15 NOV 2024 | ATUALIZADO 14:25
ESTADO
ANNA PAULA BRITO
28/01/2021 18:48
Atualizado
29/01/2021 06:14

Projeto visa ressocializar detentas com produção de mudas de cajueiro

20 internas do pavilhão femino da Penitenciária Agrícola Mário Negócio vão atuar no plantio para produção de mudas que serão doadas a agricultores do estado que perderam seus cajueiros em decorrência da praga da mosca branca. O projeto ainda visa qualificar as detentas para que possam, quando concluírem suas penas, atuar no mercado de fruticultura, ter uma profissão e não reincidir no mundo do crime.
FOTO: ANNA PAULA BRITO

20 internas do pavilhão feminino da Penitenciária Agrícola Mário Negócio vão atuar no plantio para produção de mudas de cajueiro, que serão doadas a agricultores do estado que perderam suas safras em decorrência da praga da mosca branca associado a seca prolongada.

O projeto Cultivando Cidadania, de iniciativa das secretarias de Agricultura e Pesca, da Administração Penitenciária, Emater e da Vara de Execuções Penais de Mossoró, foi iniciado nesta quinta-feira (28), quando do plantio do primeiro canteiro na unidade prisional.

A ideia é a ressocialização das internas e a qualificação desta para o mercado de trabalho, fazendo com que elas, no momento em que concluírem suas penas, tenham condições de atuar no mercado da fruticultura e, por sua vez, não voltem a reincidir no mundo do crime.

Além disso, a produção vai ajudar os agricultores de todas as regiões do RN, que vão receber suas mudas gratuitamente e terão a oportunidade de voltar a produzir e gerar renda pras suas famílias e para a sua cidade.

O secretário de agricultura, Guilherme Saldanha, explica que há mais de 10 anos o RN não consegue distribuir mudas para os pequenos agricultores, principalmente devido ao alto valor das mudas.

“Nós atravessamos uma seca de mais de 8 anos, que a gente estima que morreram mais de 10 milhões de pés de caju que eram produtivos, que garantiam renda, emprego e oportunidade. E surgiu a ideia, conversando com a secretaria de administração penitenciária, levamos para a Governadora Fátima que também ficou encantada com o projeto, e aí casamos tudo com a vinda dos recursos da justiça pena”, disse.

O secretário explica que a ideia inicial é produzir todo ano 80 mil mudas e expandir isso. “Eu estimo que se a gente conseguir 1 milhão de mudas de caju todo ano, é muita coisa, mas ainda é 10% do que a gente precisa todo ano. A gente precisa levar esse projeto para a bancada federal, ver que já está funcionando, e quem sabe a gente consiga multiplicar isso aí”.

Os valores a que se referiu Guilherme Saldanha, foram utilizados para produção do viveiro onde as mudas serão cultivadas.


A titular da Vara de Execuções Penais de Mossoró, a juíza Cínthia Cibele, explica que todo o valor foi obtido por meio de prestações pecuniárias arrecadadas pela Vara, utilizando mão de obras de apenados, e foi totalmente desenvolvido durante a pandemia.

Ela explica que a parceria entre os órgãos neste projeto é de extrema importância, não apenas para os agricultores que serão beneficiados, mas principalmente para as detentas.

“No sentido de humanizar cada vez mais a pena, uma vez que o interno que está submetido ao projeto, ele aprende mais um ofício e isso lhe trás mais autonomia pra progredir de regime, está certificado dessa nova habilidade e traz também o outro benefício que é o encurtamento da sua pena. A cada 3 dias trabalhados, vai diminuir 1 dia de pena e, com isso, vai baratear não só o processo de execução penas, mas também o seu custo para o sistema penal”, explicou.

Já o secretário da Seap, Pedro Florêncio, disse que a finalidade do estado é ressocializar o preso, fazer com que eles sejam transformados e não mais reincidam no mundo do crime.

Ele explica que foram escolhidas mulheres para fazerem o trabalho pelo fato de elas terem mais sensibilidade, mais cuidados que os homens.

“Nossa secretaria tem desenvolvido educação e trabalho, é a única forma de ressocializar, de diminuir os índices de criminalidade, fazer com que o preso volta a sociedade melhor, transformado. Mas para isso nós precisamos de disciplina, de ordem e de obediência. Então são escolhidas presas que seguem essa rotina e que possuem baixo grau de periculosidade”, disse.


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