A venda de maconha para uso recreativo em um grupo de farmácias no Uruguai começou nesta quarta-feira, 19. Com isso, o país sul-americano se torna o primeiro da América Latina a distribuir a substância legalmente por meio de uma rede autorizada.
A comercialização começa após 1307 dias da promulgação da lei, apresentada e aprovada durante o mandato do ex-presidente de esquerda José Mujica (2010-2015) como estratégia de luta contra o narcotráfico.
Dezesseis farmácias aderiram ao sistema e cumprem todos os requisitos exigidos pelo Instituto de Regulação e Controle da Cannabis (IRCCA), segundo a France Presse. O cronograma para a venda de maconha ao público em farmácias foi o ponto mais conflitivo e complexo da lei.
A nova legislação habilita três vias para ter acesso à cannabis: cultivo em lares, cultivo cooperativo em clubes e venda em farmácias de maconha produzida por empresas privadas controladas pelo Estado, segundo a France Presse.
O IRCCA contabiliza, desde que se iniciou o processo de inscrição em 2 de maio, cerca de 4.700 pessoas registradas para comprar maconha. A população do Uruguai é de 3,4 milhões de habitantes. Para se cadastrar no sistema que possibilida a compra da maconha é preciso residir no país, o que elimina a venda para turistas.
Ainda segundo IRCCA, o preço de venda de cada embalagem de cinco gramas é de 187 pesos (R$ 20,60 reais), o que equivale ao preço previamente anunciado em torno de R$ 4 reais por grama. Os consumidores inscritos podem comprar um máximo de 10 gramas por semana e 40 por mês , sem necessidade de revelar nenhum tipo de informação pessoal, já que precisarão deixar uma impressão digital.
A venda acontece em 11 departamentos, porém mais de meio milhão de pessoas moram nos oito departamentos em que, em princício, não tem um ponto que possa vender maconha, segundo o jornal “El País”.
Segundo Juan Arizaga, presidente da Associação de Farmácias do Interior AFI), que reúne os estabelecimentos fora da capital, declarou ao G1 que somente 16 farmácias estão vendendo cannabis no Uruguai, 12 na capital e 4 no interior.
Os farmacêuticos estão céticos em relação à rentabilidade do negócio. Cada farmácia pode obter até dois quilos de maconha ao mês, sem importar qual das variantes disponíveis.
"Outro problema são os investimentos em segurança que as farmácias tiveram que fazer, como botão anti-pânico e vidros a prova de balas, para evitar assaltos e roubos da cannabis. Tudo muito caro", declarou Arizaga.
O consumidor precisa ter um cadastro, que é sigiloso. Assim, sem a necessidade de se identificar ou de apresentar documentos, os consumidores terão acesso, por meio de sua impressão digital, a duas variedades de maconha que estarão disponíveis, chamadas de "Alfa 1" e "Beta 1", segundo a Reuters. Cada pessoa poderá comprar um máximo de 40 gramas por mês para consumo próprio.
Com informações G1 e El país