Já que o presidente Jaír Bolsonaro aproveitou o seu carnaval para falar em obscenidades, mais uma de suas constantes bravatas que alimentam seus seguidores nas redes sociais, vamos aproveitar e manter o nível de sua conversa. Vamos entrar no subterrâneo artístico da filmografia de Alexandre Frota, bolsonarista, o ator que agora é deputado federal, que costuma utilizar palavrões como a forma mais inteligente de rebater argumentos e parte para a porrada como um genuíno bolsonarista turbinado de testosterona.
No dia 19, Frota publicou série de emails fazendo críticas ao ator Wagner Moura e ao seu filme "Mariguella", aclamado no Festival de Cinema de Berlim. Como se sabe, a película retrata a vida de um dos guerrilheiros que enfrentou a ditadura militar e terminou assassinado pelos ditadores. Frota afirmou que o filme era uma "lambança", que seus patrocinadores deram um "tapa na cara do povo brasileiro" e Moura "um canalha que não tem vergonha".
A análise aprofundada do sempre "moralista" Frota, esta referência da dramaturgia brasileira, é baseada em seu protagonismo em "clássicos" do cinema brasileiro. Se Frota não tem vergonha dos filmes que realizou, vamos reviver um pouco de sua filmografia que o torna gabaritado a criticar Moura e sua obra. Pediria a gentileza dos leitores tirar os filhos da sala ou que parem a leitura por aqui, porque as descrições e as cenas a seguir serão fortes, constrangedoras e, em alguns pontos, suprimidas devido o vocabulário "denso".
Como ator principal da série de títulos das "Brasileirinhas", é importante conhecermos um pouco dos filmes, a partir de uma rápida sinopse descritas de forma literal pela própria produtora. Não será preciso fazer uma digressão muito minuciosa para compreender a essência de sua carreira. Vamos lá?
"Fazendo Sacanagem" (" Alexandre Frota e Rita Cadillac bombando sem parar, muito tesão"), "United Colors of Celebrities" ("Alexandre Frota arregaça a famosa Monica Mattos em vídeo pornô"), "Obsessão" ("Frota conta algumas de suas histórias picantes cheias de sexo intenso e mulheres"), "Puro Desejo", que contracenou com a ex-chacrete Rita Cadillac ("Rita Cadillac está mais safada do que nunca no filme Puro Desejo da Brasileirinhas. A loira consegue dar conta de cinco marmanjos, inclusive o bad boy Alexandre Frota").
O estômago está embrulhado? Este ator de altíssimo nível que disse que "a cultura vai ter uma resposta aos ataques" referindo-se às manifestações em favor de Marielle Franco por parte do elenco de Wagner Moura no Festival de Berlim, tem uma vasta experiência no cinema, o que o torna apto a desaprovar o filme "Mariguella".
A lista, portanto, segue. No filme "Frota, Mônica & Cia", "Monica vira a principal atração da academia e todos querem malhar e f* com a gata, inclusive o bad boy Alexandre Frota". Em "Alexandre Frota sem Limites", "com o nosso bad boy Frota não tem tempo ruim. Não importa onde nem quantas, ele traça todas as pornstars do Brasil".
Pensa que acabou? O conjunto da obra deste ator de primeira linha não merecia um Oscar? "Bad Boy" "vem com um novo time de gatas pra mexer com sua cabeça". Em a "A Proibida Do Sexo e Gueixa do Funk", a produtora diz que "são cinco cenas de arrasar com muito sexo e música, incluindo a Gueixa do Funk.".
E outros clássicos que o título falam por si: "A Bela e o Prisioneiro", "Sexo Suor E Samba", "Onze mulheres e Nenhum Segredo", "Na Teia do Sexo", " Foda Radical", "Tattoo Club" e "Invasão de Privacidade".
Ou seja, com esta filmografia tão vasta e pertinente contribuição para o cinema mundial, Frota é capaz de imprimir uma estrela na calçada da fama.
Quem Wagner Moura pensa que é para concorrer com artista de tal nível? Frota já sentenciou que "Marighella" é "lambança" e que Moura é sem-vergonha.
É o não é uma tremenda sacanagem?