O médico Wilson Edino Freitas Jales, de 48 anos, negou, em juízo, ter matado a senhora Francisca Alves da Silva Oliveira, Dona Chica, e também negou que tenha tentado matar o senhor Raimundo Nonato de Oliveira, no dia 9 de janeiro de 2019, em Patu-RN. Ele acusou o outro réu, Leonardo Rodrigues do Nascimento de ter cometido o crime. Disse que está sendo acusado por questões políticas.
O julgamento está acontecendo no Fórum Municipal Desembargador Silveira Martins, em Mossoró, pelo fato da Comarca de Patu ou Umarizal não reunir condições de segurança jurídica para que o julgamento popular fosse realizado. O réu e a família é muito poderosa na região. Neste caso, foi desaforado para Mossoró-RN.
Nesta terça-feira, 8, deveria está sendo julgado, além do médico Wilson Jales, também Leonardo Rodrigues do Nascimento, como co-autor do assassinato de Dona Chica e também pela tentativa de homicídio contra Raimundo Nonato. Entretanto, não foi tecnicamente possível julgar os dois juntos e Leonardo ficou para ser julgado em outra ocasião.
O julgamento começou de 9 horas, com juiz Wagnos Kelly sorteando o Conselho de Sentença. A defesa havia convocado 5 testemunhas a favor do médico e a acusação havia convocado a vítima Raimundo Nonato (viúvo de Dona Chica) e o delegado Sandro Régis, que na época do crime era lotado no comando da Delegacia Regional de Patu.
Após aberto os trabalhos, a defesa dispensou as 5 testemunhas e o juiz Wagnos Kelly, deu prosseguimento aos trabalhos com a oitiva das duas testemunhas de acusação. Raimundo Nonato confirmou sua versão na Polícia e o delegado Sandro Régis detalhou, com precisão, como ocorreu o crime e como a Policia prendeu os 4 suspeitos, entre eles o médico Wilson Jales.
Na denuncia formulada pelo MP, a única explicação para os quatro matar a senhora Dona Chica e tentar matar Seu Raimundo Nonato, que caminhava as margens da RN 078, quando foram atacados, é o puro sadismo para ver uma pessoa morrendo. Após o crime, os assassinos foram comprar drogas em Rafael Godeiro e em seguida beber num bar em Patu.
Ainda em seu depoimento, respondendo perguntas do juiz Wagnos Kelly, o médico Wilson Jales confessou que era usuário de drogas (cocaína), que havia sido viciado em drogas por colegas médico, que no dia do ocorrido teve uma recaída, que havia bebido muito, usado muita droga, passado num bar de drinques em Governador, que no momento do ocorrido dormia no banco de trás do carro.
Segundo ele, Israel Franco de Oliveira, que já foi assassinado, estava dirigindo camioneta de sua propriedade. Disse que só entregou para ele dirigir, porque ele assegurou que tinha carteira de motorista, e que Júlio Ricardo Neto estava no banco traseiro da camioneta junto com ele. Afirmou ainda que após o ocorrido, foi avisado por Júlio do ocorrido e ele teria assumido o volante do carro, antes da cidade de Rafael Godeiro.
Disse que lá compraram mais drogas e seguiram para outro ponto de drogas, um bar em Patu. Disse que lá pediu que Leonardo, quem ele acusa do crime, fosse dormir e ele teria saído com a dona do bar para se entregar na Delegacia e no Companhia da PM, mas que não encontrou nenhum policial para relatar os fatos.
Esta é a primeira vez que Wilson Jales fala no processo. Ele explicou que das outras vezes ele era sempre o último a ser ouvido e, portanto, se recusou a falar. O que ficou parecendo, conforme advogados que estavam assistindo ao juri, é que Wilson Jales montou uma história, para acusar dos crimes, exatamente aquele que lhe acusa, Leonardo Rodrigues.
O julgamento deve ser concluído até metade da tarde desta terça-feira, 8.
Contrariando o depoimento de Wilson Jales, o delegado Sandro Régis narrou os fatos com riqueza de detalhes.