O mossoroense Khlisto Sanderson Ibiapino de Albuquerque, de 34 anos, preso no sábado (16) Paraipaba, no interior do Ceará, por suspeita de exercício ilegal da medicina, também atuava como médico no Rio Grande do Norte.
Nesta quarta-feira (20), por meio de nota, a Prefeitura de Triunfo confirmou que o falso médico atuou no Hospital Maternidade Etelvina Vieira de Melo, onde cobria plantões de colegas efetivos da unidade.
“Reiteramos que fomos vítimas da má índole e caráter do indivíduo, assim como todos os outros municípios em que este atendeu”, disse a nota.
A informação sobre a atuação de Khlisto Sanderson na unidade de saúde do município potiguar surgiu após a filha de um paciente, que morreu na unidade vítima da covid-19, em 2021, ter exposto em suas redes sociais que o pai dela foi atendido pelo falso médico.
Ao Mossoró Hoje, a jovem afirmou que o pai dela deu entrada no hospital se sentindo cansado e que o Khlisto teria atendido, afirmado que se tratava de uma simples gripe e o medicou para tal doença. O homem passou 5 dias internado e acabou falecendo.
A mulher ainda afirma ter certeza sobre o atendimento por parte do falso médico por estar com o pai durante a consulta. Ela questiona se o pai realmente morreu de covid ou se o óbito teria sido provocado pelo atendimento por parte de uma pessoa despreparada para tal função.
O município, por sua vez, afirma que o paciente foi submetido a teste de covid, cujo resultado deu positivo, recebeu todo o tratamento disponível para a doença até aquele momento e que, no dia do óbito, o falso médico, sequer, se encontrava na unidade.
“Repudiamos informações distorcidas expostas na mídias, bem como os veículos de notícias que reproduzem o conteúdo sem consultar os órgãos pertinentes”, diz a prefeitura em nota.
Khlisto Sanderson, que é soldado da Polícia Militar do Ceará e está afastado para tratamento de problemas psicológicos, já foi investigado pela morte da universitária Ana Clara, em 2019, ocorrida um hotel no município de Apodi, porém acabou inocentado por falta de provas.
O MOSSORÓ HOJE também procurou o Conselho Regional de Medicina do Rio Grande do Norte para saber se este tinha conhecimento dos fatos recém expostos.
O CRM/RN confirmou que tomou conhecimento da situação e que o falso médico atuava utilizando o carimbo com CRM de um profissional potiguar, com registro ativo no Conselho.
O Conselho emitiu uma nota de repúdio sobre o caso. Confira abaixo:
NOTA DE REPÚDIO
O Conselho Regional de Medicina do Rio Grande do Norte - CREMERN vem a público repudiar veementemente a atuação do falso médico que exercia ilegalmente a profissão em um hospital no Ceará, no município de Paraibapa, utilizado o carimbo com CRM de um profissional potiguar, com registro ativo no Conselho. O CREMERN está atento a este tipo de prática, se colocando à disposição dos profissionais e da sociedade.
Além disso, o Conselho alerta sobre a importância de formalizar denúncias contra a prática do charlatanismo. Qualquer profissional ou cidadão, que souber de algum ato como esse poderá encaminhar a denúncia diretamente ao Ministério Público (MP) ou à Polícia. No caso em questão, como não se trata de um profissional médico devidamente inscrito, não será passível abertura de sindicância.
O Conselho Regional de Medicina do Rio Grande do Norte - CREMERN apoia irrestritamente a ação da Polícia Civil, e repudia práticas ilegais como as do falso médico, por charlatanismo ou exercício ilegal da profissão, uma vez que esse tipo de atuação coloca em risco a saúde e o bem-estar da sociedade.