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VARIEDADES
WILLIAM ROBSON - Especial para o MOSSORÓ HOJE
17/12/2018 18:20
Atualizado
18/12/2018 09:23

Artur Maia, baixista que morreu aos 56, tinha parceria com músicos mossoroenses

O baixista, morto no sábado (15) e agora imortalizado nas obras de Caetano Veloso, Djavan, Gal Costa, Gilberto Gil, Jorge Ben Jor, Lulu Santos, Marisa Monte, Milton Nascimento e Martn'ália, foi parceiro em vários projetos e apresentações da banda mossoroense Brazuka Jazz
Alison Brazuka, Gustavo Almeida e Beto Luiz,m que tiveram forte relação com o baixista Artur Maia, morto no sábado (15)
Divulgação

Na tarde do último sábado (15), os grandes jornais e sites brasileiros noticiaram a morte de um dos mais representativos músicos do país, o baixista Artur Maia. Este importante artista, que tocou com os principais nomes da música no país, também manteve um contato forte com três grandes instrumentistas de Mossoró, e fortemente incentivados pela música e pela parceria.

O baterista Gustavo Almeida, o guitarrista Alison Brazuka e o tecladista Humberto Luiz não apenas eram fãs das linhas harmônicas e arranjos do músico carioca que sofreu um infarto mortal no fim de semana passado. Sempre que podiam se encontrar com ele, tocavam juntos pelos bares e exposições musicais no país.

Não por acaso, os três fãs do Artur também integram o rol dos maiores músicos potiguares na atualidade. Gustavo Almeida é um baterista reconhecido por publicações da área musical como a revista Modern Drummer e indicado ao maior honraria da música potiguar, o Prêmio Hangar. O guitarrista Alison Brazuka militou por vários anos na cena mossoroense, gravou discos com inúmeros cantores, foi o primeiro guitarrista de bandas de forró renomadas nacionalmente, como o Aviões do Forró e Solteirões do Forró (exemplos apenas para mostrar a sua versatilidade). No entanto, foi com o jazz e com o rock que Alison mais se identifica. Por fim, Humberto Luiz  é um tecladista fincado no experimentalismo e com talento já reconhecido em Mossoró. Tem discos gravados em que demonstra o seu potencial tanto de compositor quanto de arranjador.

Os três se juntaram e formaram a banda Brazuka Jazz. O grupo também é unido pela grande influência que recebeu de Artur.

Os três são parceiros de banda e mais além, contribuindo um em projetos paralelos do outro. Também são unidos quando o assunto é cursos e viagens a eventos musicais. Foi por conta de toda esta ligação entre eles e baixista carioca que se estabeleceu para sempre a ligação entre Artur e a música mossoroense.

"Conheci Artur num show em Natal, em 2005 (eu acho). Sempre fui muito fã dele desde a minha adolescência. Foram as minhas primeiras influências na música instrumental. Ele representa para mim muita construção melódica, harmônica e criatividade nos grooves", comentou Alison, em entrevista ao MOSSORÓ HOJE.

As influências as quais Alison se referem têm a ver com o grande legado que Artur Maia. O músico está agora imortalizado em discos e shows gravados de Caetano Veloso, Djavan, Gal Costa, Gilberto Gil, Jorge Ben Jor, Lulu Santos, Marisa Monte, Milton Nascimento e Martn'ália. No grupo instrumental Cama de Gato, nos anos 80, incentivou outros tantos à música instrumental, que começou a delinear a linha jazzística no som feito no Brasil. Esta veia ficou ainda mais evidente em seus trabalhos-solo, Maia (1991) e Arthur Maia (1996), experiências de funk e samba aplicados ao jazz.

"Acho que teve um episódio que marcou muito o Artur quando esteve no RN. Eu ainda não o conhecia e quando ele voltava para o aeroporto, eu, de moto, segui o seu táxi debaixo de chuva forte. Ele ficou admirado e quando cheguei no aeroporto, que até me pagou um sanduíche", relembra Alison. "Nossa amizade começou aí".

Quatro anos depois, em 2009, Alison teve a oportunidade que muitos músicos gostariam sonham: tocar ao lado da genialidade de Artur. Isso aconteceu na Expomusic, grande feira musical da capital paulista (veja vídeo). "Depois disso, nunca mais deixei de tocar com ele. Artur incentivou muito o Brazuka Jazz. Era um professor. Criticava quando percebia o que não estava legal, mas elogiava muito também a nossa força de vontade. Era um pai para mim e, acredito para os meninos também", acrescentou o guitarrista. "A morte dele deixou um vazio musical imenso em minha vida".


O baterista Gustavo ainda estava emocionado quando falou de sua trajetória com Artur Maia. A história do baterista mossoroense se confunde com a de Alison nesta parte. Os momentos são praticamente os mesmos. "Ele é muito representativo na minha história musical", disse.

Músico desde os 12 anos, ganhou uma fita cassete de presente com músicas instrumentais que o auxiliaram no aprendizado da bateria. Muitos anos depois, sem saber quem tocava aquelas músicas, ficou sabendo que se tratava de Artur Maia.

Sempre ao lado de Alison, também assistiu ao show do baixista em 2005 em Natal, e se tornou ainda mais fã. Na Expomusic, o Brazuka dividiu o palco com o baixista. "A gente não parou mais de tocar com ele. Tocamos no Tagima Drummer Team, no Anhembi em 2011, tocamos em Mossoró, Natal, no Teatro Alberto Maranhão", lembra Gustavo. "Recentemente, estive no Rio e fui convidado para tocar com ele em Niterói. Isso foi há exatamente 33 dias".

"Artur se tornou pai na música, ídolo e amigo de verdade. Ele se envolveu muito com a gente, tanto na música quanto em nossas famílias", conta. "Não dá para esquecer um grande professor que tocou com a nata musical dentro e fora do Brasil. Cada tocada era uma aula. Só em conversar com ele, já era uma aula".

O tecladista Humberto Luiz confirma esta relação afetiva que ultrapassou os limites da música. "Artur era incrível mesmo, não só como músico. Era um professor de vida mesmo, com muita experiência", diz. O músico mossoroense viajou diversas capitais ao lado de Artur Maia, dividindo o palco em muitos shows do artista carioca, além do Brazuka Jazz e do coral natalense Harmus. "É uma pena ir tão cedo e deixar esta lacuna. Mas, ao mesmo tempo deixa uma estrada aberta com muita produção artística que vai guiar muita gente por muito tempo. O que ele fez tem muita força".

Artur Maia morreu aos 56 anos em Niterói, no Rio de Janeiro, após parada cardíaca. Chegou a ser levado para Unidade de Pronto Atendimento (UPA), mas não resistiu.


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