15 NOV 2024 | ATUALIZADO 14:25
ESTADO
27/07/2021 15:24
Atualizado
27/07/2021 15:29

Jogo para pessoas com deficiência criado por Potiguar obtém registro do INPE

O Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) concedeu o registro de programa de computador ao IVr Boccia, um jogo de realidade virtual desenvolvido pelo potiguar mestrando em Neuroengenharia do Instituto Santos Dumont (ISD), João Paulo Bezerra. O programa foi desenvolvido para auxiliar paratletas na prática da bocha, aliando conceitos da realidade virtual à neuroengenharia. A ideia é que o jogo possa ser utilizado também por centros de fisioterapia para ajudar no engajamento dos pacientes na reabilitação

O Estudante João Paulo Bezerra, de 26 anos, do Instituto Santos Dumont (ISD), em Macaíba, desenvolveu um jogo de realidade virtual que simula a modalidade esportiva da bocha, com o objetivo de auxiliar os paratletas praticantes do esporte, ao mesmo tempo em que contribui com a reabilitação dos usuários.

Nesta terça-feira (27), o Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) concedeu o registro de programa de computador ao jogo, que agora deverá ser aperfeiçoado para que se torne acessível à população.

João Paulo é mestrando em Neuroengenharia pelo ISD, e começou a programar o IVr Boccia, em 2018. "O programa foi feito enquanto eu ainda estava na Iniciação Científica no Instituto Internacional de Neurociências Edmond e Lily Safra. No fim daquele ano, apresentei meu TCC da graduação com aquele programa e, em 2020, já ingressei no Mestrado pensando em continuar os trabalhos nessa área", afirma João Paulo.

Ele explica que o interesse pelo desenvolvimento de um sistema de realidade virtual voltado para pessoas com deficiência surgiu da escassez identificada na produção de entretenimento para essa população. "Há uma lacuna muito grande na literatura científica no que diz respeito ao entretenimento voltado às pessoas com deficiência. A ideia era tentar ajudar a preenchê-la, desenvolvendo algo que permitisse entreter aqueles que não necessariamente praticam a modalidade, mas que também seja útil para os paratletas", completa o pesquisador.


O projeto foi feito usando como base conceitos da Neuroengenharia, como a simulação de situações em ambientes controlados, que permitem estimular regiões do cérebro sem necessariamente sair do local em que o indivíduo se encontra. Dessa forma, o sistema seria capaz de auxiliar também na reabilitação de pessoas com deficiência. "Os sensores de realidade virtual vibram em alguns momentos do jogo, então o atleta sente essas vibrações e têm também essas percepções de movimento", explica.

O principal desafio enfrentado pelos cientistas para popularizar a tecnologia já registrada é fazer com que a produção seja barateada e se torne mais acessível à população.

Atualmente, o hardware, que consiste nas peças que compõem o jogo, tem um custo que pode variar de R $3 mil a R $6 mil reais. O software, ou seja, o programa produzido pelos estudantes, é gratuito. "Essa patente nos dá muito ânimo porque comprova que, com esforço, podemos produzir tecnologia para mudar de fato a vida das pessoas. Não só a dos paratletas, mas também as nossas vidas, enquanto cientistas, que passamos a ter outra visão sobre nosso público-alvo e as tecnologias que estamos produzindo", afirma.

A bocha

A bocha paralímpica é uma modalidade que chegou ao Brasil por volta da década de 1970. O jogo consiste no lançamento de bolas coloridas para o mais perto possível de uma bola branca. Ela pode ser praticada por paratletas com elevado grau de paralisia cerebral, ou com deficiências motoras severas.

O paratleta André Francisco Ferreira de Carvalho, de 35 anos, conhecido como ‘Dedé’, nunca havia jogado, em sua vida, um jogo que levasse em conta suas necessidades específicas. Ele foi um dos paratletas que testaram o IVr Boccia, jogo de realidade virtual desenvolvido por João Paulo.

Ele comenta, que a experiência com a realidade virtual do IVr Boccia foi “surpreendente”. "Eu sou louco por videogame, então peguei logo o jeito, apesar de nunca ter visto antes uma realidade virtual. Foi algo surpreendente, muito bem feito. Além da prática do esporte, ele permite a muitos deficientes conhecerem melhor o que é o jogo".

De acordo com João Paulo, o uso de tecnologias de realidade virtual pode ser inclusive uma técnica para ajudar no engajamento do tratamento de reabilitação dos pacientes


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