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POLÍCIA
Da redação
26/03/2017 09:30
Atualizado
13/12/2018 12:49

Como o "Baile da Favela" se transformou em o baile da morte

Guerra entre facções começou em Caraúbas, no início de 2015 e deslanchou para ataques com perfil de terrorismo nos dias atuais dentro e fora dos presídios
Como o “Baile da Favela” (AQUI) se transformou em o “baile da morte”? Para entender esta questão precisamos retornar ao início de 2015, quando a Facção PCC matou quatro presos da facção Sindicato do RN na Cadeia Pública de Caraúbas (AQUI).

Depois deste evento sinistro, teve uma sequência de presos que foram suicidados dentro dos presídios no Rio Grande do Norte, assim como também rebeliões que resultaram em mortes, massacres, como este ocorrido em Alcaçuz (AQUI).

A guerra entre membros das duas facções, neste intervalo, saiu do interior dos presídios e cadeias, e se instalou nas ruas das principais cidades do Rio Grande do Norte. Nesta “disputa”, quem realmente perdeu foi o cidadão, que ficou sem sua tranquilidade no seio familiar.

Outro fator merece ser observado nesta guerra de facções nos presídios e nas ruas: ficaram descapitalizadas e intensificaram os assaltos, tanto de grande porte (invasões de cidades e assaltos carro-forte) como de pequeno porte (invasões de residências...).

O que seria o meio “pacífico” de sobrevivência das facções, o tráfico, se transformou em meio violento. Começaram a se atacar por território, por cidades. Antes da chacina no “Baile da Favela”, queimaram residências e mataram seus proprietários em Mossoró (AQUI).

A chacina no “Baile da Favela” foi o pico dos confrontos fora dos presídios. Dentro, foi o massacre em Alcaçuz. Na chacina, a facção Sindicato do RN não objetivava matar somente membros da facção PCC, seus inimigos, e sim causar o terror, matando inocentes.

E conseguiram.

Mataram um que seria do PCC e outros 4 que não teria ligação com a facção, segundo informou o delegado Rafael Arraes (AQUI), que comanda as investigações com apoio da Divisão Especial de Combate ao Crime Organizado no Rio Grande do Norte.

Os indícios apontam que o Sindicato do RN agiu para mandar uma mensagem forte, não só para seus inimigos do PCC, mas principalmente para a sociedade, que eles dominam o território e que estão dispostos a manter inocentes para manter esta condição.

O Governo do Estado atua, com poucas condições humanas, técnicas e tecnológicas, para apartar uma guerra, onde bandidos são “invisíveis”, bem como para proteger a sociedade destes mesmos bandidos procurando, nos assaltos e no tráfico, se capitalizarem.

O “Baile da Favela”, segundo o delegado Rafael Arraes, estava sendo realizado por membros do PCC para comemorar a chegada a Mossoró de um importante membro. Ainda conforme o delegado, o único do PCC morto na chacina foi Eduardo Farias.

É o que ficou claro na entrevista coletiva dos Delegados Rafael Arraes e Denis Carvalho para divulgar a prisão dos responsáveis pela chacina no “Baile da Favela”, no caso o natalense Felipe Martins, o Playboy, e o mossoroense Francisco Josenilson, que confessam.

Considerando as particularidades desta guerra entre facções, que terminam expostos são os policiais, além até do que a própria população. Ao menos é que fica configurado quando bandidos, assaltam e matam o policial que tenta evitar o ato criminoso.

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Erielly Amanda, Ronald Kainnã, Israel Gomes e Jociê Morais, assim como os outros dez baleados com menos gravidades e sobreviveram, eram alvos sim da facção Sindicato do RN e sua guerra contra a facção PCC. A sociedade inteira é o alvo desta guerra estúpida.

O surgimento das facções
A facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital), a maior e mais organizada do país hoje, foi criada por oito presos, em 31 de agosto de 1993, no Anexo da Casa de Custódia de Taubaté (130 km de SP), o Piranhão, tida naquela época como a prisão mais segura do Estado.

Surgiu diante da incompetência do Governo de São Paulo, na época, do PSDB, assim como também da então incompetência do governo Federal, até então do mesmo partido. A questão explodiu no governo do PT, que não conseguiu retomar o poder até então.

O Sindicato do RN seguiu o exemplo. Surgiu no RN dez anos depois, durante o governo de Rosalba Ciarlini, então filiada ao DEM, aliado histórico do PSDB.  Rosalba ignorou a precariedade dos presídios e os presos assumiram o comando, criando o Sindicato do RN.


 

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