A governadora do Estado do Rio Grande do Norte, professora Fátima Bezerra, assinou nesta terça-feira (21) um memorando de Entendimento (MoU) com a empresa EV Brasil Consultoria Ltda, representante brasileira da empresa suíça Energy Vault SA, para o desenvolvimento no estado de um projeto de armazenamento verde gravitacional de energia em larga escala e de longa duração. O ato decorreu de uma aproximação entre o Governo do Estado, por meio da Secretaria de Desenvolvimento Econômico (Sedec) e a embaixada do Brasil na Dinamarca.
A solução da Energy Vault foi vencedora do Prêmio “Pioneiros de Tecnologia 2020” do Fórum Econômico Mundial (Davos) e tem entre seus sócios a Saudi Aramco Energy Ventures, a cimenteira mexicana Cemex e o japonês Softbank. A tecnologia que a empresa pretende trazer para o RN já foi testada na Suíça e utiliza blocos de concreto empilhados em torres de até 120 metros de altura para armazenar energia potencial gravitacional. O plano é associar o projeto à produção de hidrogênio verde, que poderá ser viabilizada no estado nos próximos anos graças à abertura do mercado eólico offshore.
“O Rio Grande do Norte continua liderando o ranking nacional de produção de energia eólica e agora está assumindo mais uma posição de vanguarda, tornando-se o primeiro estado do Brasil e um dos primeiros da América Latina a adotar novas soluções tecnológicas no que diz respeito ao armazenamento da energia em larga escala” disse a governadora Fátima Bezerra, que ressaltou também que o projeto vai colaborar com o desenvolvimento da cadeia produtiva de energias renováveis, em especial o mercado eólico offshore, e produção de Hidrogênio Verde no estado.
Fátima Bezerra ressaltou ainda a importância da adoção de novas tecnologias para a segurança energética no país. “Estamos vivendo tempos difíceis num país com um potencial como o Brasil, ameaçado hoje até de apagão e crise no sistema elétrico. Então é mais um motivo para a gente valorizar e celebrar o momento que estamos vivendo hoje”, declarou.
Mais energia sustentável
Os projetos de armazenamento verde gravitacional de energia da Energy Vault trarão consideráveis investimentos para o território estadual, em função de adotarem uma cadeia de suprimento localizada, que maximiza a criação de empregos locais ao longo de 8 a 10 meses de construção e montagem, proporcionando benefícios sociais adicionais, como treinamento da força de trabalho, aumento da renda das comunidades locais e consequente melhoria da qualidade de vida.
“Estou muito feliz e ciente do momento histórico que estamos vivendo. É um divisor de águas do ponto de vista tecnológico, pois é uma necessidade mundial, e do ponto de vista econômico, porque é uma nova economia que se inicia, uma economia descarbonizada, pela própria necessidade do planeta”, disse o secretário da Sedec, Jaime Calado.
“O mundo está num ponto de inflexão crítico na mudança em direção a uma ampla adoção de fontes renováveis de energia. A Energy Vault está acelerando essa transformação já que agora estamos passando a implementar projetos globalmente e promovendo nossa tecnologia para ajudar fornecedores de energia e clientes industriais a atingir, de forma mais econômica, suas metas de sustentabilidade e descarbonização”, disse o CEO mundial da Energy Vault, Robert Piconi, que participou remotamente da assinatura do MoU desde a Suíça.
O CEO da EV Brasil, João Fernandes, explicou que “as energias renováveis eólica e solar são eminentemente intermitentes e sua utilização massiva 24x7 requer o desenvolvimento de soluções de armazenamento que sejam confiáveis e flexíveis. Nossa solução da Energy Vault adota um projeto mais eficiente, durável e ambientalmente sustentável que outras opções, com eficiência de ciclo de 80 a 85%, vida útil superior a 35 anos, sem geração de resíduos químicos e sem degradação de sua capacidade de armazenamento ao longo do tempo”. O representante destacou um potencial da ordem de 400 MW a 600 MW em unidades de armazenamento de energia verde gravitacional até 2024 no Rio Grande do Norte.
Participaram também da reunião o secretário adjunto de Desenvolvimento Econômico, Silvio Torquato; a diretora-presidente da Potigás, Larissa Dantas; o diretor-presidente do Idema Leonlene Aguiar; a coordenadora do PAX, Ângela Paiva Cruz; o consultor da FIERN, José Bezerra; e o empresário Dirceu Simabucuru.
Sobre a EV Brasil
A EV Brasil é uma empresa voltada ao fornecimento de soluções na área de energias renováveis, especialmente geração eólica e solar, desde a estruturação de projetos, com atração e aporte de investimentos de fundos do exterior, assessoria técnica e regulatória para implantação, até o fornecimento de equipamentos de armazenamento de energia em larga escala e longa duração, baseados na tecnologia gravitacional verde da empresa suíça Energy Vault SA.
Com uma equipe gerencial composta de profissionais com mais de 35 anos de experiência na área de Energia no Brasil e no exterior, a EV Brasil atua colaborando na transição global para uma rede de energia resiliente e livre de carbono. A empresa participa ativamente no combate às mudanças climáticas com tecnologia verde e inovadora de armazenamento de energia, acelerando o deslocamento para um mundo realmente renovável.
RN: líder nacional na produção de energia renovável
O estado do RN segue como líder nacional na produção de energia renovável, contando com 194 parques em operação, 47 em construção e 79 já contratados. Somados todos os projetos, são 9,6 GW de potência, segundo os dados da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). Os empreendimentos em construção e contratados irão somar uma capacidade de 4,7 GW, fazendo com que o estado venha a ultrapassar os 10 GW em potência instalada nos próximos 4 anos.
O RN possui o maior fator de capacidade média anual para a instalação de usinas eólicas offshore no Brasil, com 61% e seu potencial para geração em plantas eólicas no mar é de 110 a 140 gigawatts.
Somente nos seis primeiros meses deste ano, o Governo do RN captou R$ 5.359 bilhões em investimentos contratados para a energia eólica no estado. Este valor representa 64% do total contratado em todo o ano de 2020 - cerca de R$ 8,3 bilhões – segundo a Aneel. As fontes eólica e solar totalizam mais de R$ 6,5 bilhões captados no primeiro semestre.
Além da atração de investimentos, foi realizado um convênio com o Instituto Senai de Inovação firmado para a produção do Atlas Eólico e Solar. Os equipamentos já instalados irão fornecer dados para qualquer parte do mundo durante 10 anos. O Atlas terá análises aprofundadas e dados consolidados das campanhas de medição; o lançamento do produto está previsto para o primeiro trimestre de 2021.
Para a coleta de dados que irão subsidiar o Atlas, foram instaladas 7 estações solarimétricas, sendo seis em solo, nos municípios de Mossoró, Lajes, Nova Cruz, Santa Cruz, Jandaíra e Pau dos Ferros, e uma no mar, Terminal Salineiro de Areia Branca Luís Fausto de Medeiros, conhecido como Porto-Ilha (esta última também para medir o vento offshore). O projeto prevê ainda uma torre anemométrica de 170 metros de altura, com previsão de instalação em julho deste ano, em Jandaíra. O equipamento será o mais alto do país nesta categoria.