O dono da J&F, que controla o frigorífico JBS, afirmou que o grupo político em torno do presidente Michel Temer (PMDB) é “a maior e mais perigosa organização criminosa deste País” e que o presidente é o líder dela. O empresário Joesley Batista falou pela primeira vez desde que fez acordo de delação premiada na Lava Jato. O veículo escolhido foi a revista Época desta semana, publicada pela editora Globo.
Foi em um veículo do grupo, o jornal O Globo, que foi publicada a informação, em maio, de que Joesley havia gravado o presidente durante uma reunião no Palácio do Jaburu e fechado acordo de delação premiada. A divulgação do conteúdo instalou uma crise na economia do País que chegou a interromper as operações da bolsa de valores de São Paulo. Na sequência, um editorial do jornal pediu a renúncia de Temer.
Na entrevista à Época, o executivo se diz arrependido dos crimes que cometeu, mas pondera que precisou se manter próximo a alguns integrantes do PMDB porque “morria de medo” do que eles poderiam fazer com os negócios dele.
"Temer, Eduardo, Geddel [Vieira Lima, ex-ministro de Governo], Henrique [Eduardo Alves, ex-ministro do Turismo], [o ministro da Casa Civil, Eliseu] Padilha e [o ministro da Secretaria-Geral da Presidência] Moreira [Franco]. É o grupo deles. Quem não está preso está hoje no Planalto. Essa turma é muita perigosa. Não pode brigar com eles. Nunca tive coragem de brigar com eles", afirmou o executivo.
Batista disse que Michel Temer “não tem muita cerimônia” na hora de pedir dinheiro e favores. “Teve uma vez também que ele me pediu para ver se eu pagava o aluguel do escritório dele na praça [Pan-Americana, em São Paulo]. Eu desconversei, fiz de conta que não entendi, não ouvi. Ele nunca mais me cobrou”, exemplificou.
Ele também toca no assunto do jatinho do grupo usado para levar Temer, quando ainda era vice-presidente, e a família à Bahia. “Dentro desse contexto: ‘Eu preciso viajar, você tem um avião, me empresta aí’. Acha que o cargo já o habilita”.
O empresário alega que a hierarquia tinha na base o operador do esquema, Lúcio Funaro (preso em Curitiba). Em seguida, vinha Eduardo Cunha e acima dele Michel Temer.
“A pessoa a qual o Eduardo se referia como seu superior hierárquico sempre foi o Temer. [...] Primeiro vinha o Lúcio. O que ele não conseguia resolver pedia para o Eduardo. Se o Eduardo não conseguia resolver, envolvia o Michel”.
Joesley Batista também reforçou afirmações que fez no acordo de delação premiada, como a de que Temer sabia que ele pagava uma espécie de mesada para as famílias de Eduardo Cunha e Lúcio Funaro para, em troca, evitar delações premiadas por parte deles.
O Palácio do Planalto informou que não vai se posicionar a respeito da entrevista de Joesley Batista.
Com informações R7