28 NOV 2024 | ATUALIZADO 22:50
POLÍTICA
AGÊNCIA O GLOBO
25/01/2019 18:30
Atualizado
25/01/2019 18:30

Jair Bolsonaro defendeu chefe de milícia em discurso na Câmara

Bolsonaro discursou sobre o caso no dia 27 de outubro de 2005, quatro dias depois da condenação de Adriano a 19 anos e seis meses de prisão pela morte do guardador de carros Leandro dos Santos Silva, de 24 anos, na favela de Parada de Lucas, Zona Norte do Rio
Bolsonaro discursou sobre o caso no dia 27 de outubro de 2005, quatro dias depois da condenação de Adriano a 19 anos e seis meses de prisão pela morte do guardador de carros Leandro dos Santos Silva, de 24 anos
Agência O Globo

O presidente Jair Bolsonaro fez um discurso emdefesa do ex-capitão da Polícia Militar Adriano Magalhães da Nóbrega , o Urso Polar, em 2005. Apontado pelo Ministério Público nesta terça-feira como chefe damilícia do Rio das Pedras e articulador do Escritório do Crime - maior grupo de matadores de aluguel do Rio, Adriano havia sido condenado por homicídio dias antes do pronunciamento de Bolsonaro no plenário da Câmara. O então parlamentar do PP afirmou ter comparecido ao julgamento do PM, segundo ele um 'brilhante oficial'.

Bolsonaro discursou sobre o caso no dia 27 de outubro de 2005, quatro dias depois da condenação de Adriano a 19 anos e seis meses de prisão pela morte do guardador de carros Leandro dos Santos Silva, de 24 anos, na favela de Parada de Lucas, Zona Norte do Rio. Na época do crime, familiares apontaram que a vítima tinha denunciado PMs que praticavam extorsões a moradores na comunidade.

O discurso de Jair Bolsonaro ocorreu poucos meses depois de seu filho Flávio Bolsonaro (PSL-RJ) conceder a Medalha Tiradentes, maior honraria do estado do Rio, a Adriano. O então tenente estava preso por conta da morte de Leandro e recebeu a homenagem no Batalhão Especial Prisional no dia 9 de setembro, segundo a revista "Veja". 

No pronunciamento, Bolsonaro pede ajuda da então deputada federal Denise Frossard, ex-juiza criminal, para reverter a condenação de Adriano. O presidente criticou um coronel da PM, responsável por uma sindicância contra o miliciano, que depôs como testemunha de acusação, sem considerar, nas palavras de Bolsonaro, "o fato de ele ter sido um brilhante oficial".

"Um dos coronéis mais antigos do Rio de Janeiro compareceu fardado, ao lado da Promotoria, e disse o que quis e o que não quis contra o tenente, acusando-o de tudo que foi possível, esquecendo-se até do fato de ele sempre ter sido um brilhante oficial e, se não me engano, o primeiro da Academia da Polícia Militar", afirmou, segundo os arquivos taquigráficos da Câmara dos Deputados.

Em outro trecho de sua fala, Jair Bolsonaro define Adriano como "coitado" e "um jovem de vinte e poucos anos" e defendeu a absolvição do policial no caso.

"Então, Sr. Presidente, não sei como podemos colaborar. O advogado vai recorrer da sentença, mas os outros coronéis mais modernos não podem depor, senão vão para a geladeira, vão ser perseguidos. E o tenente, coitado, um jovem de vinte e poucos anos, foi condenado. Mas não foi ele quem matou, Deputada Denise Frossard! Quem matou foi o sargento, que confessou e, mesmo assim, foi absolvido no tribunal do júri. A decisão, portanto, tem de ser revista".

No discurso, Bolsonaro criticou a então governadora do Rio, Rosinha Garotinho, e o ex-governador Anthony Garotinho, que ordenou a prisão de Adriano e de outros policiais envolvidos no caso. Segundo o presidente, o governo do estado queria agradar entidades de defesa dos direitos humanos.

"É importante saber a quem interessa a condenação pura e simples de militares da Polícia do Rio de Janeiro, sejam eles culpados ou não. Interessa ao casal Garotinho, porque a Anistia Internacional cobra a punição de policiais em nosso País, insistentemente. É preciso ter um número xis ou certo percentual de policiais presos. O Rio é o Estado que mais prende percentualmente policiais militares e, ao mesmo tempo, o que mais se posiciona ao lado dos direitos humanos", afirmou.


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