23 ABR 2024 | ATUALIZADO 08:31
NACIONAL
20/11/2019 17:49
Atualizado
21/11/2019 09:05

Porteiro que citou Bolsonaro em caso Marielle é ouvido pela PF

A PF entrou no caso após pedido do ministro Sérgio Moro feito à PGR. O objetivo do depoimento é apurar se houve obstrução de Justiça ou falso testemunho por parte do porteiro contra o presidente.
Porteiro que citou Bolsonaro em caso Marielle é ouvido pela PF
FOTO: REPRODUÇÃO

O porteiro do condomínio onde a família Bolsonaro tem casa, na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio, prestou depoimento à Polícia Federal nesta terça-feira (19). A informação foi publicada pelo jornal O Globo, na coluna do jornalista Ancelmo Gois.

Foi o porteiro que citou o nome do presidente Jair Bolsonaro no inquérito que investiga o assassinato da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, como revelou o Jornal Nacional.

A PF entrou no caso após pedido do ministro Sérgio Moro, que foi acionado pelo presidente, feito à Procuradoria-Geral da República.

O objetivo é apurar se houve obstrução de Justiça ou falso testemunho por parte do porteiro contra o presidente. O teor do depoimento não foi divulgado.

À Polícia Civil, o funcionário do condomínio relatou que o ex-PM Élcio Queiroz disse que iria à casa do presidente e não à casa de Ronnie Lessa horas antes do assassinato da parlamentar e seu motorista no dia 14 de março de 2018. Élcio e Ronnie são os únicos presos pelo duplo assassinato.

Como o nome de Bolsonaro foi citado, a lei obriga que o Supremo Tribunal Federal (STF) analise a situação. Com isso, a investigação em curso no Rio de Janeiro poderia ser transferida para a Polícia Federal

Na declaração feita à Polícia Civil, o porteiro disse que Élcio se apresentou na portaria dizendo que iria à casa 58, de Jair Bolsonaro, e anotou o número no livro de registros do condomínio.

Afirmou ainda que identificou a voz de quem autorizou a entrada como sendo a do "Seu Jair". Mas o Jornal Nacional mostrou em reportagem de 29 de outubro que registros da Câmara dos Deputados apontam que o então parlamentar Jair Bolsonaro estava em Brasília.

No dia 30 de outubro, Carlos Bolsonaro divulgou em rede social o áudio do condomínio em que um porteiro fala com Ronnie e este autoriza a entrada de Élcio.

A gravação foi periciada pelo Ministério Público Estadual (MPE), que concluiu que o porteiro que depôs à polícia pode ter mentido, esquecido ou se equivocado.

O pedido de perícia foi protocolado às 13h05 do dia 30. E a entrevista coletiva com o resultado da perícia começou menos de duas horas depois, às 15h30.

Dias depois, o colunista Lauro Jardim, do jornal "O Globo", publicou a notícia de que o áudio apresentado pelo filho do presidente não é do mesmo porteiro que prestou o depoimento. A informação foi confirmada em reportagem da revista "Veja".

CONTRADIÇÕES ENTRE OS PORTEIROS

A revista Veja localizou dois porteiros do condomínio. O funcionário que prestou depoimento mora num bairro da Zona Oeste que é reduto de milícias.

Está afastado do trabalho e se recusa a falar sobre o assunto. Segundo a reportagem, ele é discreto, não frequenta bares nem festas e nos fins de semana é visto sempre a caminho da igreja.

A "Veja" encontrou o outro porteiro do condomínio e ele confirmou que é sua a voz na gravação divulgada por Carlos Bolsonaro. Segundo a revista, o funcionário disse que podem estar usando o colega para “denegrir a imagem do presidente”.

Segundo a "Veja", moradores do condomínio levantaram a hipótese de que o porteiro que prestou depoimento tenha sido pressionado por Ronnie Lessa a citar o nome do presidente Bolsonaro à polícia. Lessa, miliciano, teria influência na comunidade onde reside o porteiro.

No Vivendas da Barra, há sempre dois porteiros na entrada, um na cabine e outro na cancela, segundo a revista. Mas o porteiro que aparece no áudio diz não se lembrar com quem trabalhava no dia 14 de março de 2018.


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