POR LARISSA MACIEL
A nossa existência sempre é colocada entre tantas palavras clichês, tantos estigmas, tantos adjetivos que escondem uma história cheia de preconceitos, misoginia e luta, muita luta. Imagine você querer alcançar um sonho, querer simplesmente um emprego e não conseguir apenas por ser quem você é. É, no mínimo, doloroso.
Ser mulher no esporte é um desafio. É sentir medo de frequentar lugares, sentir nas costas os olhares alheios, cheios de julgamentos, dedos apontando, comentários de pé do ouvido, tudo que não seria dito se ali, no meu lugar, estivesse um homem.
É se sentir meio alienígena num espaço que nos sentimos tão bem, mas às vezes tão mal. É ter que ser meio jogadora de futebol, premeditar alguns lances pra driblar o assédio. É ver que sempre vão tentar te diminuir e questionar sua inteligência, mas sempre, sempre, sempre te colocar no pedestal da aparência, da sensualidade, quando você não deseja este posto.
É ter medo do árbitro da vida que pode te colocar pra fora do nada. É ter medo do zagueirão pesado, que vem na sua direção, doido pra te dar um carrinho por trás, apenas por ser mulher. É escutar conselho até de quem não entende, mas se acha no direito, o chamado mansplaining. É ter medo de ir ao banheiro de um estádio, de frequentar corredores cheio de faces masculinas que viram para olhar seu corpo, é ter medo do dia de amanhã, mas ainda sim, sonhar com um gol.
É saber, que mesmo em meio ao medo, em algum lugar, na arquibancada ou não, uma mulher estará se inspirando em você. E isso já tem o tamanho de um título.
Amigas mulheres, não registrarei aqui um parabéns, mas um encorajamento: sejamos as donas do jogo. Sejamos um time. Porque, se quisermos, não vai ter retranca, nem juiz tendencioso, pra tirar de nós o que é de direito: a consagração de uma camisa 10, a vitória vinda da luta pelo título do respeito.