A fuga de três detentos do Centro de Detenção Provisória de Assu, durante a madrugada deste sábado (14), trouxe à tona a deficiência do sistema penitenciário do Rio Grande do Norte. O coordenador do Sistema Prisional do Governo do Estado reconhece a deficiência.
O agente penitenciário de Assu, José Medeiros, declarou à reportagem do MOSSORÓ HOJE que a fuga do trio só aconteceu por que o estado não investe.
“O estado não investe no sistema penitenciário. Os presos que fugiram hoje só conseguiram por que o CDP de Assu está defasado”, declarou.
Toda a ação foi filmada pelas câmeras de segurança. Os foragidos foram identificados como Diego Silva dos Santos, detido pelo crime de receptação, Arthur Costa Silva, suspeito de praticar diversos assaltos e homicídios na região, especialmente em Mossoró, e Adailton Franklin de Souza, que também cumpria pena por assalto.
No lado externo, um veículo do tipo Pajero deu apoio ao trio e fugiu com destino desconhecido.
Durante a entrevista, José Medeiros relatou que a superlotação e a falta de organização são a prova mais visível do descaso com a segurança pública.
“Aqui ninguém nos ajuda. São 90 homens presos e divididos em quatro quartos. Todo mundo que é preso por aqui é trazido pra cá. Não Cabe mais ninguém”, desabafou. “Aqui nós temos detentos de alta periculosidade, inclusive presos da Operação Alcatraz e de facções criminosas como PCC e Sindicato do RN”.
O agente declarou que nem sempre o que se divulga é a realidade.
“Se pesquisarmos na internet e na imprensa, vemos que tudo está uma maravilha, mas não é assim não. Pra você vê, uma cerca serpentina que tem aqui, fomos nós que compramos com o dinheiro do nosso bolso. Temos também uma viatura cedida, que está quebrada e cheia de mato em cima, só de enfeite”, disse indignado.
José Medeiros concluiu a entrevista dizendo que talvez seja processado por causa de suas declarações. “Eu não tô mentindo. Quer ver e comprovar? Venha aqui no CDP de Assu”.
Coordenador do sistema penitenciário reconhece deficiência
O coordenador de administração penitenciária do Rio Grande do Norte, Leonardo Freire, reconheceu que o sistema penitenciário do estado é deficiente. “Existe todo um histórico de deficiência no sistema penitenciário”.
Ao MOSSORÓ HOJE, Leonardo relatou que, atualmente, existe o dobro de presos para o número de vagas nos presídios e centros de detenção. Ao todo são 7.700 detentos em 3.676 vagas.
Afim de amenizar essa situação, o coordenador disse que o Governo do Estado irá implantar, nos próximos meses, novas medidas e projetos. Um dele é a construção de uma cadeia pública orçada em R$ 17 milhões, com verba do Governo Federal.
“A ampliação do Complexo Penal de Alcaçuz, em Nísia Floresta, e João Chaves, em Natal, juntamente com o monitoramento eletrônico, criação da Central de Medidas Alternativas e reabertura do CDP de Parelhas são algumas das ações que serão executadas”, concluiu Leonardo.