A Universidade Federal Rural do Semiárido (UFERSA) reconheceu a existência de plágio na tese apresentada pelo ex-interventor do Instituto Federal do Rio Grande do Norte (IFRN), Josué de Oliveira Moreira, para obtenção do título de doutor na instituição. A informação foi confirmada pela jornalista Mirella Lopes, da Agência de Notícias Saiba Mais.
O crime de plágio foi reconhecido pela instituição de máxima instância dentro da Universidade, o Conselho Universitário (Consuni). A decisão é em resposta a um recurso apresentado pela defesa de Josué, que é professor do IFRN.
A tese para obtenção do título de doutor foi apresentada por Josué ao Programa de Pós Graduação em Ciência Animal da UFERSA em 12 de novembro de 2018, com o título “Resíduos de antiparasitários e agrotóxicos em leite bovino no rio grande do norte”.
O ex-interventor do IFRN terá que corrigir, num prazo de 90 dias, os trechos de sua tese plagiados de outros trabalhos acadêmicos.
Na decisão o Consuni destacou que Josué “… não teve o propósito de copiar a obra de outrem e expor como se fosse de sua própria autoria. Todavia, ainda que ante a ausência de dolo, houve plágio por irregularidade (também conhecido academicamente como “atecnia”) na utilização de obras de conteúdo original, tendo em vista que os créditos aos respectivos autores foram prestados de maneira indevida”.
A defesa do ex interventor do IFRN, que conseguiu obter a menor punição prevista para casos desse tipo, ainda argumentou que Josué reconhece que cometeu “equívocos” ao descumprir as regras da ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) na elaboração da tese, mas questiona se os erros constituiriam plágio.
Na decisão, fica determinado que uma nova versão da tese deve ser depositada no Programa de Pós-Graduação em Ciência Animal e na Biblioteca Central da UFERSA.
O documento é assinado pelo Conselheiro do Consuni, Lázaro Luis de Lima Sousa, e pela reitora da Ufersa, Ludimilla Oliveira.
DENÚNCIA DE PLÁGIO
No dia 8 de setembro de 2020 o MOSSORÓ HOJE teve acesso a um arquivo que denunciava plágio na tese de doutorado do Dr. Professor Josué de Oliveira Moreira, na época, reitor pro tempore do IFRN.
O arquivo enviado ao MOSSORÓ HOJE mostra, de forma clara que, pelo menos, 23 das 41 páginas da tese de doutorado possuem textos que não foram escritos por Josué, mas retirados de outros trabalhos acadêmicos, sem as devidas referências, e até de notícias de um portal da internet.
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A reportagem do MOSSORÓ HOJE também conversou com a Pró-reitora de pesquisa e pós-graduação da Ufersa, a Professora Débora Façanha, sobre a denúncia de plágio.
Na época, a Professora Débora explicou que a Ufersa não podia se manifestar sobre o assunto porque ainda não havia denúncia formal feita a instituição.
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INTERVENTOR DO IFRN
Josué de Oliveira Moreira foi nomeado interventor do IFRN em abril de 2020 pelo então Ministro da Educação, Abraham Weintraub.
Josué, que já tinha sido candidato a prefeito de Mossoró duas vezes e a suplente de senador recebendo menos de 1% dos votos, sequer tinha concorrido à reitoria do IFRN e foi indicado pelo deputado federal General Girão (PSL-RN).
Apenas oito meses depois de uma longa disputa judicial, José Arnóbio de Araújo Filho, candidato mais votado na eleição para reitor realizada em dezembro de 2019 com 48,25% dos votos, foi empossado no cargo. A cerimônia foi realizada no dia 5 de fevereiro de 2021, quase um ano depois da intervenção.
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