O promotor de Justiça Ítalo Moreira Martins classificou como monstruosidade a forma como a menina Geanne Nogueira, de 12 anos, foi raptada, torturada, morta e queimada, em novembro de 2018, como vingança pela morte do menino Caleb, no dia anterior.
O Tribunal do Júri Popular se reuniu nesta quinta-feira, 15, no Fórum Municipal de Mossoró para julgar a culpa de Letícia Vital Ramos, 21 anos, no assassinato da menina Geanne, que o laudo do ITEP mostra com clareza que foi praticado com requintes de extrema crueldade.
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Os trabalhos, com a presidência do juiz Vagnos Kelly, foram abertos às 9h, com o sorteio dos sete jurados (3 mulheres e 4 homens). Não teve depoimento de testemunhas. A ré, Letícia, foi interrogada no plenário e negou participação no crime.
“Não sei porque estão dizendo isto”, diz Letícia, que já está presa há 2 anos de 4 meses pelo crime. Ela afirma que viu as pessoas levando a menina para o mato, mas assegura que não participou do crime, diferentemente do que relatou as testemunhas do caso.
O promotor de Justiça Ítalo Moreira Martins atuou em defesa da sociedade, defendendo a tese de condenação da ré por homicídio triplamente qualificado (vingança, sem chance de defesa e crime praticado por meio cruel). A defensora pública Leylane Torquato atuou durante o julgamento em defesa de Letícia.
O promotor usou o depoimento da testemunha Willame Xavier de Mesquita Oliveira, de 23 anos, como principal peça de acusação. Willame disse que era namorado da menina Geanne e que foi levado para o mato e ameaçado pelos réus.
Disse que foi obrigado a mostrar a casa onde Geanne morava com a avó e que foi junto com os assassinos até a casa da vítima. Listou a maioria dos envolvidos, citando nomes, entre eles o de Letícia Vital Ramos, que entrou na casa para raptar a menina e levá-la ao local do crime.
A testemunha Willame Xavier sumiu, após prestar depoimento na Polícia gravado em vídeo.
Segundo Ítalo Moreira Martins, ficou claro no processo que Geanne foi arrastada da casa da avó pelos cabelos, espancada nas ruas até chegar no local do crime. Lá, foi amarrada, amordaçada e espancada até a morte pelos membros da facção.
O laudo do Instituto Técnico-científico de Perícia, aponta que Geanne sofreu fraturas em praticamente todas as partes do corpo. “Usaram instrumentos com tanta força, que quebraram os ossos da menina em várias partes do corpo, uma monstruosidade”, diz o promotor.
Para sustentar sua tese em plenário, o promotor exigiu os depoimentos das testemunhas. A ré Letícia assistiu os vídeos, inclusive mostrando como ficou o corpo de Geanne. O promotor ressaltou que entre centenas de júris que já fez, este é o caso que mais lhe deixou chocado.
O julgamento segue com os trabalhos da Defensora Pública Leylane Torquato, devendo os trabalhos do Tribunal do Júri Popular terminar por volta das 15 horas, com a leitura da sentença pelo juiz Vagnos kelly, seguindo o que será decidido pelo Conselho de Sentença.
Segue depoimento da ré e a atuação do promotor Ítalo Moreira: