pela queda no preço do petróleo e de todas as commodities – tem obrigado o governo atual a cortar gastos, despesas e até direitos. E, como sempre, os mais prejudicados são os prefeitos que perdem receitas, serviços e condições de manter funcionando a máquina como deveria e gostaria. Pois é nas cidades onde o povo mora.
Não quero assustar ninguém, mas preciso dizer que a situação tende a ficar mais complicada. Não quero com isso torcer contra ninguém, afinal não me preocupam as gestões, mas o que elas fazem com o povo, por isso, é preciso dizer que os próximos anos e enquanto durar essa crise política nacional, os municípios viverão a pão e água.
Meus amigos e amigas, repeti diversas vezes que governar é eleger prioridades. Entregarei o governo no dia 1º de janeiro com algumas dificuldades, nada diferente dos meus colegas prefeitos, mas tenho orgulho em dizer que entrego todos os equipamentos e serviços abertos.
Preciso que vocês me respondam com sinceridade: Vocês acham que erramos ao abrir a UPA do BH? Que erramos ao aumentar o número de médicos nas outras unidades? Erramos ao abrir as BICs e instalar uma Secretaria de Segurança no município? Erramos em tentar resolver o problema dos ambulantes, de iniciar toda aquela briga para garantir que tenha ônibus de qualidade circulando em nossa cidade? Erramos em evitar que o Nogueirão fosse leiloado fazendo o município perder milhões??
Vocês que estavam comigo todos os dias, acham que atrasamos salários porque quisemos? Que os prefeitos de todo o País estão decretando calamidade e atravessando situações piores do que a nossa porque eles querem?
Eu sei que vocês sabem que não. Por que amigos e amigas, se eu fosse um gestor tradicional eu poderia ter feito diferente, mas hoje estaria muito infeliz por minhas decisões.
É bem provável que as primeiras atitudes do novo governo seja fechar as Bics, diminuir os médicos das UPAs. Talvez até fechar uma UPA. Reduzir ao mínimo os investimentos na Maternidade Almeida Castro, entre outras medidas duras que chamarão de “impopulares” ou, quem sabe, com uma palavra mais bonita, chamarão de “austéras”.
É possível que com isso eles economizem mais dinheiro e até usem a mídia – que agora está do lado deles – para dizer que em um ano ou dois conseguirão equilibrar as contas. Mas meus amigos, isso não passará de propaganda.
Se os repasses federais não melhorarem, se o município não arrecadar mais e se os royalties do petróleo não voltarem a crescer, eles viverão a mesma crise que nós. Talvez pior. A diferença é que a população terá menos acesso aos serviços essenciais como saúde e segurança. Eles até podem tentar maquiar isso usando a imprensa, mas com as redes sociais não terão como calar o povo.
Toda economia é necessária e nós fizemos muitas, vocês são testemunhas que cortamos na própria carne e colocamos em risco todo o nosso governo, mas nenhuma economia pública vale os serviços essenciais. Nenhuma economia vale tirar do pobre o pouco que ele tem. É por isso que enfrentei com vocês toda essa crise para não deixar fechar os equipamentos na esperança que o mês seguinte seria melhor.
Porque como disse o filósofo Aristóteles: A esperança é o sonho do homem acordado. E eu pergunto, de que adianta um gestor sem esperança? Durante um breve período nós vimos esse país sair do ostracismo para se tornar um gigante porque “A esperança venceu o medo”.E eu, meus amigos, que sou um homem de extrema fé, não perdi a esperança um só dia e paguei para ver. Foi caro o preço que paguei? O tempo dirá.
Não me arrependo de ter tentado e espero que vocês também não. Nós poderíamos ter feito diferente? Claro, sempre é possível fazer diferente, até para quem só acerta. Mas e se tivéssemos as mesmas condições econômica dos nossos antecessores, precisávamos fazer diferente ou teríamos feito uma grande revolução em Mossoró?
Quando o próximo governo assumir, não pegará um município com dificuldades, pegará um País com dificuldades. Nós, possivelmente, seremos por algum tempo, a desculpa para eles. Dirão que não fizemos isso ou não fizemos aquilo, mas logo o povo entenderá que essa conversa está furada. Veremos isso pelas redes sociais, não pela imprensa.
Se as notícias forem fieis, o próximo governo começará em crise porque pretende começar fazendo arrochos sérios demais para o tipo de estrutura que estão acostumados. E os cortes nos serviços mostrarão a diferença entre a vontade de cuidar do povo e a necessidade – que eles têm – de se manterem no poder.
Então, amigos e amigas, o que posso dizer hoje a cada um de vocês, que atravessam essa tempestade e que chegaram até aqui comigo, é MUITO OBRIGADO.
Eu sem vocês não seria nada. Se não fosse a confiança, a inteligência e disposição de vocês. Se não fosse a esperança que vocês ajudaram a alimentar junto comigo, eu não teria dado nenhum passo. E posso afirmar ainda, com convicção e consciência tranquila, que se não fosse esta equipe, a situação em Mossoró seria de caos total. Se com dinheiro, grandes empréstimos e apoio da Petrobras eles precisaram pedir socorro aos municípios de Russas, Alexandria e a Natal imagina nesta situação atual.
Portanto, amigos e amigas, entregaremos o governo com a preocupação de um gestor que deu o sangue por sua gestão, mas também com a tranquilidade dos que fizeram tudo, talvez mais, do que poderia ser feito.
Mossoró cresceu muito através de nossas mãos. Ampliamos os equipamentos de saúde, colocamos ônibus de qualidade para rodar, entregamos centenas de casas, convocamos centenas de novos servidores, ampliamos a estrutura de segurança da cidade, demos uma segunda chance para o esporte local, construímos acessos, melhoramos ruas, criamos o primeiro parque municipal da região e deixamos uma série de ações e projetos para serem executadas no futuro. Cuidamos da Mossoró de hoje, sempre pensando na Mossoró de amanhã. Fizemos isso com nossa equipe, mas também conversando com toda a população através dos nossos Fóruns e projetos sociais como o Meu Bairro Melhor.
Depois do primeiro mandato do governo Dix-Huit Rosado, sou o único prefeito que assumiu de fato a Prefeitura. Não deixei meu filho ou minha esposa governarem por mim. Nunca me escondi em Tibau e nunca, dia ou noite, me esquivei de conversar com a imprensa. Sempre estive presente, nos dias bons e nos dias ruins. E nunca, desafio qualquer um aqui a dizer o contrário, tratei mal um colega de trabalho, não importa sua função. Como também nunca fui negativo, nunca disse uma frase pessimista, muito pelo contrário: pedi que mantivessem a fé, que tivessem força e esperança em seus corações. É por isso que, com muito orgulho, sei que se lembrarão de mim também pela humildade e que estarão comigo novamente nos nossos próximos projetos. Porque a luta continua.
Muito obrigado a todos e a todas por esta caminhada de luta, força e ensinamentos. Sigamos firmes no propósito de fazer sempre o nosso melhor com convicção, amor e, principalmente, fé e coragem.
Desejo a todos e todas não um feliz ano novo, mas uma vida sempre plena de conquistas e sabedoria.
Que Deus nos abençoe"