24 ABR 2024 | ATUALIZADO 14:59
ESTADO
08/10/2019 10:24
Atualizado
08/10/2019 10:31

Adolescente autista da cidade de Apodi lança livro sobre sua história de vida

Jhosaffa Oliveira, de 14 anos, é estudante da escola Escola Estadual Sebastião Gomes de Oliveira e acaba de lançar o livro “Me aceite como eu sou”. A obra traz relatos sobre sua história do autor, além de narrar a forma particular como ele enxerga o mundo, as dificuldades encontradas enquanto criança autista, seus sonhos, gostos e sentimentos.
O autor, Jhosaffa Oliveira, com a equipe da Secretaria de Educação do Município de Apodi e ilustadora do livro, Ana Heloísa Fernandes Oliveira, de 11 anos
FOTO: DIVULGAÇÃO/COMUNICAÇÃO APODI

Diagnosticado com transtorno do espectro autista (TEA) aos 12 anos de idade, Jhosaffa Oliveira recebeu dos médicos que o atenderam a notícia de que não conseguiria desenvolver a fala, além da capacidade de leitura e escrita.

Hoje, aos 14 anos, o adolescente cursa o 8º ano do ensino fundamental na Escola Estadual Sebastião Gomes de Oliveira, localizada no município de Apodi (RN), e acaba de publicar seu primeiro livro: “Me aceite como eu sou”.

Na obra literária, que traz relatos sobre a história de vida do próprio autor, Jhosaffa narra a sua forma particular de enxergar o mundo, as dificuldades encontradas enquanto criança autista, seus sonhos, gostos, sentimentos.

Como um bônus adicional, o livro ainda conta com um epílogo escrito pela mãe do autor, Antônia Oliveira, no qual ela conta a experiência de cuidar de uma criança autista.

O livro foi publicado no mês de setembro, durante a Semana da Leitura de Apodi, evento realizado anualmente pela prefeitura do município. Na ocasião foram impressos 250 exemplares.

Uma parte destes livros foram doados para escolas das redes municipal e estadual de Apodi, além de escolas da rede privada e de cunho filantrópico.

“ME ACEITE COMO SOU”

Ana Heloísa Fernandes Oliveira, de 11 anos, foi a responsável pela ilustração do livro de Jhosaffa.


Apaixonado por histórias de aventura e literatura de ficção científica, Jhosaffa conta que a ideia de escrever seu próprio livro surgiu depois que participou de um evento de incentivo à cultura, o “Tamboeira em Cordel”, realizado pela escola estadual na qual estuda.

Depois da apresentação desse poema, o talento especial do aluno chamou a atenção da mãe, principal incentivadora do filho na elaboração do livro.

“Eu decidi escrever esse livro porque através dele eu poderia mostrar para muita gente a capacidade que os autistas têm e que podem chegar onde quiserem”, destaca Jhosaffa que, além da literatura, adora estudar na escola a disciplina de inglês.


Ana Heloísa Fernandes Oliveira, de 11 anos,

A escola por sua vez, desafiou e estimulou o aluno a escrever sobre si mesmo, enquanto pessoa com autismo, sob o apoio e orientação da mãe.

“Com essa perspectiva de elaborar um livro nós montamos o grupo de organização, correção e edição dos textos, lutamos pelos recursos para a impressão do livro e preparamos todo o momento do lançamento e de divulgação”, afirma o gestor da escola, o professor Francisco de Assis.

Apesar do apoio de terceiros a obra foi integralmente elaborada por Jhosaffa que, por meio do livro “Me aceite como eu sou”, mostra aos leitores como é o mundo a partir da perspectiva de uma criança com autismo e chama atenção para questão da inclusão social.

“Essa conquista é uma vitória. Esse livro escrito por ele é uma quebra de preconceitos. Eu nunca desisti do meu menino, sempre acreditei que Jhosaffa teria futuro e ele mostra isso por meio do livro que escreveu. Sempre acreditamos nele e víamos que ele tinha potencial e poderia ir além do que os médicos u as pessoas diziam. Dessa forma esse livro pra mim significa muita coisa”, emociona-se a mãe do autor, que acompanhou todo processo de elaboração do livro.

INCLUSÃO SOCIAL

Gestor da escola, Francisco de Assis explica que a unidade de ensino é preparada para oferecer o atendimento específico para criança com autismo, contando com professores específicos para atuar na área da Educação Especial.

“Uma dessas professoras, a Ianny Muller, acompanha Jhosaffa durante suas atividades na escola. Além dela temos mais uma professora que trabalha com uma criança com autismo (dos anos iniciais) e uma cuidadora. Apesar disso, a proposta é que toda a escola se envolve na acolhida e no apoio aos nossos alunos. O carinho e a atenção são os elementos mais fortes para o trabalho cotidiano”, aponta o gestor.

Ele ainda destaca que o trabalho desenvolvido por Jhosaffa representa um grande feito para todos que compõem a escola.

“Vemos que é importante para a escola, para os alunos, para o município, enfim, consideramos uma grande ação de apoio e incentivo ao aluno, ao qual comprovamos na prática que dentro das limitações de cada um que temos, o apoio incentivo e estímulo é fundamental. Mas o feito maior é para ele e sua família que passam uma mensagem significativa de inclusão e de respeito a cada um, apesar de suas limitações. E que o autista pode sim ser um grande protagonista”, avalia.

Apesar de recente, a publicação de Jhosaffa ganhou destaque na cidade de Apodi e fora dela também, isso porque o autor foi convidado a apresentar sua obra na Semana Universitária, evento realizado pela Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN) e que acontece no mês de novembro.

A presença do autor ainda não foi confirmada, mas para família o convite de participação representa um reconhecimento do trabalho do adolescente.


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