O gesseiro Renê Jefferson Alves da Silva, de 26 anos, senta no banco dos réus no Fórum Municipal Desembargador Silveira Martins, nesta terça-feira, 10, para responder pelo assassinato de Gildemar Silva Rocha, o Gil.
Este crime, segundo o Ministério Público, foi motivada por vingança e praticado mediante tocáia. A defesa contesta, dizendo que Renê Jefferson matou para não morrer. Os dois lados asseguram que vão provar no plenário o que afirmam.
O fato se deu por volta das 20 horas do dia 24 de outubro de 2015, na Estrada da Raiz. A vítima se encontrava dentro do Circo do Palhaço Panelinha com as filhas. Num determinado momento, saiu com uma criança de colo para comprar pipoca e foi baleado três vezes e morreu no local.
O palhaço Panelinha disse que encontrou o corpo ao lado da criança. O caso foi investigado pelos policiais da Divisão de Homicídios, que terminaram chegando ao nome do suspeito. Renê Jefferson, que, ao se apresentar ao delegado da homicídios, confessou o crime.
Disse que matou porque o irmão da vítima, de nome Gildemberg Siliva Rocha, o Guinha, havia matado seu pai, Carlos Alberto da Silva, no dia 23 de março de 2010. Guinha restou condenado por este crime em 27 de outubro de 2017, a 12 anos de prisão.
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O cenário é como se fosse uma guerra sem fim. Um dia um lado e outro dia o outro. O próximo a sofrer ataque a tiros foi o próprio Renê Jefferson, que sobreviveu por muita sorte, no dia 7 de setembro de 2016. Baleado, foi levado para o Hospital Regional Tarcísio Maia e conseguiu sobreviver.
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Nesta terça-feira, dia 10, o julgamento deve começar por volta de 8h30, com o juiz Vagnos Kelly Figueiredo de Medeiros fazendo o sorteio dos sete jurados do Conselho de Sentença. O promotor Ítalo Moreira Martins vai atuar representando o Ministério Público Estadual.
A defesa do réu Renê Jefferson será feita pelo advogado Carlos Alberto Firmino da Silva, que disse que vai provar no plenário que seu cliente matou para não morrer. Diz que o seu cliente falou que havia sido ameaçado pela vítima quando tinha 14 anos.
O advogado Carlos Firmino disse que acionou o Tribunal de Justiça Estado, argumentando que seu cliente Renê Jefferson estava sofrendo constrangimento ilegal do juízo da Primeira Vara Criminal de Mossoró, quando não deixou arrolar (fora do prazo) novas testemunhas ao processo.
Explica que o outro advogado do caso deveria ter feito isto ou renunciado antes do prazo de um novo causídico arrolar as testemunhas necessárias para o seu cliente não sair prejudicado num possível julgamento.
Como este antigo advogado do processo não o fez, ficou a defesa do seu cliente prejudicada. Ele disse que peticionou para o juiz da primeira Vara Criminal permitir arrolar testemunhas fora do prazo e este pedido foi negado.
Carlos Firmino considerou este ato como constrangimento ilegal para Renê Jefferson.
Diante dos fatos, Carlos Firmino acionou o Tribunal de Justiça do Estado e conseguiu um Habeas Corpus inédito, para arrolar testemunhas num Júri Popular, em Mossoró, fora do prazo previsto em Lei.
Confira na ÍNTEGRA. Firmino diz que o seu cliente matou para não morrer.
Em outra ponta, o promotor de Justiça Italo Moreira Martins ressalta que esta briga de mortes precisa parar, pois a sociedade não suporta mais tanto sangue, gerado por vingança e intolerância.
Destacou que o MP atuou para condenar o Gildemberg Rocha (confira SENTENÇA) e agora assegura que as provas nos autos são mais que suficientes para condenar, do outro lado, no caso, o Renê Jefferson por crime de homicídio igualmente qualificado.
Após os debates entre defesa e acusação, expondo os fatos aos jurados, o presidente do TJP convoca as partes, junto com os jurados, a Sala Secreta.
Com base no que for decidido pelos sete jurados, o juiz aplica a sentença no réu.