De acordo com o Ministério da Educação, o número de programas de residência médica em ginecologia e obstetrícia aumentou nos últimos 10 anos. No entanto, é crescente a quantidade de médicos que preferem atuar apenas na ginecologia, evitando o lado da especialidade que se ocupa da gravidez, do parto e do cuidado subsequente.
“Hoje, o médico faz papel de gestor. Para o parto acontecer, é necessário que mobilizemos a equipe, lutemos pela vaga no centro cirúrgico e, muitas vezes, tomemos inúmeras outras providências, numa especialidade já sobrecarregada de responsabilidades”, diz o ginecologista e obstetra cearense Flávio Ibiapina, que tratou do tema “disponibilidade obstétrica” na 30ª Jornada de Ginecologia e Obstetrícia do Rio Grande do Norte, que encerra nesta sexta-feira, 11, em Natal.
Para o especialista, esse é um cenário temerário para a saúde pública, para o interesse das pacientes e para a prática médica: “há necessidade de mudança em todas as realidades, desde o sistema público até o âmbito dos planos de saúde, sobretudo legitimando o acordo direto entre a paciente que quer determinar qual médico a acompanhará e esse profissional, pois o cuidado personalizado faz jus ao estabelecimento de termos entre as partes”, explicou Ibiapina.