Há poucos dias, o cidadão Gutemberg Medeiros publicou uma mensagem em suas redes sociais com uma declaração forte, de que o Governo do Estado, a Secretaria Estadual de Saúde e o Hospital Regional Tarcísio Maia estavam com as mãos sujas de morte.
Relatou que em 16 dias o avô e o pai morreram na UPA aguardando transferência para HRTM. A declaração de Gutemberg Medeiros foi amplamente divulgada pela imprensa ligada ao governo Rosalba Ciarlini, atribuindo responsabilidade pelas mortes ao Governo do Estado.
A médica Lana Lacerda de Lima, do HRTM rebateu. “Não é o Tarcísio Maia que deve ser penalizado pelas mortes que tem ocorrido nas UPAs. As “mãos” desse hospital não se sujam de mortes, se sujam de sangue das urgências e emergências que aqui chegam e que conseguimos salvar, porque esse é o papel: atender urgências e emergências”.
Lana devolve as gravíssimas acusações: “Quem tem as mãos sujas de morte são prefeitos irresponsáveis que deixam Unidades de saúde totalmente desguarnecidas (faltam oxigênio, aparelho de RX, e muitos outros materiais) para quaisquer atendimentos, que colocam profissionais recém-formados para lidar com casos complexos”.
O MOSSORO HOJE buscou a realidade dos fatos. De Fato o HRTM está superlotado e realmente as unidades de pronto atendimento não tem estrutura adequada para estabilizar o quadro de saúde dos pacientes, enquanto surge um leito para ser transferido para o HRTM.
A diretora geral do HRTM, Herbenia Ferreira informa que existe fila por leito de UTI. Sobre as UTIs de retaguarda do HRTM, a diretora disse que quem transfere os pacientes é a Central de Regulação de Leitos do SUS, instalado e mantido pela Prefeitura Municipal.
Com relação a quantidade de leitos da UTI disponíveis em Mossoró ser insuficiente para atender a demanda, também é fato incontestável. Os profissionais de saúde de todas as unidades vez e outra estão realizando manobras para receber mais um paciente.
Mesmo com os leitos de UTI do Hospital Wilson Rosado, do Hospital Maternidade Almeida Castro e da Oncologia, ainda resta fila de pacientes entubado e/ou em pontos de oxigênio nas UPAs e no HRTM aguardando vaga em UTI, como o pai e o avô do Gutemberg Medeiros.
As estatísticas do HRTM são claras: as cidades vizinhas, como Baraúnas, Areia Branca, Assu, Serra do Mel, Upanema, Governador Dix Sept Rosado, entre outras, enviam para o HRTM pacientes que deveriam receber atendimento em suas cidades.
“Daqui de Mossoró mesmo, até para tirar um simples gesso, estão vindo para o HRTM, porque no PAM do Bom Jardim, onde este atendimento deveria ocorrência não tem raio x funcionando e nem uma serrinha de gesso”, reclama Herbênia Ferreira.
Governo Rosalba não se empenha por novos leitos de UTI
Em Mossoró, existe um aparente desinteresse em credenciar novos leitos de UTI de retaguarda para o HRTM, reclama o deputado estadual Allyson Bezerra, lembrando que a prefeitura teve mais de 2 anos para agilizar isto e não o fez.
O credenciamento dos leitos se deu através da interferência do deputado junto a Secretaria Municipal de Saúde, depois na Secretaria Estadual e por fim no Ministério da Saúde, em Brasília, conseguindo assim credenciamento de 10 leitos de UTI no Hospital São Luiz.
Depois de muito trabalho para se credenciar 10 novos leitos de UTI junto ao SUS, desta feita no Hospital São Luiz, o que aconteceu em dezembro de 2019, a Prefeitura Municipal de Mossoró até o presente momento não providenciou a contratualização destes leitos.
O que é mais grave: se até a próxima semana a Secretaria de Saúde não concluir esta contratualização, Mossoró corre sério risco de perder o credenciamento dos 10 leitos de UTI junto ao SUS, e as pessoas vão continuar morrendo nas UPAs e no HRTM.
SOBRE SAÚDE PÚBLICA
Lana é anestesiologista plantonista do HRTVM e Diretora Técnica
Nos últimos tempos, tem surgido muitas estórias sobre uma instituição que há mais de 40 anos vem servindo ao RN e, em especial, ao Oeste potiguar.
Não é o Tarcísio Maia que deve ser penalizado pelas mortes que tem ocorrido nas UPAs . As “mãos” desse hospital não se sujam de mortes, se sujam de sangue das urgências e emergências que aqui chegam e que conseguimos salvar, porque esse é o papel: atender urgências e emergências . Quem tem as mãos sujas de morte são prefeitos irresponsáveis que deixam Unidades de saúde totalmente desguarnecidas ( faltam oxigênio , aparelho de RX, e muitos outros materiais) para quaisquer atendimentos , que colocam profissionais recém formados para lidar com casos complexos. Afirmar que o hospital usa a estratégia de corredores vazios para aparentar boa administração é desconhecer as rotinas de um hospital de alta complexidade. Existem leis que amparam atitudes dentro do Sistema Único de Saúde . Por anos, os administradores municipais “rebolaram” seus munícipes dentro do Tarcísio Maia e “lavavam” as mãos da responsabilidade que lhes compete. Boa prática chamar a promotoria para fazer valer as leis, que eles possam conhecer todos os fatos. Entramos num ano eleitoral e muitas das atitudes que vemos , advém do desespero de administradores que não conseguem mostrar serviços adequados às necessidades da população e querem arranjar um “bode expiatório” para sua incompetência . A superlotação de um hospital terciário , com casos que deveriam ser tratados em unidades menos complexas , impede o adequado atendimento dos casos que nos cabe . Falo por mim e por todos que trabalham diuturnamente pra fazer o Tarcísio Maia cumprir a sua missão : salvar vidas!!