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MUNDO
DA REDAÇÃO
06/04/2020 12:06
Atualizado
06/04/2020 12:18

“É notório que vidas aqui importam”, diz mossoroense que vive na Irlanda

A engenheira Cleusirene Alves, que vive no país há cerca de 2 anos, conta que, independente de opinião política, o governo tem se unido para combater a doença, com foco em salvar vidas. Explica que se sente impotente quando vê a situação do Brasil, onde tem muitos parentes no grupo de risco. “A sensação de incapacidade que tenho diante do que vivo aqui e do que vejo no BR é algo avassalador e tenho tentado controlar meus sentimentos”.
FOTO: REPRODUÇÃO

A mossoroense Cleusirene Alves, que vive na Irlanda há cerca de 2 anos, relata como o governo do país tem agido para combater o coronavírus e compara com a situação que observa no Brasil.

O país tem levado tão a sério e o isolamento social e a necessidade de salvar vidas que, neste domingo (5), o primeiro-ministro Irlandês, Leo Varadkar, teve seu registro em medicina reativado para que possa atuar no sistema público de saúde uma vez por semana. A ideia é para ajudar no combate à doença, segundo relata o jornal The Irish Times.

Varadkar se formou em medicina e atuou por cerca de 7 anos, antes de entrar para a política. Ele teve seu registro suspenso no ano de 2013.

“Para entender a importância deste ato, o cargo que ele ocupa é um dos mais importante do país, abaixo apenas do Presidente da Irlanda”, explica Cleusirene.

Cleusirene Alves é engenheira de segurança e também graduada com mestrado em agronomia. Atualmente ela cursa uma segunda graduação, também em engenharia, na Irlanda.

Em seu relato, ela diz que o país europeu entrou em quarentena há cerca de três semanas, quando todos os moradores tiveram que se recolher em suas casas.

“Já me perdi nos dias em que estou dentro de casa. Não podemos ir além de 2km ao redor de onde moramos, exceto para ir ao mercado”, conta.

A engenheira conta que apenas estão funcionando os serviços essenciais como supermercados e farmácias, com regulação de quantidade de pessoas por vez e toda higienização possível com os carrinhos e cestinhas.

Segundo ela, os supermercados estão contratando mais pessoas para atender a demanda das compras online, delivery e controle de pessoas na entrada do local, além de pagar um bônus adicional aos funcionários em torno de 10%.

Quanto ao que cabe ao governo, está sendo pago o valor de 350 euros por semana para todos que estão sendo afetados pela crise do Covid-19.

O valor é destinado aos que tiveram hora reduzida, para quem foi demitido e também para aqueles que estão ainda empregados, mas o comércio está fechado. Além de pagar aos autônomos.

“As ações aqui acontecem muito rápido. A previsão é pagar por 6 semanas, mas alguns já acreditam que esta prazo será estendido por 12 semanas. O governo irlandês também determinou não ter aumento de aluguel. Acredito que isso não iria acontecer em plena crise da Covid-19 crise”, diz.

Sobre a questão dos aluguéis, Cleusirene lembra que antes da pandemia começar, a Irlanda vivia uma crise imobiliária. A demanda por moradia no país é 10x maior que a oferta de casas.

“Na cidade em que moro [Galway], muitos estrangeiros decidiram retornar aos seus países. Aqueles que ficaram, como eu, estão sendo assistidos pelo governo na mesma escala em que o cidadão irlandês”, explica.

Ela explica que não tem como não comparar com as medidas que vêm sendo tomadas pelo governo brasileiro, com decisões sendo tomadas a passos lentos e a demora em liberar a ajuda aos que estão sendo afetados pela crise.

“A sensação de incapacidade que tenho diante do que vivo aqui e do que vejo no BR é algo avassalador e tenho tentado controlar meus sentimentos, focando toda minha energia em novos cursos e trabalhos da faculdade”, explica.

Cleusirene tem parentes no Rio Grande do Norte e Paraíba, muito deles no grupo de risco da Covid-19, o que a deixa ainda mais preocupada em saber que a principal autoridade do país não está levando a sério a gravidade da doença.

“Se você leu até aqui, vou deixar mais uma informação - A República da Irlanda estava em eleição e o resultado foi um empate entre os partidos. Deveria ter uma nova eleição, mas isso foi deixado de lado e agora TODOS (DIREITA, ESQUERDA E INDECISOS) estão juntos tomando decisões contra a COVID-19”, conta.

Cleusirene conclui dizendo que entende a diferença de tamanho dos entre os dois países e as dificuldades econômicas enfrentadas pelo Brasil, mas que vidas deveriam ser colocadas em primeiro lugar nesse momento de crise.

“Sei que o país aqui é menor do que o BR, eu diria que a Irlanda equivale a apenas um dos Estados do BR e isso talvez ajude na agilidade do processo, mas é notório que vidas aqui importam. Nada justifica o apontamento de quem está ou não no poder!!!!! Meu Deus, parem com isso!!! Estamos juntos no mesmo barco!!!”, concluiu.


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